01. Prólogo.

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JUNGKOOK


Durante meus dezessete anos, estive preso naquela enorme casa por decisão dos meus pais. Eles sempre reforçavam que o melhor para mim era prosseguir meus estudos com professores particulares, aos quais eles faziam questão de pagar para ir até lá. Por esse motivo, nunca se passou pela minha mente a possibilidade de ter mais liberdade tão cedo.

Sempre me questionei o motivo deles me prenderem tanto, mas nunca consegui pensar em uma razão plausível o suficiente. Nunca entendi de fato. As explicações que eles davam era sempre superficiais. E não se limitavam apenas aos meus estudos, mas sim em qualquer aspecto da minha vida. Acho que posso contar nos dedos as poucas vezes em que sai de casa, já que na grande maioria das vezes era somente por motivos muito necessários.

Apesar de acreditar que meus pais não desistiriam dessa situação, fui surpreendido, e cá estou eu, dentro de um dos carros deles, observando as ruas do Canadá pela janela, a caminho do colégio interno onde irei estudar a partir de agora.

Eles sempre foram muito distantes, isso é fato. Constantemente fazem viagens e mais viagens a trabalho e, quando não estão trabalhando, estão simplesmente de férias. No entanto, mesmo passando tanto tempo longe de mim, na maioria das vezes eles não me levam junto nem mesmo a essas tais viagens de férias. Passo meus dias trancado em um casarão enorme, onde, em grande parte do tempo, sou apenas eu e os funcionários contratadas para trabalhar lá. Mesmo assim, tudo é tão silencioso e solitário... Sempre senti muita falta da presença dos meus pais. Claro que eu queria tê-los por perto.

Nas reuniões escolares, quando ainda era pequeno e frequentava o jardim de infância por um curto período de tempo, eu via todos os alunos sendo acompanhado por seus pais. Mas eu estava lá sempre sozinho, pois eles raramente compareciam a essas reuniões. Se eles chegaram a aparecer em algum momento, foram no máximo duas vezes.

Eu observava a imagem daqueles alunos sendo acompanhados por seus pais, enquanto ansiava por um abraço e um olhar orgulhoso, seguido por palavras carinhosas sobre o quão bem eu estava me saindo. Esperava por conselhos naquele momento crucial que havia iniciado na vida daquele garoto de cinco anos, mas não foi o que recebi, pois em poucos dias após o início das aulas, passei a estudar em casa por decisão deles.

O problema não era estar estudando em casa, mas sim a solidão que gradualmente se instalava em meu peito desde muito cedo. O problema era a falta de alguém ao meu lado para me guiar, o problema era não me permitirem viver como qualquer outra pessoa. Embora eu tenha uma boa casa para morar, boas roupas para vestir e fartura para comer todos os dias, ainda assim me sinto vazio, como se houvesse um buraco negro no âmago de minha existência, consumindo-me aos poucos diariamente. A única coisa que realmente desejo, com toda minha alma, é algo nunca tive verdadeiramente: liberdade e, principalmente, a presença e o amor dos meus pais.

Não preciso de mais presentes trazidos de suas viagens e desculpas esfarrapadas. Preciso deles, de suas presenças, do calor de um abraço em um dia frio e solitário, de uma conversa tranquila sobre como foi meu dia ou apenas um cumprimento matinal. Mas eles nunca estiveram lá para perceber, nunca se preocuparam em descobrir o que eu realmente precisava.

Por esse motivo, quando recebi a noticia repentina de que iriam me matricular em um colégio interno, não encarei isso como algo ruim ou assustador. Na verdade, uma chama de esperança surgiu dentro de mim. Pela primeira vez, senti que pudesse ter a oportunidade de respirar novos ares, fazer amizades e encontrar uma verdadeira conexão que meus pais nunca foram capazes de proporcionar. Claro, no começo, estranhei a notícia repentina e até tive um pouco de medo, já que tinha apenas frequentado a escola quando tinha cinco anos. Mas depois, parei para pensar melhor e não me pareceu tão amedrontador; na verdade, parecia bom.

My Roommate {pjm+jjk}Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin