Poucas coisas assustam minha cidade, o Corona Vírus, porém, conseguiu esta proeza. Até o presente momento, não há nenhum caso confirmado na nossa amada Araguaína, mas, como o seguro morreu de velho, melhor prevenir que remediar, nos afastamos, por amor não apenas a nossa própria saúde, como também a daqueles mais frágeis que com mãos fortes sustentam nosso coração.
O Covid-19, rápido em atingir seus objetivos, trouxe, além da aflição de ter de nos despedir, definitivamente, daqueles que amamos, algo a mais com ele, a limitação da nossa interação social. O homem não nasceu para o isolamento, e cá estamos nós, sendo obrigados a isto.
O brasileiro gosta de estar junto, calor humano de toque – seja na mão ou no cotovelo. Nossa comunicação não é só verbal, é cafuné na cabeça, cócegas nas gordurinhas e massagem no ombro. Como eu preciso estar junto de você, não nascemos, repito, para o isolamento. Deus percebeu isto e criou a Eva. Aristóteles, mais tarde, constatou, o homem é um ser político. Nós somos sociais, não sozinhos.
Até sua proximidade me ser tirada, eu nunca tinha percebido o quanto gosto de você, de estar junto de verdade, segurar na sua mão, de sentir seu abraço, fugaz ou aconchegante como de urso. Até isto me ser tirado, você era importante, agora é essencial.
Amar de longe, estando perto, não deixa de ser amor, só não é a mesma coisa, é diferente, ao menos para esta brasileira. Manter-me longe me mostrou o quanto gosto de estar perto, de não soltar a mão de ninguém, agora, vamos perceber, o quão forte é o elo que nos une.
