Prólogo

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                                              Salão de Festas da Srta. Brauss, Paris - 1825

Era meia-noite, e na décima batida todos se viraram, ansiosos, para a entrada principal do salão de baile, o burburinho começou a arrefecer e até mesmo os músicos pararam de tocar para observar a súbita mudança no ambiente. Com a décima primeira batida, o salão mergulhou num silêncio profundo como a própria morte.

Prendendo a respiração, Eren também se obrigou a olhar para a entrada, e por um momento sentiu que seu coração era o único a bater ali, suspirou pesadamente quando o viu, não sabia se era de alívio ou de pesar.

Lá, parado na grande entrada, sombrio e imponente estava o pior dos piores. 

Se sucedeu uma longa pausa, bem adequada à entrada dramática à meia-noite, todos olhavam ao convidado mais esperado da noite. E fazendo jus a sua reputação de Príncipe das Mentiras, Levi, que trajava um terno preto imaculado, estava estático observando-os desde a porta com sua pior face de nojo. A camisa de linho branco aparecia ao redor dos punhos e na gola, descendo para cobrir o peito.

Embora Eren estivesse no fundo do salão, não teve dúvidas de que o olhar sombrio que passava por entre os convidados brilhando em desprezo buscava por si, e apesar de todos ali, aquele homem vulgar lhe encontrou, e sua boca inclemente se curvou num sorriso sutil de deboche.

A lembrança do que aquela boca depravada fizera com ele uma semana antes, levou uma onda de calor a percorrer seu corpo, Eren disse a si mesmo que não se importava, estava sem humor e tudo que iria fazer seria descobrir o jogo do marquês e jogá-lo de acordo com suas regras. Esperava apenas que as regras estivessem dentro do limite civilizado.





                                     Tréveris, Renância-Palatinato, Alemanha - Meses antes 

Hange tomava seu rotineiro chá da tarde, enquanto escutava o barulho que o vento fazia do lado de fora da casa, provavelmente seria uma noite agitada. Seu pensamento se mostrou certo quando Eren entrou como um furacão pela sala segurando uma carta, exasperado e bufando em todas as direções.

- Hange, você não vai acreditar na carta que recebi do Armin!

- Ora, Eren, sente-se primeiro. - Apontou para a cadeira ao seu lado. - Tome um chá comigo. Vamos.

- Mas Hange, é sobre o...

- Por Deus, Eren, acalme-se, vamos, respire, está parecendo um cavalo desse jeito. Contenha-se, por favor. - Ela pousou sua xícara no pires com majestosidade, e começou a passar geleia em uma torrada, revirando os olhos para o rapaz.

- Exatamente! Tem a ver com aquele maldito cavalo!

Hange arqueou a sobrancelha, permaneceu confusa, até lembrar-se de que provavelmente não estavam falando do animal, senão do humano que era dono daquele apelido extremamente carinhoso.

- Jean? - Viu-o acenar com a cabeça em concordância, ela afundou-se na cadeira já imaginando que aquela conversa lhe traria grande mau-humor. - O que aquele palerma fez agora?

- Desta vez parece ser algo sério, temos que ir para a França. Armin está a ponto de largá-lo e sabemos muito bem que Jean não sobreviveria sem ele... não sem entrar em falência.

Hange suspirou ressentida, analisou as opções, e engoliu em seco ao concluir que não havia outra solução, senão ir à Paris. Não sabia se estava pronta para voltar a sua cidade natal, não depois de tudo o que havia acontecido há 26 anos, antes mesmo de ter Eren em seus braços, quando ainda era uma senhorita, não uma solteirona que beirava os quarenta e cinco.

Não se arrependia de ter abandonado sua rotina em Paris com um bebê que não era seu, às novas terras do estrangeiro. 

As lembranças daquele lugar eram amargas, e seu peito doía sempre que recordava-se da Carla, do Jean e daquela casa em Rue de Provence.

Olhou para Eren, céus, ele se parecia tanto à mãe... e também ao canalha do pai.

Seus lábios se curvaram, sentindo o gosto azedo do passado. Lembrava-se de Armin, o molecote que haviam conhecido na Inglaterra, quando ela e Eren estavam de passagem pelo país. Por causa do loiro, decidiram estender a viagem, foi a essa altura que Eren aprendeu inglês - pois até então, só se comunicavam em francês ou alemão.

A amizade entre os três se fortaleceu com o passar das semanas, e então a viagem se estendeu a meses, e quando menos perceberam, já estavam na Inglaterra fazia um ano. Armin comentava sobre ir viver em outro lado e Hange lhe disse que tinha um velho conhecido em Paris, na época parecia um bom plano, então o loiro logo aceitou de bom grado a oferta. Quando ele se foi rumo à França, ela e Eren também voltaram à Prússia, com a promessa de trocar cartas sempre que pudessem.

E fazia muito tempo que Armin se encontrava sob a "proteção" de Jean. Armin, com o conhecimento que tinha agora, certamente teria rejeitado a ideia se soubesse que mais bem seria babá de um cretino sem bom senso.

- Vamos salvar o pobre Armin das peripécias do Jean. - Hange respirou longamente. - Eren, prepare suas malas, partiremos ao alvorecer.

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Ok galera, quero deixar claro logo de início que esta estória é uma readaptação do livro O Príncipe dos Canalhas, mas eu mudei bastante o roteiro, até porque não podemos ignorar as personalidades já existentes dos personagens de Attack on Titan.

Então pra quem já leu o livro, fiquem tranquilos porque não será a mesma coisa, não vou mudar só os nomes dos protagonista e dizer que "criei uma estória", eu adaptei, só isso. Espero que entendam.

Não foi um ctrl+c, ctrl+v. 

Quem quiser dar uma conferida na autora original do livro, ela se chama Loretta Chase.

Ps: o livro original é um romance hétero, esse aqui é yaoi.

Ps.2: espero que gostem kk.

Obrigada, bye bye.

El Príncipe de las MentirasWhere stories live. Discover now