Yesul 예술

V - Paraíso e Armagedom

Taehyung estendeu a mão pedindo o post it para Hoseok, que não teve tempo para dizer nada – Jimin, como isso chegou até ele?!
– Tae, eu estava falando para eles que foi você quem escreveu...
– Você sabe o que eu acho sobre pessoas aleatórias lerem as minhas coisas!
– Taehyung, eles achavam que eu tinha escrito!
– Jimin realmente não teve culpa... – Hoseok tentou explicar calmamente enquanto Lalisa enrolou seu braço no dele, prestes a se desculpar por ter exposto o poema sem querer.
– Não me interessa! – Taehyung amassou o post it e o jogou no chão. Quando Jeongguk se aproximou perguntando o que estava acontecendo, ele saiu da sala, impassível.

Inferno. Agora ele vai achar que eu sou um surtado que da piti sem motivo. Mas é que esses poemas que eu escrevo dizem muito mais sobre mim do que qualquer outra coisa. Pode ser difícil de compreender, mas são como pedaços meus.

Taehyung realmente não estava irritado sem motivo. Jimin mais do que ninguém sabia o quanto custa para ele compartilhar aqueles poemas.

No início da amizade dos dois Taehyung já possuía esse hábito de escrever o tempo todo e sobre tudo o que o inspira momentaneamente, mas levou muito tempo até que escolhesse dividir esses poemas com ele.

O primeiro poema que compartilhou foi sobre a amizade deles. A maneira em que essa irmandade superou toda a timidez dos dois, fazendo uma intimidade genuína nascer entre eles. Só por conta disso, só por perceber que Jimin o compreendia, o aceitava e o amava apesar de tudo, foi que Taehyung se permitiu mostrar suas pequenas escritas cotidianas.

Desde então Jimin era seu confidente, e foi difícil para ele ver que outras duas pessoas violaram sua confidencia. Foi assim que ele se sentiu, violado, exposto, vulnerável. E Taehyung não gostava desse sentimento de vulnerabilidade. Afinal, quando você aceita estar vulnerável a alguém é porque confia que aquela pessoa não te fará mal algum. E era difícil para ele ser aberto a qualquer tipo de relação que demandava confiança.

Ele saiu do prédio, foi até o estacionamento, andou até o carro de Jimin e bufou – Idiota, idiota, idiota! – Fechou os olhos e recostou sua cabeça nas palmas de suas mãos.

Idiota. Você. É. Um. Idiota. Taehyung. Não deveria ter surtado. Não deveria ter falado daquele jeito com eles.

Respirou fundo. Ergueu a cabeça, e ainda de olhos fechados sentiu um vento gelado bater contra seu corpo, o que o fez cobrir os braços com as mãos e notar que havia deixado sua jaqueta na sala de aula.  Abriu os olhos, respirando fundo novamente, olhou para o céu apoiando ambas as mãos no capô do carro e descansou as pernas sentando-se ali.

Quando abaixou seu olhar percebeu que não estava sozinho.

Foi esquisito ficar olhando ele sentado naquele capô como se estivesse lutando consigo mesmo, tentando se entender. E foi mais esquisito ainda o que me levou até lá. Me senti responsável por fazer ele ficar bem, por resolver as coisas, e não tenho nada a ver com isso, nada a ver com ele e as coisas dele.
Na realidade eu só me meti na história quando notei que ele havia sido estúpido com Hoseok. Pobre Hobi, o garoto tem o coração mais puro que já conheci, não merece que ninguém chegue perto de tratá-lo mal.
Eu, como viro um bicho quando alguém destrata meus amigos, me aproximei querendo entender o porquê de Taehyung ter erguido a voz daquele jeito, mas como odeio todo tipo de conflito ia tentar acalmar as coisas e ele só saiu. Simples assim. Conversei com os três para entender o que havia acontecido.

– Ok! Alguém pode me explicar que diabos foi isso?
– Eu deixei o post it com o poema dele cair da jaqueta, ela encontrou e me deu, achando que era meu – apontou para Lalisa e prosseguiu – bom na verdade é meu, mas porque Taehyung me deu, não fui eu quem escreveu, foi ele! – Jimin falava muito rápido.
– Ei, calma está tudo bem, ok? – Jeongguk pousou a mão sobre o ombro do garoto que acabava de conhecer – É Jimin né? – Ele acenou positivamente com a cabeça – Me chama de Jeongguk. Olha, tenho certeza que não precisa ficar nervoso desse jeito, as coisas vão se acertar, posso te ajudar se você me explicar com calma o que houve, ok?