Naquela remota cidade da Escócia todos sabem que a senhorita Kedard é uma mulher bela, arrogante e interesseira, capaz de fazer qualquer coisa para conseguir um casamento vantajoso.
Mas... alguém realmente conhece Missy Kedard? Alguém sabe qua...
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-- Ian Mackenzie está aqui? -- pergunto assustada.
-- Sim, senhorita Missy.
-- E o que diabos ele faz aqui?
-- Como eu poderia saber, senhorita? Apenas sei que ele não vai arredar o pé até que não a veja. Por um momento ele pensou que não quisesse recebê-lo e logo disse que não sairia daqui até que lhe falasse.
Me falasse o que? Veio pegar o dinheiro que me deu a mais, sem dúvidas. Não fora generosidade, fora um engano. Essa é a única explicação.
-- Onde ele está, Agnes?
-- Na biblioteca, senhorita.
Sigo até lá, com um misto de ansiedade e medo. Ora, porque ele fez uma viagem dessas para buscar essas poucas moedas que me deu a mais, quando certamente aquilo nem lhe fará falta? Chego no cômodo que está com as portas abertas e o vejo ali, sentado confortavelmente no sofá, uma perna distraidamente dobrada sobre a outra e um livro repousado sobre ela. A luz do entardecer entra pelas janelas atrás dele, o banhando em dourado, destacando os reflexos vermelhos de seu cabelo castanho. Apesar de tudo, Ian Mackenzie é um belo homem, isso ninguém pode negar.
-- Perdoe-me tê-lo feito esperar, senhor.
Entro na sala e ele para a leitura fechando o livro, em seguida se levanta para me cumprimentar e ao me ver, estanca, com uma expressão de assombro no rosto.
-- O que fizeram a você? -- ele pergunta, numa voz baixa e tensa.
Imediatamente levo a mão ao ferimento no lado esquerdo de meu rosto. Depois de minha tarde preguiçosa eu havia esquecido completamente daquilo. Tento disfarçar virando levemente de lado para esconder a face machucada.
-- Não foi nada. -- minto.
Ian não aceita aquilo e vem até mim, puxando minha mão para que possa ver meu rosto de perto.
-- Quem a atacou assim? -- ele insiste novamente soando… preocupado?
-- Um rato que não quis sair da minha casa quando eu o expulsei. -- respondo tentando esboçar um sorriso, mas sinto uma ardência nos olhos e me esforço para segurar as lágrimas.
Por um momento ele não fala nada, apenas me olha detalhadamente, com uma expressão indignada e um pouco raivosa. Fico tão intimidada pela nossa proximidade, e envergonhada por tamanho escrutínio de seu olhar que me desvencilho de sua pegada e dou um passo para trás, colocando alguma distância entre nós.
-- Não fique chocado, senhor. Lhe asseguro que o rato saiu daqui em piores condições. Agora, diga-me por favor o motivo dessa visita. Eu imagino que tenha vindo buscar as moedas sobressalentes que me deu por engano aquele dia.
Ian me olha confuso e leva algum tempo para responder.
-- Não, de forma alguma. Eu sabia exatamente quanto havia naquela bolsa.