Prólogo

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Jessica Williams

Extraordinário.

É uma palavra tão complexa, que representa circunstancias e pessoas tão singulares. A verdade é que o extraordinário não existe sem o ordinário, assim como o sol não faz sentido sem as nuvens, o doce fica enjoativo sem o azedo.

Além disso, não importa o quanto você o procure ou anseie pelo extraordinário, é impossível controla-lo. É impossível desvenda-lo, como se seu mundo precisasse de algum tempo para compreender a informação.

Até o azedo voltar a boca, ou as nuvens terem tomado lugar no céu. Mas não há como reclamar, afinal, o doce e o sol foram coisas extraordinárias. É improvável que estejam lá pra sempre.

Eu vivi a experiência, fui personagem de um evento extraordinário. E claro, nem mesmo me dei conta disso. Apenas anos depois, ao pensar nisso consegui perceber que o destino me deu um presente tão fantástico que eu jamais seria capaz de retribuir, não importa o quanto tentasse.

Assim como qualquer experiência incomum, ela se desenvolveu de mais um dia totalmente comum, ordinário da minha vida.

(2014)

Desde minha primeira semana na Universidade eu frequentava a livraria do shopping mais próximo, livros sempre foram minha grande fascinação e era lá que eu deixava cada tostão que sobrava da minha mesada.

Naquela sexta-feira tranquila, eu já tinha perdido a conta de quanto tempo havia passado rodando as prateleiras sem encontrar o livro que pretendia comprar. Estava parada em frente a última estante, na divisa entre a zona dos livros e dos CDs, escaneando as prateleiras em busca do volume três da saga que eu tanto procurava.

Me preparava para desistir e pedir ajuda ao garoto ao meu lado, que podia jurar ser um dos funcionários da loja, porque meu livro parecia não estar em lugar algum.

No entanto, foi ele quem falou comigo primeiro.

–Com licença, sobrou alguma cópia do novo álbum do Linkin Park aqui?

Tirei os olhos das inúmeras capas de livros na minha frente e observei o moreno alto ao meu lado, uma mecha descolorida em meio aos seus cabelos escuros e uma camiseta da Metálica. 

Deixei uma risada controlada escapar, e ele pareceu ficar envergonhado.               

–O que foi?

–Eu ia te perguntar agora sobre o outro volume desse livro. – me explico.

–Ah. – ele coçou a cabeça. – Você não trabalha aqui?

–E nem você, pelo visto. – constatei. 

–Nem estou olhando mais para nada, rodei uns dez lugares atrás desse CD e estou atrasado pro meu trabalho. Me desculpa por isso.

–Sem problemas. – dei de ombros. –Os CDs legais ficam pra lá, e os lançamentos geralmente estão nas duas estantes do centro.

Ele acompanhou a direção onde apontei, e chacoalhou a cabeça não parecia disposto a enfrentar a quantidade de títulos disponíveis.

–Se você me ajudar a encontrar meu livro, posso procurar seu CD também. – sugeri.

–Fechado. – ele sorriu. – Qual é o nome do livro?

–Aqui. – mostrei a capa do livro que eu tinha em mãos – Da saga Instrumentos Mortais, mas o título é Cidade de Vidro.

–Maneiro. – ele assentiu e depois voltou os olhos para a prateleira.

Why Won't You Love Me? - Calum HoodWhere stories live. Discover now