Memórias Fragmentadas

CAPÍTULO 2

Capítulo prometido de hoje dedicado a AdriellyPereira045 , minha primeira leitora.❤️

Ethan

Hoje faz exatamente dois anos que acordei em uma cama de hospital sem saber quem eu era, de onde vim, com o peito e tronco cheio de cortes e pedaços de vidro, joelho deslocado, cortes na cabeça, hematomas no rosto e em diversas partes do corpo.

O que deixou os médicos e a mim mais encabulados foi o fato de não ter sofrido nem um trauma físico realmente sério na cabeça e ter perdido a memória. Já a psicóloga falou que isso foi uma forma que o cérebro encontrou de me poupar de lembranças traumáticas que eu passei.

Suspiro cansado, nem mesmo os policiais foram capazes de me ajudar a encontrar alguma pista de onde vim, já que eu não lembrava nem meu nome direito e pelas informações que eu dei não acharam alguém me procurando.

Os primeiros meses depois de despertar e sair do hospital foram horríveis, não tinha para onde ir, não conhecia ninguém e por não ter documentos e não ter experiência (não que eu me lembre) em alguma área, não consegui um emprego, ou seja, acabei me tornando um morador de rua. Depois de passar muita fome e frio, aguentar chuvas descobri um abrigo que tinha leitos disponíveis esporadicamente e oferecia comida somente no jantar, o que me ajudou bastante.

No entanto, na maioria das vezes todos os leitos estavam ocupados o que me obrigou a construir um pequeno abrigo em um bêco com um pedaço velho de eternit e caixas de papelão que encharcavam com a chuva, mas me protegiam um pouco do frio. Pra ganhar um pouco de dinheiro para comprar o almoço eu passei a recolher latinhas e lixo para vender, apesar de não dar muito dinheiro eu conseguia não passar tanta fome, mas isso não me impediu de emagrecer muito.

Coloco o capuz do meu moletom velho e observo os carros passando sentado em uma caixa velha.

Hoje faz exatamente 24 dias que eu a vi pela primeira vez sentado nesse lugar esperando a hora de ir recolher o lixo , fecho os olhos me lembrando, ela é linda, tem os cabelos longos e castanhos um pouco acima da bunda, um rosto com contornos suaves, não consegui ver direito a cor de seus olhos, porém parecem ser escuros como o cabelo e sempre parece séria e pensando em algo distante, tem um corpo com poucas curvas que na minha opinião é perfeito e baixinha, desconfio que deve ficar na altura do meu ombro já que tenho 1,80.

Não era a minha intenção, mas depois que a vi não consegui mais me controlar, sempre sigo ela a distância. Descobri que trabalha no hospital um dia sim e um não. Por isso, todos os dias "levo" ela no hospital, trabalho e volto seguindo ela, já que sai tarde do serviço. Pelo menos tento acreditar que estou cuidando dela e não a seguindo como um louco.

Como hoje não é um dia em que ela trabalha, passo a mão pela barba que não tiro faz um tempo e sigo meu caminho para o serviço.

Depois de um dia de trabalho relativamente produtivo e de tomar um banho em um posto de gasolina e comer no abrigo, sigo para o lugar em que durmo a maioria da noites. Escuto um barulho de trovão e sinto o vento fresco. Olho para as nuvens carregadas e começa a garoar, maravilha penso com ironia, hoje seria uma longa noite fria e molhada.

Quando falta somente uma quadra vejo o contorno de um silhueta que conheço muito bem, meu anjo e logo atrás um cara que já encheu minha paciência uma porção de vezes e como eu suspeitava, meu sangue gela quando ele tira uma faca do bolso e parece leva- lá ao pescoço do meu anjo. Não penso duas vezes e me movo sorrateiramente até chegar a uma boa distância deles, pelo menos para isso me serviu esses dois anos morando nas ruas, com o tempo você aprende a não ser visto para evitar brigas desnecessárias.