42. Vocês ainda se matam

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- Os ingleses foram embora.- Senti Beatriz pousar um agasalho sobre os meus ombros.- Helena vai acordar, vais ver.

- Quero tanto que tenhas razão.- Agarrei a sua mão quente sem soltar a morna da minha filha.

Felizmente a bala não apanhou nenhum pulmão. A perna também demoraria a recuperar, mas ficaria quase como nova.

- Eu prometi a Leonor que cuidaria dela com a minha vida.- Balbuciei.- E não cuidei.

- Não tinhas como saber, Eduardo.- Sentou-se a meu lado e afagou-me as costas.- Helena também jurou que protegeria Vitória e foi isso que fez. Tenta descansar.

Beijou a minha testa e saiu, deixando-me sozinho novamente.

- Beatriz tem razão pai, devias ir descansar.

- Eu caí redondo no chão, Lucas.

- Pai é normal. Foi um choque para ti. Além disso já não tens 20 anos.

- Estou velho demais, é isso? Então porque é que não estou eu acamado e a minha filha está?!

- Pai...

- Fui uma vergonha, só atrapalhei.- Estava zangado comigo mesmo. Quanta desonra.

- Henry cuidou dela, Bianca também.

Não queria continuar esta conversa. Não iria admitir que Helena estaria em melhores mãos com o inglês do que comigo. Ela é a minha menina! Não é a menina dele!!

- Como está a Vitória?

- A dormir. Estava muito nervosa e assustada, espero que não se lembre de nada, que a inconsciência da idade leve o ocorrido para longe.

Desejo o mesmo.

- Catarina acabou por adormecer abraçada a ela.

- Devias ir descansar também.

- A minha irmã pode precisar de alguma coisa.- Decidiu.

- Eu ainda sou o pai dela. Eu ainda sou capaz!!- Rosnei.

- Eu não queria...

Helena parecia tão pequena e frágil assim adormecida.

- Estás segura agora. Prometo, meu bem.- Garanti apertando gentilmente a sua mão.

⭐👑⭐

- Bons dias.

- Eu diria boas tardes.- Lucas corrigiu quando o mordomo me levou até à sala de estar.

Catarina lia uma história a Vitória, pareciam preocupados e aborrecidos.

- Ignorai.- A mãe, sempre gentil sorriu-me e censurou o comportamento do marido.

- Eu vim ver Helena.- Corei embaraçado.

Edward tinha razão. Saí daqui faz poucas horas, talvez este seja um momento para ser passado em família.

- A minha irmã ainda não acordou. Podeis ir.

- Está calado e cuida da tua filha por cinco minutos.- Catarina mandou levantando-se e acompanhando-me.

- Eu não quero de forma alguma que...

- Não ligai. Eles estão-vos muito agradecidos, de verdade. No entanto não dormiram e são autênticas cabeças ocas. Tende paciência com o meu sogro.

A Amante do ReiWhere stories live. Discover now