Prólogo

1.3K 103 27
                                    


Umidade, frio e a degradação.

O vento carregado de neve foi forte o suficiente para penetrar pelo seu pelo espesso, o animal irritado chacoalhou o corpo para livrar-se dos flocos brancos. O filhote, incomodado, queria apenas deitar ali e dormir, estava tão cansado e sem energia pelos dias sem comida. O animal o ignorou e seu focinho estremeceu absorvendo os cheiros da degradação. Degradação era o nome que o filhote deu para aquele lugar errado, ele gostava daquela palavra, uma das poucas que ainda lembrava o significado. O animal não se importava, palavras não significavam nada para ele.

O silencio na degradação era tanto que quando o vento parou de rugir suas orelhas estremeceram subitamente alertas, patas na neve em algum lugar a esquerda. O filhote ficou alerta. Uma lebre grande, gorda e cinzenta corria fazendo pequenas pausas.

O animal focou na pequena criatura, suas patas macias não faziam qualquer ruído. Sentiu o interesse do filhote, não pela carne, sua atenção estava no pelo cinza, o animal afastou a confusão do filhote e aumentou a velocidade de suas patas. Sua fome não podia esperar.

A lebre deu um rápido olhar para o animal antes de sair em disparada, suas patinhas jogavam neve para o alto, o filhote observava seu corpinho flexível e ágil, não era capaz de lembrar-se da última vez em que vira uma lebre, se é que já vira uma. Com todas aquelas lembranças confusas era difícil saber o que realmente era e o que havia vivido de verdade. No momento tinha certeza de apenas uma coisa: a cor daquele pelo parecia errada.

O animal impulsionou suas patas, pronto para fincar suas garras naquela coisinha cinzenta. Sentiu o osso partindo-se, sob sua pata, no mesmo instante em que a lebre desapareceu, com um rugido caiu tropeçando e foi atingido pelo calor avassalador. Piscou com terra cobrindo seus olhos e entrando em seu focinho. Tudo era tão marrom, verde e tão cheio de ruídos, havia tantos cheiros.

Apertou a lebre que guinchava e deixou seus olhos vagarem por todo aquele lugar desconhecido, esperou o filhote sair de seu choque para lhe dar respostas. Estavam na degradação fria e podre e agora em uma floresta viva, colorida e com animais de verdade. Que não pareciam errados.

O filhote tentou libertar a lebre para poder explorar, sentia aquele puxão familiar ainda mais forte. Tinha que seguir em frente. Agora. O animal não permitiu, seus instintos se sobrepondo, mais uma vez, sob o filhote. Comeriam primeiro e não só aquela coisinha cinza, sentia o cheiro de muitos outros animais por perto, então descansariam e comeriam novamente e só então voltariam a seguir seu caminho, em busca daquela coisa estranha que o filhote tanto queria.

Sentiu o filhote afastando-se, irritado, enquanto soltava sua comida. Fechou suas presas em seu pescoço e apertou quebrando os pequenos ossos, e esperou. Somente quando a coisinha cinza parou de respirar foi que a comeu.

O filhote voltou enquanto lambia, preguiçosamente, as patas cheias de sangue: não queria aquele pelo nem o sangue grudados em si. Afinal, o cheiro poderia alerta suas próximas presas e sua barriga ainda possuía aquele aperto doloroso da fome. Tentou ignorar a pressa e a urgência que o filhote irritante mandava para si, todo aquele tempo juntos e ele ainda não havia aprendido como as coisas funcionavam. Ele é um caçador e não sairiam dali enquanto não estivesse satisfeito. Ele era o líder e não o filhote pequeno e medroso.

Levantou e espreguiçou o corpo, que já estava acostumando-se com aquele calor agradável, fungou procurando a comida mais próxima, o filhote recuou novamente enquanto ele seguia o caminho até a toca cheia de coisinhas marrons e cinzas, elas não eram gordas o suficiente. Ainda assim, era melhor que continuar com fome.

Essa reescrita já começou diferente.. o que acharam?

My Kitten {Camren}Where stories live. Discover now