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Aviso de gatilho: cena de estupro.


Sabe, naquele dia foi diferente; eu não queria o seu toque.

Nós havíamos brigado, eu me lembro bem. Você chegou em casa cansado e, ao tentar me beijar, recuei; você reagiu com surpresa.

Então, lentamente, você deitou em cima de mim e me envolveu com seus braços de uma maneira apaixonadamente agressiva; eu até tentei me esquivar, mas você era mais forte que eu. "Preciso ser mais forte para te proteger, docinho.", você dizia ao sair de casa para ir à academia.

Tudo aconteceu muito rápido e em um minuto apenas eu estava me debatendo; no minuto seguinte, já estava amarrado.

Você tirou suas roupas e, antes que eu pudesse gritar, enfiou sua cueca na minha boca e muito carinhosamente disse: "calma, amor, eu sou seu único socorro".

Em seguida, como um animal que sente o cheiro de sua fêmea no cio, rasgou minhas roupas e despiu minha fragilidade com a força que pode; eu comecei a chorar.

No meu pensamento imaginei que você teria algum tipo de compaixão, mas não foi verdade.

"Você é meu, e só meu", sussurrou enquanto nossos corpos dançavam ao som das milhares de vozes que gritavam na minha cabeça naquele momento, sem nenhuma harmonia; parecia um sonho.

Naquele momento despertei e percebi que não era um sonho, mas um pesadelo e quando você começou a agredir fortemente o meu rosto, notei que este já não era o único lugar que sangrava.

"Eu te amo tanto", disse depois de ter deixado todo o gozo do seu egocentrismo dentro de mim; tive ódio de você por dias; nojo de mim por meses;

Eu ainda lembro bem do que pensava naquele exato momento: "Isso não é amor!", "Isso não é sexo!", "Isso é estupro!"

Depois de tudo olhei para você e foi inevitável notar que naquele exato momento, desconhecia você para sempre.

Palavras a um (des)conhecidoWhere stories live. Discover now