Prólogo

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Há dez minutos atrás eu era Madison Evans. Uma garota cujo o pai era um desconhecido e a mãe era uma viciada em trabalho e namorava um homem por mês. A vida na minha casa era um inferno. Como Maddie, eu odiava tudo. Minha escola, minha casa, minha mãe, os homens que apareciam no quarto dela, minha cidade... Por isso eu sempre passava minhas tardes na casa ao lado. Donatella, minha vizinha, era a única que mostrava ter um carinho por mim. Todos os meus momentos felizes foram proporcionados por ela. Uma senhora solitária, assim como eu. Talvez fosse por isso que tivéssemos uma conexão.

Hoje me encontrei em uma situação complicada. Uma mulher encurralada por dois homens. Depois de pensar sobre minhas decisões, decidi que não poderia deixá-la sem uma ajuda. E foi assim que eu me encontrei fugindo pelas ruas e atravessando em uma avenida bastante movimentada sem olhar para os dois lados.

Como disse antes, há dez minutos atrás eu era Madison Evans, correndo pelas ruas da minha cidade. No entanto, um clarão cegou a minha visão e tudo a minha volta mudou. Meu corpo estava pequeno e parecia melado por algo, me fazendo sentir muito nojo. Eu não conseguia controlar o meu corpo e muito menos o choro, que sem nenhuma explicação saia de mim.

Se você me perguntar o que aconteceu, o que foi aquela luz branca, eu te responderia com as mesmas perguntas. Não faço ideia de como ou o que aconteceu, mas eu estava em um outro lugar, com outras pessoas e não tinha poder sobre o meu próprio corpo.

Quando consegui abri os olhos, pude entender melhor a situação. Por mais louco que pareça, eu estava em um corpo de um bebê, sendo segurada por uma mulher. E para piorar, a mulher não me chamava de Madison, e sim de Manon.

Depois de duas semanas nesse universo louco, eu pude juntas algumas teorias sobre aquele dia:

1) Eu fui abduzida e os alienígenas me levaram para o mundo deles;

2) Fui sequestrada, me colocaram dentro de uma matrix e estão agora testando o meu cérebro;

3) Eu caí, bati a cabeça, estou em coma e tudo isso não passa de um sonho;

4) Eu morri e renasci em outro corpo.

A última eu criei graças a história que Dona me contou uma vez. Era sobre um menino que havia reencarnado e se lembrava da sua vida passada.

Eu já entrei em pânico, chorei, tive crises de ansiedade e nada ajudou na situação atual. De qualquer jeito eu tenho poucas esperanças de sair daqui um dia. Pelo menos, não do jeito em que eu estou agora. Estar em um corpo de bebê não me dá muitas vantagens no momento.

Bebês não falam, não andam, não conseguem nem mexer o corpo voluntariamente. Mesmo que a minha mente saiba como fazer tudo isso, meu corpo me limita e não me deixa fazer o que eu quero. Às vezes eu começo a chorar sem nem querer.

Porém, eu também não posso reclamar muito. Posso ficar dormindo o dia inteiro e quando estou com fome e só começar a berrar que minha mãe vem para me alimentar.

Nesta vida, meus pais parecem realmente me amar (outro ponto positivo para este mundo). Minha mãe, Gianna Valentine, era a mulher mais carinhosa atenciosa que já conheci. Era só eu fazer o mínimo dos barulhos que ela vinha me acolher em seus braços. Já meu pai, Dominic Valentine, era daqueles muito inteligentes, que se esforçava no trabalho (não como minha antiga mãe). O pior deles era quando começavam a falar com voz de bebê para mim. Mas eu não podia culpar muito eles, já que eu era um bebê. Os dois também adoravam fazer caretas para mim. Eu admito que, mesmo sendo ridículo, era um pouco engraçado e eu dava umas risadinhas para agradar eles.

Com o passar do tempo, fui descobrindo mais coisas sobre esse mundo. Era fevereiro, de 1980. Sendo assim eu nasci em dezembro de 1979. O que era estranho, pois isso era anos atrás do ano em que eu nasci como Madison. Outra coisa entranha era alguns objetos que se encontravam pela casa. Objetos que até agora pareciam ter saído de um mundo mágico. No momento eu apenas deduzi que meus pais devem ser grandes fãs de histórias de magia ou algo assim. Me lembravam muito das histórias de Harry Potter, mas descartei a possibilidade porque a saga só é para ser escrita daqui a alguns anos.

Um dia eu vi minha mãe fazer um feitiço para que os utensílios da cozinha começassem a cozinhar sozinhos. É claro que isso deve ter sido fruto da minha imaginação como um bebê. Crianças veem coisas todo hora e possuem uma imaginação inquestionável, não é?

NÃO! Não pode ser possível! Esse mundo não existe! Bruxos, magia, Hogwarts... Harry Potter! Isso não podia existir! Isso tudo foi criado pela mente de J. K. Rowling, é um mundo fictício. No entanto, meus pais pareciam realmente felizes quando comemoravam a queda de Lorde das Trevas, derrotado por ninguém menos que Harry Potter. Como era possível? Eu? Dentro do universo mágico de Rowling? Só pode ser brincadeira! Talvez eu, de fato, esteja sonhando com tudo isso.

Eu me recusei a acreditar nessa teoria completamente louca. Eu continuava vendo meus pais utilizando da magia, mas me convenci de era apenas a minha imaginação. Até que meus pais decidiram fazer uma festa de aniversário de um ano de vida para mim. As pessoas que vieram para festa conseguiram me convencer de que todos eles eram bruxos. O jeito que eles se vestiam, falavam, varinhas em mãos, fazendo feitiços toda hora e aparecendo na lareira através de um fogo verde. Eram, com toda certeza do mundo, bruxos. Minha imaginação não poderia ser tão grande.

Bom, se eu realmente estou dentro do universo de Harry Potter, o mínimo que posso fazer é evitar entrar no enredo da história. De acordo com o filme De Volta Para O Futuro (que eu assisti uma vez com Donna), se eu alterar um mínimo detalhe, eu posso alterar a história inteira, e de jeito nenhum eu quero que isso ocorra. Imagina se eu faço algo que influencie na morte de alguém? E não, não estou exagerando. Se chama efeito borboleta, tá?

IridescenteWhere stories live. Discover now