Prelúdio

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You know the problem with history

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You know the problem with history

It keeps coming back like weed.

🎶Marina, Weeds.*

FLASHES. LUZES ARTIFICIAIS. OLHOS ATENTOS.

O salão estava lotado. Todas as mesas estavam ocupadas e as pessoas se serviam da mais cara comida e bebida, enquanto assuntos fúteis - ou nem tanto - eram lançados ao ar como dados em uma roleta em movimento contínuo, informações absorvidas aos minuciosos detalhes apenas pelos funcionários circulando ao redor e tidos como invisíveis para os hóspedes.

Aquilo, com certeza, seria motivo de fofocas mais tarde, no final do expediente.

Era noite de sexta-feira, e isso só podia significar uma coisa naquele hotel, naquela cidade: ela irá cantar.

Não, cantar seria uma denominação muito simples para a forma como ela encantava, os agraciava com sua magnífica, doce e melancólica voz todas as noites do final de semana.

Destiny, como gostava de ser referida, era a atração daquele hotel. Atração do tipo que fazia os hóspedes preferirem ficar nas dependências do que irem à qualquer outro bar ou explorar a cidade litorânea à noite; atração do tipo que fazia o Hotel Moonchild aparecer em capas de jornais e permanecer vivo e ardente na memória das pessoas; atração do tipo que fazia até mesmo os habitantes desejarem se hospedar por pelo menos um dia para vê-la.

Todos eram fascinados pela joia rara e, até então, sem passado.

Sim, sem passado.

Ninguém sabia o que havia por trás da elegância apresentada em forma de mulher, que subia no palco todas as noites do final de semana para mostrar do que era capaz. As infames histórias corriam pelas ruas e becos estreitos da cidade, mas a versão mais próxima da veracidade foi espalhada por um dos funcionários do Hotel Moonchild. Nela, Destiny era retratada como uma jovem de beleza oculta por trás do rosto e cabelos sujos, trajando roupas simples e maltrapilhas, que bateu na imponente porta da frente em busca de um emprego. Algo que, por si só, já era suficiente para arrancar suspiros dos ouvidos curiosos. Empregados - ou, no caso, pessoas em busca de trabalho - não batiam na porta da frente do império construído por Niklaus Kim.

Era nessa história que a maioria acreditava, embora não houvesse nenhuma confirmação por parte dela.

Destiny não falava de seu passado; sequer parecia gostar dele. Mas o seu chefe, Niklaus Kim, não se importava com suas origens. Contanto que os lucros permanecessem altos e a jovem continuasse brilhando cada vez mais vívida para seu público, tudo estava na mais perfeita conformidade.

Por falar nele, lá estava o dono desse império.

Niklaus subiu no palco e cumprimentou a casa cheia, em sua maioria ocupada pelo público masculino. Então, em breves palavras, anunciou a entrada de Destiny.

Era o suficiente para o salão irromper em ovações e êxtase. Aí vinha a joia rara; tão frágil, preciosa e intocável que o mínimo movimento brusco seria capaz de quebrá-la. Era assim que eles pensavam.

Destiny tornou-se visível perante a luz forte e amarelada dos dois holofotes, diante de um microfone feito para ecoar seu canto hipnotizante. Em todo seu esplendor e luxúria, ela trajava um vestido que contornava suas curvas em um oceano negro até o chão, onde o tecido esvoaçante vinha se arrastando nas ondas dos seus passos. O tom do tecido contrastava e se entremeava com pele branca, de um tom pálido, que escapava dos seus braços magros e pernas longas expostas pelas fendas e detalhes. Seus cabelos, longos e loiros, caíam em cascata pelo ombro direito e costas, em um contraste perfeito com a cor forte e sedutora do vestido.

Os lábios vermelhos eram sua marca registrada, assim como as luvas que sempre a acompanhavam - esta noite, elas eram pretas com detalhes dourados adornando o tecido que traçava um caminho até o seu antebraço. A maquiagem ressaltando os olhos grandes e a pintinha artificial embaixo de um deles jamais perdia a graça, ainda mais hoje, quando o chapéu que optou por usar esconde parcialmente suas feições.

Ela era uma visão agradável, plausível. Mesmo que sua voz não fosse a mais encantadora, Destiny não fora feita para trabalhar como camareira - sua profissão inicial, como espalhavam pelos cantos, ao entrar no hotel. As pessoas deviam ser gratas a Niklaus Kim por descobrir a joia rara escondida por trás do uniforme antiquado e coque apertado atrás da cabeça.

Teria sido um desperdício passar sua juventude dessa forma.

Surpreendentemente, Destiny, pela primeira vez em dois anos, hesitou. Todos notaram quando seus lábios vermelhos se abriram diante do microfone e as palavras não saíram. Foi breve, mas perceptível. Quem estivesse mais perto poderia ver seu lábio inferior tremer.

Mas, apesar do choque, enfim, ela começou a cantar, sem fazer menção de cumprimentar a todos ou sorrir de maneira constrangida para a plateia levemente surpresa. Ela não precisava disso. Sua voz era as "boas-vindas" perfeita.

Entretanto, além da hesitação, havia algo diferente nela hoje. Continuava impecável, de fato, mas o que os admiradores de Destiny não conseguiram notar, além daquela névoa de excitação que ela os envolvia, foi o quanto a melodia cantada saía de forma mais pessoal e íntima por seus lábios estreitos e avermelhados. Poderia ser apenas mais uma música bem interpretada de seu repertório intocável. Mas não, não era. Porque mais distante naquele salão, próximo à saída - ponto de foco da nossa preciosa artista -, estava ele.

Segurando uma taça parcialmente preenchida pelo melhor vinho da casa, usando um terno caro feito sob medida e sustentando uma postura séria e indecifrável, Destiny discretamente dedicava toda sua dor e melancolia a ele, mesmo quando a cantora sabia que os jornais fomentavam um romance entre ela e seu chefe e companheiro, Niklaus. Um romance que não era, em sua completude, falso. Ela sabia, no entanto, enquanto eles apenas especulavam.

Mas era inevitável. Ela não esperava encontrá-lo novamente, e aquilo conseguiu abalar até mesmo a sua tão bem construída postura firme e indiferente.

Destiny continuou, agradando e atingindo as expectativas daqueles que estavam ali apenas para vê-la. E quando, em um momento extremamente oportuno da música, Destiny, carregada com seus sentimentos mais profundos, disse:

"Vou te contar uma coisa sobre minha história."

Era possível notar que sua mente a transportava para outro lugar, um passado remoto que ela tanto procura esquecer.

»🎙️«

*Tradução:

"Você sabe que o problema com a história

É que ela continua voltando como uma erva daninha."

Espero que tenham gostado, de verdade! Não se esqueçam de votar e comentar, por favorzinho »🥰«

Beijos da Blue e até o próximo capítulo »💙«

DESTINY | Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora