Cap. I I

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"Por que andei sempre sobre meus pés e doeu-me viver"

Mia Couto

- Daniel? Chamou uma mulher de pele clara e olhos castanhos, que escondia atrás de si uma garotinha.

- Oi Marta! Respondeu virando-se um homem de cabelos castanhos e olhos cor de âmbar que usava um jaleco banco e com um estetoscópio pendurado ao pescoço.

- Tem uma pessoa querendo falar com você! Disse sorrindo.

- E quem seria essa pessoa? Pergunto com riso na voz ja sabendo quem era.

- Oi Doutor! Disse a garotinha que havia saido de trás de Marta. Ela aparentava ter uns sete anos. Sua pele era negra e seus cabelos estavam trançados e seus olhos amendoados expressavam curiosidade.

- Maria! Disse Daniel sorrindo e abaixabdo-se e apoiando o joelho esquerdo no chão. - Que bom te ver, como você está?

- Estou triste! Disse com a voz chorosa. - O senhor vai embora!

Daniel ficou olhando para aquela garotinha de semblante triste que torcia a barra da surrada camiseta, antes de falar com a voz profunda e macia.

- Realmente preciso ir minha querida, mas prometo que assim que for possível eu vou voltar! Disse puxando a menina para abraço.

J

- Sabia que o senhor parece um anjo? O anjo que veio me salvar! Disse suspirando em seus braços. - Quando o senhor voltar promete que virá me visitar? Perguntou com um misto de ansiedade e vergonha.

- Sim eu Prometo! Sentirei saudades de você pequena! Disse sorrindo.

Maria se sentia triste e abandonada quando disse.- Vou sentir muitas saudades e vou pensar no senhor todos os dias da minha vida!

Ao terminar de falar, Maria se desvencilhou de Daniel e saiu correndo do pequeno ambulatório.

O jovem médico levantou-se e colocando as mãos nos bolsos da calça, acompanhou com o olhar a menina que se afastava. Em dois dias ele retornaria para sua vada em Lyon, cidade francesa em que nascera e onde ficaria por um mês, antes de embarcar em nova missão humanitária, desta vez, para o Haiti.

Daniel aprendera rapidamente a amar Maria, uma crianca amorosa que nao chegou a conhecer o pai que em busca de melhores condicoes de vida para a pequena familia, fora trabalhar nas minas de diamantes na Africa do sul e de la nunca retornara. Sua mae morrera de malaria e na epoca, Maria tinha apenas cinco anos.

Havia quatro anis que o dedicado Daniel se tornara um Médico Sem Fronteiras e durante este tempo foi enviado para diversas missões, e de todis os países em que estivera, Moçambique foi o lugar que mais se identificou. A empatia que teve com o moçambicano foi surpreendente, pois mesmo sendo um povo sofrido, eram gentis e amáveis.

- Tudo bem com você? Perguntou Marta.

- Sim, disse ele passando as mãos nos cabelos e virando-se para olhar para sua amiga de trabalho. - Está tudo bem sim Marta, obrigado por perguntar! Mas confesso que um pouco triste e preocupado com Maria.

- Quando escolhemos trabalhar na Organização, sabiamos que se não houve o mínino de sentimento e preocupacao pelo outro, não estariamos aqui! Marta pousou a mão no ombro esquerdo de Daniel e continuou. - E é por isso que estamos aqui, para aliviar a dor dos outros, para que essas pessoas não percam a esperança e se sintam amadas e encorajadas a seguir em frente!

A última GrecoWhere stories live. Discover now