A minha maldita sorte

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Acordo em meu quarto, por um segundo penso que está tudo bem, até que me lembro que essa não é minha casa, que essa é a vida em que a minha anterior se transformou.
Levanto-me rumo ao banheiro. Tomo um banho longo, quando saio do chuveiro e vou procurar uma roupa, encontro tudo como deixei em minha casa lá em cima. Visto-me como me vestiria se estivesse em casa, um vestido bege, e prendo apenas minha franja.
Saio do quarto rumo a algum lugar onde posso comer algo. Ando pelos corredores cinzentos perdida, não sei se estou andando em círculos ou se estou perto da cozinha.
— A senhora não pode estar aqui - Um soldado diz segurando meu braço.
— Primeiramente, eu posso - digo.
— Não, senhora, essa área é restrita - ele diz. Viro-me pra ficar de frente pra ele, e percebo como é jovem, deve ter uns 16 anos no máximo.
— Não sabe quem eu sou, não é? - pergunto e ele parece confuso - Mira Dinner.
— Mira Dinner, tipo Jace Dinner? - ele pergunta.
— Ele é meu marido - digo.
— Então era da senhora que meu superior falou - ele diz - Perdoe-me senhora Dinner, não sabia quem era a esposa do capitão.
— Sem problemas - digo - Agora, pode me informar pra onde é a cozinha?
— A senhora está procurando o refeitório - ele diz.
— Tanto faz - digo - Eu estou faminta.
— Digamos, que está ao norte daqui - ele diz.
— Poderia me dar uma bússola? - pergunto irônica - E pra onde fica o norte.
— Digamos que a senhora andou no corredor Sul, do seu quarto ate aqui - ele diz - então o norte é o caminho inverso.
— Obrigada - digo - Qual é seu nome soldado?
— Rollins, senhora - ele diz - Stille Rollins.
— Se eu soubesse que horas fossem lhe desejaria um bom dia, uma boa tarde ou uma boa noite - digo - porém como estou meio perdida, então, fique bem soldado Rollins.
— Desejo-lhe o mesmo, senhora - ele diz - E seria boa tarde, são 14:00 horas.
— Obrigada de novo - digo indo rumo ao refeitório.
Depois de uma longa caminhada, percebo que na minha frente há uma grande sala com mesas, imagino que seja o refeitório. Quando tento passar a porta um soldado me barra.
— Senhora, preciso do seu horário - ele diz.
— Meu o que? - pergunto.
— Seu pulso - ele diz.
— Pra que você quer meu pulso? E o que isso tem haver com horário? - pergunto.
— Apenas me dê - ele diz e eu lhe mostro meu pulso direito, ele passa uma maquina pelo meu braço - Você não tem inscrição. Quem é você?
— Mira Dinner - digo.
— Dinner? - ele ri - duvido muito.
— Meu Deus, de que mundo vocês daqui vieram? - pergunto.
— Como assim? - ele realmente parece confuso.
— Eu sou filha de Katniss e Peeta, os vitoriosos da 74ª edição dos jogos vorazes, sou vitoriosa da 92ª edição dos jogos vorazes, sou casada com o vitorioso da 85ª edição, Jace Dinner - digo - Como você nunca ouviu falar de mim?
— Prove quem você diz ser - ele diz.
Levanto o vestido até minha coxa.
— Ta vendo isso? Ganhei essa cicatriz, com uma facada na arena da 92ª - digo, tiro minha aliança do dedo e mostro o inscrito dentro - "Acredito em você, com amor Jace" essa é a minha aliança. Agora se você não acredita pergunte a ele, mas pelo amor de Deus, eu estou morrendo de fome, não como desde que entrei na arena e além de tudo estou grávida.
— Espere - ele diz e vai até o telefone. Acho que ele está falando com Jace por que sua cara não é das melhores. Quando ele volta a carranca saiu de seu rosto - Desculpe-me senhora - ele diz me deixando entrar.
Quando o soldado diz as cozinheiras quem sou, ela na hora me preparam algo pra comer. Como uma fatia de um bolo seco, um copo de leite e uma maçã.
— Mira - Jace diz entrando no refeitório - Está tudo bem?
— Está - digo - Apenas acho estranho ninguém daqui me reconhecer.
— Eles são um poucos leigos quando o assunto são os Jogos, e outros viveram aqui a vida toda - ele diz.
— Mas como? - pergunto - Vivíamos em cima deles o tempo todo?
— Na verdade, sim - ele diz - Estavam planejando essa revolta ao mesmo tempo que há o Distrito Vitorioso.
— Você sabe disso há quanto tempo? - pergunto.
— Há uns 2 anos - ele diz.
— Jace você me falou da rebelião não fazem nem 7 meses - digo - Como pode esconder algo de mim por tanto tempo?
— Mira, eu queria apenas te proteger - ele diz.
— E você é líder dessa revolução há quanto tempo? - pergunto.
— 1 ano - ele diz.
— Pensei que tivesse entrado nisso por ela - digo.
— E foi, entrei nisso por nós - ele diz - pra um dia ela poder existir, e agora estou aqui pra ela nascer em um mundo melhor.
— Então melhor se apressar - eu digo - ela nasce dentro de dois dias.
— Quem disse isso? - ele pergunta.
— A médica ou enfermeira - digo - ela me disse que se ela não nascesse em dois dias eles a tirariam.
— Dois dias, Mira - ele diz.
— É - digo - eu sei.
— Ela te disso isso ontem - ele fala.
— Então temos somente até amanhã - digo.
— Capitão - um soldado diz - Mais notícias do 4.
— Diga - Jace diz, mas continua olhando fixo nos meus olhos.
— A nossa base - o soldado diz - foi bombardeada.
— Como? - Jace pergunta.
— No distrito 4? - pergunto.
— Mira, espere - Jace diz.
— Jace, a esposa do Finnick e o filho deles estavam nessa base? - pergunto.
— Mira, por favor cale-se - ele diz.
— Me diga - grito.
— Qual foi a base? - Jace pergunta.
— A C3 - o soldado diz.
— Sinto muito, querida - Jace diz.
— Não, não, não - digo já com os olhos cheios de lágrimas - Como Finn vai receber isso?
— Mira, vá pro quarto - Jace diz - Falo com você mais tarde.
— Houve sobreviventes da base - o soldado fala - eles foram mandados pra outra base,as temos que resgata-los.
— Soldado cale-se - Jace diz - Mira vá.
— Houve um garoto - o soldado continua desrespeitando Jace - Philly.
— Philly está vivo? - pergunto.
— Está, por enquanto - o soldado diz - Mas a mãe dele morreu, se sacrificou por ele.
— Soldado cale-se - Jace grita.
— Jace, é a familia do meu melhor amigo - digo - Obrigada soldado.
— Não agradeça senhora - o soldado diz.
— Soldado vá até meu gabinete - Jace diz - E você Mira vai pro quarto agora.
— Não vou deixar você fazer nada contra ele - digo.
— Mira isso não cabe a você, vai pro quarto - Jace diz.
— Jace em vez de discutir comigo ou com o soldado vai pro 4 e salve Philly, Finnick e Annie não merecem perder mais ninguém - digo.
— Prepare um aerodeslizador para o 4 - ele diz num aparelho na sua lapela.
— E o distrito 12 capitão? - o soldado pergunta.
— Ja mandei soldados pra lá - Jace diz - Mas mande outro aerodeslizador.
— Tudo bem senhor - ele diz saindo.
— Leve Mira ao meu quarto - ele diz.
— Claro senhor - o soldado diz.
— Nosso quarto - digo levantando - E Jace, peça pro meu pai fazer um bolo decente pra isso aqui.
— Creio que não vai ser possível - Jace diz se levantando - Vou buscar o garoto, te vejo a noite - Ele diz mudando de assunto, ele sela meus lábio e sai.
— Senhora - o soldado diz.
— Claro - digo.
Caminhamos pelos corredores em silêncio. Até que eu decido quebrá-lo.
— O que há no 12? - pergunto.
— Snow vai bombardeá-lo - o soldado diz - temos que tirar pessoas de lá, não por mais soldados, mas parece que seu marido não entende isso.
— Tem muitos soldados lá? - pergunto.
— Algumas tropas do 2 foram pra lá - ele diz - e seus pais se voluntariaram.
— Como? - pergunto.
— Acho que tem alguma coisa haver com ser o distrito deles e tal - o soldado diz.
— Você precisa me por no aerodeslizador que vai pro 12 - digo.
— Se o capitão descobre isso me mataria - ele diz.
— Digamos que ele já vai te torturar por me falar do 4 - digo - A morte não vai ser tão ruim.
— Você fala como uma profissional - ele diz.
— Estive na arena duas vezes - digo - sei como ser torturada é horrível.
— Tudo bem - ele diz - o aéreo sai em uma hora, e depois mando outro pra buscar você e seus pais. Por favor senhora Dinner, não morra lá.
