Nova vida e antigos sentimentos

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Nova vida e antigos sentimentos

por Lilian Kate Mazaki

Em meio a um desembargue tumultuado Alex conseguiu identificar em meio à confusão o aceno de um rapaz sorridente. Ricardo, exatamente o mesmo de três anos antes, pensou a fotógrafa, ao retribuir o gesto. Um tremor involuntário varreu o corpo desta quando enfim enxergou a pessoa que acompanhava o antigo colega de faculdade. Alex fez o melhor possível para não deixar a avanlanche de sentimentos transparecer na sua expressão.

Clarisse, quase a mesma Clarisse que se recordava. Os cabelos castanho alourados estavam mais compridos do que se recordava e pareciam menos disfarçados por tratamentos. As roupas também eram outras, mais sociais e neutras. Era o que se esperaria de uma redatora de uma renomada revista informativa mensal, pensou Alex. Também havia algo de diferente na expressão de Clarisse, pensou essa enquanto percorria os metros restantes entre ela e os dois, um quê muito maior de maturidade do que se recordava ver no rosto sempre sonhador da antiga amiga. Aquela que, concluiu naquele instante, ainda continuava sendo sua grande paixão não-resolvida.

— Alex, bem vinda! — exclamou Ricardo se adiantando para um abraço. Depois do carinhoso aperto, o homem fintou o rosto da fotógrafa com carinho.

― Oi. ― respondeu Alex, já voltando o olhar para a outra mulher. ― A quanto tempo, Clarisse.

― Bem vinda de volta. ― respondeu Clarisse, de modo um tanto automático.

— Oi, oi pessoal. — cumprimentou Alex, detendo-se por um instante, tentando decifrar a expressão um tanto distante da outra mulher.

— Ei, você deu uma melhorada no visual ein. — comentou Ricardo, referindo-se às mechas irregulares da recém-chegada, que tinha sido cuidadosamente despenteadas buscando um charme mais rebelde.

— É, demorei para acertar o jeito de arrumar, mas acho que estou satisfeita agora. — respondeu esta, agarrando uma das pontas da mecha que deixava caída à frente da orelha direita.

— Então, viemos para te dar uma carona de táxi para sua nova moradia.— disse Ricardo, gentilmente pegando a bolsa de ombro que Alex trazia consigo, além da alça da mala de rodinhas, já caminhando para a saída do aeroporto.

— Carona de táxi. Essa foi boa. — riu-se Alex, seguindo o rapaz, assim como fez Clarisse.

— Se você não vai pagar, então é uma carona. — argumentou Ricardo.

— Mas se a corrida é exclusivamente para me levar até lá fica meio estranho chamar de carona. — contrapôs Alex.

— Você é sempre tão racional. — reclamou Ricardo e as duas mulheres riram do tom irritadiço que ele utilizou.

Uma vez no táxi, com Alex sentada na frente e os dois redatores no banco de trás, o longo trajeto até o apartamento que a repórter fototográfica alugara começou a ser percorrido. As conversas eram todas puxadas e mantidas por Ricardo. Clarisse continuou sendo a que menos se envolveu nos assuntos. Levou cerca de meia hora para que o táxi alcançasse o destino e os três subissem para o apartamento.

Clarisse e AlexWhere stories live. Discover now