Mais um dia normal

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Eram duas da madrugada. Jungkook dormia cedo, mas também, às vezes, acordava de madrugada e ficava pensativo até retomar o sono. O que particularmente era bem demorado a acontecer. Principalmente em noites como aquela.

Ele só conseguia pensar em Kim Taehyung. Ele estava bem bonito na aula. Falante como sempre. Cheio de amizades e sorrisos. Sequer sabia da existência daquele nerd que sentava na primeira carteira da parede da janela.

Kim Taehyung era pouco mais baixo que Jungkook. Era demasiadamente magro e às vezes desengonçado. Apesar de sempre estar com o uniforme, conseguia ser diferente dos demais. Todos os dias acrescentava ao terninho um acessório, broche, lenço ou penduricalho, que lhe conferiam um ar excêntrico e único.

Ele era o típico garoto popular. Havia repetido uma vez, ainda no ensino fundamental, mas Jungkook jamais havia ouvido dizer sobre o motivo da repetência. Taehyung era presidente do grêmio estudantil e tinha um bom relacionamento com todo mundo. Pelo menos com todo mundo visível.

Ele costumava ser bastante carinhoso e se pendurava em diversos pescoços pela escola. Não era à toa que era também conhecido por coala. Um apelido fofo, na opinião de Jungkook.

Além de presidente do grêmio, também era representante da turma. Os professores costumavam gostar muito dele, apesar de sempre a desejar nas notas.

Claro. Ele era cheio de qualidades e poucos defeitos. Pelo menos é assim que os olhos apaixonados costumam enxergar.

O único defeito é que ele era heterossexual. O tímido Jeon já o observou de longe, galanteando algumas garotas, e claramente, elas adoravam.

Ele tinha um cheiro insistente de morango. Provavelmente por conta do chiclete que sempre habitava a boca do excêntrico.

Seus cabelos estavam sempre esvoaçantes. E bagunçados. Todo mundo que passava por ele, lhe desferia um cafuné nas madeixas, lisas por sinal. Ah, se Jungkook pudesse fazer o mesmo... ele tinha certeza que jamais lavaria a mão, somente para guardar a sensação dos cabelos do mais velho, que certamente deviam ser cheirosos e gostosos de sentir.

O dia na escola foi muito difícil. Taehyung estava mais encantador do que nunca. No intervalo brincou com outros amigos e amigas, deixando que os mesmos lhe amarrassem o cabelo. Tão descabelado e tão lindo. Desesperadamente lindo.

Jungkook sempre o encarava com muita discrição. Era o seu maior fã. Na hora do intervalo, sentava-se isolado de todos e rabiscava rascunhos de Taehyung. Ele tinha um sorriso peculiar. Era o seu maior charme.

O tímido revirava na cama tentando retomar o sono, mas a imagem de Taehyung não saia de sua cabeça. Mordeu o lábio inferior e tremeu. Odiava quando ficava assim. Era como se apenas satisfazer-se fosse lhe dar a paz e o sono novamente. Cedeu ao seu desejo e fechou os olhos.

Pensou em Taehyung. Na boca dele. Nele sorrindo e vindo em sua direção. Em sua imaginação, o Tae se declarava e lhe pedia em namoro. Na realidade, Jungkook já sentia seu membro enrijecido, espremido na cueca, não resistiu e desceu com sua mão para liberar o colega daquele aperto lá embaixo. Voltou a imaginar Tae lhe beijando o pescoço, subindo vagarosamente até o queixo.

Jungkook mantinha a masturbação ritmada, mas ainda calma. Tae beijava seu queixo e subia pela bochecha, nariz e voltava a descer de encontro a sua boca. "Transa comigo?" - foi o que o Tae imaginário lhe disse, fazendo o Jungkook, igualmente imaginário - e por isso tão cheio de atitude - lhe puxar para um beijo quente.

A mão livre da masturbação passeava pelos lábios de Jungkook, ainda de olhos fechados, que começava a aumentar o ritmo e a aceleração do vai-e-vem de sua mão.

O seu Tae mordeu seu pescoço e o virou de costas, arrancando-lhe a camiseta usando apenas uma mão. Jungkook imaginava que Tae devia ter um pênis lindo, do tamanho exato, reto e rosa. E em seus pensamentos, era duro como rocha. O seu Tae roçava seu pênis entre os glúteos de Jungkook, fazendo-o corar na vida real.

Jeon aumenta a velocidade de sua masturbação no momento em que cria a cena, onde o Tae imaginado o masturbava, enquanto dizia palavras safadas em seu ouvido: "delícia, seu gostoso, vou te foder todinho".

Ele não aguentava mais respirar fundo, tentando conter o gemido. Puxou o lençol, levando-o até a boca e mordeu até sentir que sua tensão acabaria. Apertou os olhos quando sentiu que estava prestes a ejacular. Tentando conter os barulhos e a emoção, gozou.

No entanto, ao invés de prazer e satisfação, sentiu culpa, nojo e raiva.

Ele odiava se masturbar.

O seu líquido quente escorrendo por entre seus dedos e melecando sua barriga era o símbolo de seu fracasso como homem... como macho. Sentiu vergonha e pena de si e começou a chorar silenciosamente.

Culpava-se loucamente pelo o que fazia. Sentia que era errado e vergonhoso. Se existia julgamento após a morte, tinha certeza que seria condenado.

Vagarosamente se levantou e caminhou até o banheiro. Estava sujo e suado. Olhou seu reflexo no espelho e corou. Estava com vergonha, ainda mais agora ao se ver refletido, suado. Sentia raiva, pois sabia que estava condenado ao mundo do cinco-contra-um para satisfazer seus desejos sexuais.

Pensou no que será que Taehyung, o real, devia estar sonhando ou fazendo. Foi tomado por um sentimento intenso de autopiedade ao pensar que ele poderia estar transando, com uma garota.

Jungkook era patético.

Sempre que rolava isso, sentia vergonha de olhar o colega de classe no dia seguinte. Era como se ele pudesse ver o que Jungkook tinha pensado, desejado e feito. Era horrível. Ele sempre ficava persecutório depois de uma autoestimulação. Parecia que todos sabiam que ele era gay.

Gay.

Um horror para sociedade, um pesar para os amigos e uma decepção para a família. Se bem que não se preocupava com os amigos, já que não eles não existiam.

Lavou os dedos, ainda pensativo, e passou papel higiênico umedecido na barriga, afim de limpar o resto de esperma que lhe sujava. Ficava triste nessas cenas. Sentou-se no vaso sanitário e sentiu-se só. Tentou tirar a culpa de si - "sou garoto e garotos precisam se aliviar" - mas logo completava que ele era garoto e devia se aliviar pensando em garotas, algo que de fato nunca aconteceu.

Voltou para seu quarto e se jogou na cama. Cobriu-se com o lençol ainda babado por sua saliva e voltou a corar. No entanto, isso o aliviava e conseguiria dormir. Fechou os olhos pensando como a Coréia seria um lugar mais feliz se tivesse menos estereótipos, inclusive sobre a sexualidade.

Mas, estava relaxado e logo o sono veio, um pouco depois das três da madrugada. Seus olhos pesaram e adormeceu.

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