— Vou me esforçar - digo.
Entro em meu quarto e visto uma roupa que usaria pra caçar. Calça Jeans, blusa de frio, minha jaqueta de couro e uma bota também de couro. Como costume tranço meus cabelos. Procuro meu arco e o encontro embaixo da cama, pego a aljava e saio a procura do soldado. Devia ter perguntado o nome dele seria muito mais fácil. 

— Senhora Dinner te encontrei - o soldado Rollins diz.
— Estou ocupada - digo - Jace me permitiu ir treinar arco.
— Sei que vai pro 12 - ele diz - venha comigo.
No caminho fico o máximo possível em sil}encio. Me sinto na arena de novo, mas agora de verdade, tenho que sobreviver e salvar quem amo.
Chegamos a porta do aerodeslizador, o soldados Rollins sobe comigo e o outro soldado está lá dentro.
— Tem certeza que os dois querem fazer isso? - ele pergunta.
— Candler, eu nasci pra isso - Rollins fala.
— Eu tenho que salvar meu pais - é tudo o que eu digo.
— Tudo bem - o soldado Candler diz.
No aerodeslizador os soldados brincam entre si.
Candler se senta ao meu lado.
— Está tudo bem? - pergunta.
— Vai ficar - eu digo.
— É o que eu espero - ele diz.
— Posso te fazer uma pergunta? - digo.
— Claro - ele diz.
— Da onde você veio? - pergunto.
— Eu nasci e cresci no 13, quando Snow assumiu voltamos pro subterrâneo - ele diz.
— Você parece realmente saber quem sou - digo - Não apenas a mulher do capitão, mas parece que você sabe quem é Mira Mellark.
— Digamos que sim - ele diz - Eu nasci logo após a vitoria da rebelião, alguns meses antes de você, então sei quem foi a princesinha da capital. E posso falar uma coisa, caso você não conte pro capitão?
— Prometo não contar - digo.
— Você foi minha primeira paixão platônica - ele diz.
— Sério? - pergunto.
— Foi, mas aí me toquei que jamais nos conheceríamos - ele diz.
— Aqui estamos nós - digo.
— Sim, mas você está casada e eu comprometido - ele diz.
— Comprometido? - pergunto.
— É, quando voltar te apresento a ela - ele diz.
— Acho que Jace foi minha paixão platônica - digo - que acabou virando amor.
— Foi sua primeira? - ele pergunta.
— Isso eu não sei te dizer - digo e ambos rimos.
— Acho que estamos chegando - ele diz.
Quando descemos no distrito 12. Os soldados saem e vão rumo a praça principal.
Rollins e eu ficamos pra receber alguma ordem de Candler.
— Cuide dela - Candler diz pra o soldado Rollins - E se cuide - Candler abraça Rollins.
— Candler pare - Rollins diz.
— Eu só sou seu irmão mais velho, não quero que se machuque - ele diz.
— Vocês são irmãos? - pergunto.
— Somos - Rollins fala.
— Meu Deus, Peeta! - digo - Sabem onde ele está?
— Achei muito corajoso da parte dele - Rollins diz e sinto um arrepio correr pela minha espinha.
— Ele está treinando - Candler "Rollins" fala.
— Treinando pra que? - pergunto.
— Pra invadir a capital - Candler diz.
— E Jace permitiu isso? - pergunto.
— Sim, na verdade o colocou no grupo principal, como seus pais quando lutaram - Candler diz.
— Eu vou matar Jace - digo.
— Tenho que ir - Candler diz - Mas estarei aqui daqui 2 horas, exatos 30 minutos antes do bombardeio. Estejam aqui, os dois.
— Tudo bem, papai - Rollins diz brincando.
— Boa sorte, Mira - Candler diz.
— Obrigada - digo.
Caminho com Rollins até a praça principal, lá procuro meus pais. Há uma bagunça de pessoas correndo de um lado para o outro, e o caos piora quando o céu escure.
— Eles chegaram antes - alguns começavam a gritar.
Eu fiquei perdida no meio da multidão. Até que ouvi o estrondo e eu senti meu corpo voar pra trás.
A prefeitura foi explodida, logo começariam a cair bombas do céu e muitos ainda estavam desnorteados pela última.
Quando tento sentar, sinto algo escorrer pelas minhas pernas. Peço a Deus pra ser urina, mas pro meu azar é um líquido transparente e oleoso, minha bolsa rompeu. 

The ChanceWhere stories live. Discover now