Cap. III

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" A fé não é uma questão de existência ou não existência de Deus. É acreditar que o amor sem recompensa é valioso"
Emmanuel Levinas

O sol forte do meio-dia banhava o corpo de Lorena que dormia profundamente. Em seu sonho ouvia a voz de Flora que parecia estar em perigo. Ela tentou se mexer mas seu corpo estava pesado. Aos poucos a consciência foi tomando forma e entao pode ouvir com maior nitidez a voz de Flora.
- Meus Deus eu nao acredito!

Assustada, Lorena abriu os olhos com expressão de terror no olhar. Ainda sonolenta revivia o sonho enquanto seu cérebro tentava enviar sinais de comando para o corpo levantasse com rapidez, mas o corpo ainda sonolento não obedeceu ao comando e levantou-se lentamente fazendo com que suas pernas se enroscassem no lencol de algodão. A queda foi inevitável e a acordou de vez.

Totalmente desperta, ela levantou-se sem incomodar-se com a dor e foi em direção a amiga.

- Flora o que está acontecendo? Perguntou Gabriel enquanto chegava a sala no mesmo momento que Lorena. Ele usava apenas uma cueca boxer preta da Calvin Klein e Lorena as roupas da noite passada.

Sentada no sofá com o laptop no colo, Flora estava com os olhos cheios de lágrimas.

- Fui selecionada para a dinâmica no escritório da Organização no Rio de Janeiro! Disse se levantando.

Enquanto Flora dançava e pulava, ria e chorava, Gabriel olhou para Lorena que piscava sem parar e então olhou incredulo para a irmã.

- Nããããoooo! Disse debochado. - Entendo que você esteja feliz e queira compartilhar, mas precisava fazer esse escândalo? Gritou muito bravo. - Estou trêmulo, pensei que alguma coisa grave tivesse acontecido com você! E olha para a Lorena! Disse apontando pata a amiga. - Parece um personagem do filme Poltergeist.

Flora parou de pular e encarou os dois.

- Desculpa! É que acabei de receber o e- mail de confirmação e meio que surtei

Emburrado Gabriel sentou-se em uma das poltronas e levou a mão ao peito. - Acho que estou com taquicardia ou vou ter uma parada respiratória!

- Desculpa Gabis é que não sei explicar o que me deu. Disse tentando conter o sorriso.

- Nunca mais você faça isso entendeu? Disse Gabriel com a voz grave, muito diferente de seu tom normal.

- Flora sou obrigada a concordar com o Gabriel. O susto foi tamanho que até cai da cama, disse dando uma gargalhada.

Por toda a sua vida Flora sonhava com o dia em que se tornaria médica e mais que um sonho, era uma vocação. E para ela, trabalhar na Organização MSF era verdadeiro sentido de sua vida.

Flora tinha poucas lembranças de seus pais biológicos, eram apenas alguns flashes. E a mais vívida era uma cena que nunca deixei sua mente. Ela estava em um hospital decadente e sua mãe jazia deitada em uma velha maca no corredor sujo e lotado de um hospital. Ela lembrava com nitidez do corpo suado, das feiçõs de dor, da respiração ofegante e do olhar de mefo da jovem mulher, sua mãe.

Quando sua mãe morrera ela tinha apenas seis anos e nunca soubeta o que realmente havia acontecido e do que havia morrido.

Suas lembranças vagavam entre a miserável casa da família e as longas ausências de seu pai, que quando retornava pata junto de sua esquecida filha, estava completamente embriagado.

Foi em uma dessas longas ausências que Flor havia sido retirada de casa e levada para um abrigo, onde morou por dois anod até ser adotada por Eleanor e Henrique, pais de Gabriel.

A última GrecoWhere stories live. Discover now