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"Mãe, eu não quero ir para escola." Liam estava nervoso, se sentia enjoado e correu em direção ao vaso sanitário. Depois de ter vomitado praticamente todo o café da manhã, ele sentou no chão frio do banheiro. Karen veio em seguida, ajoelhando-se do lado do filho.

"Liam, eu sei que você está nervoso porque hoje é seu primeiro dia de aula na nova escola, mas você precisa enfrentar esse medo. Tenho certeza que dessa vez vai ser tudo bem diferente, você com certeza ainda vai fazer muitos amigos nessa cidade". Karen sabia o quanto o filho havia sofrido bullying na ultima escola em que ele estudou. Karen havia cansado de reclamar com a direção da escola, que nada faziam para resolver o problema. Ela já não aguentava mais ver o filho voltar com todos aqueles arranhões e machucados para casa, uma das vezes chegaram até mesmo a quebrar o nariz de Liam. Karen nunca tomou um susto tão grande como naquele dia em que viu seu filho chegar com o rosto todo coberto de sangue. Ela decidiu colocar ele em aulas de defesa pessoal, mas ainda assim ela não queria que seu filho vivesse daquela forma, tendo que brigar com todo o mundo para ter o mínimo de respeito que deveria ser dado a ele por direito.

Por isso, ela resolveu tomar uma atitude drástica, resolveu mudar de cidade, pois mesmo mudando Liam de colégio, aqueles mesmos garotos continuavam a atormentá-lo, pelas ruas ou na cafeteria onde ele trabalhava.

Karen achou melhor começar a vida de novo, lugar novo com pessoas novas, isso com certeza iria fazer bem a Liam. Ver o estado em que Liam ficou depois de anos de abuso sempre partia o coração de Karen, ela só queria que seu filho fosse feliz, certamente ela não queria ver o filho tendo crises de pânico, sentado no chão tentando respirar tranquilamente antes de fazer qualquer atividade que necessite de interação com outras pessoas. Liam era um ótimo garoto, estudioso, trabalhava na cafeteria de Karen, ela realmente não tinha do que se queixar dele e não entendia o porquê de um garoto tão bom ser tão perseguido. Mas infelizmente a humanidade costuma ser cruel mesmo sem ter um motivo aparente.

"Vamos filho, levanta. Eu preciso muito de você hoje, assim que você voltar, vamos fazer cupcakes pra vender. Você já viu como ficou a decoração da nossa cafeteria?”

“Ainda não, mãe. Eu estou doido pra ver como ficou” Liam não deixou de se sentir um pouco culpado agora que sua mãe falou desse assunto porque ele sequer havia ido ao local pra ver como estava indo a reforma. Liam admirava muito a coragem de sua mãe, de largar tudo o que ela havia construído com tanto esforço, somente pra proteger ele, começar uma vida nova de novo. Liam a amava tanto. Seus pais eram divorciados, ele falava com seu pai de vez em quando e o visitava, mas sua relação com ele estava longe de ser como a relação que ele tinha com sua mãe.

Liam levantou do chão do banheiro sentindo ainda um pouco as pernas bambas e deu um abraço na mãe.  Foi para seu quarto, conferiu a mochila antes de sair para ter certeza de que não se esqueceria de nada, vestiu sua camiseta branca favorita, que era a sua camiseta da sorte, uma calça jeans escura e seu tênis all star.  Ele respirou fundo antes de pegar a mochila e ir para a cozinha, tomou um copo de suco de laranja porque ele estava muito enjoado para comer alguma coisa e saiu.

Liam foi andando em direção à escola que ficava a uns três quarteirões da sua casa, no caminho foi repetindo mentalmente todos os tipos de mantras que ele já havia visto em programas de televisão para controlar a ansiedade, ele foi respirando fundo, mas era algo difícil de fazer principalmente agora que ele estava tão próximo e podia ver os estudantes no portão, uns estacionando os carros, outros abraçando os amigos que não viam desde as férias. “Isso vai ser mais difícil do que eu imaginava, eles todos parecem se conhecer e eu sou péssimo para fazer novos amigos.” Liam pensou.

Liam passou pelo portão de cabeça baixa sem querer encarar ninguém, infelizmente anos seguidos de bullying o deixava assustado e com receio de interagir com outras pessoas, principalmente aquelas da sua idade. Ele seguiu direto até o corredor onde estavam impressos os nomes dos estudantes e as suas respectivas salas. Ele olhou rapidamente e viu seu nome, dentre o nome de mais uns cinquenta estudantes, Liam Payne, 2° ano, sala 202. Ele subiu até as escadas e sentou na primeira fila, uma das coisas que ele aprendeu foi que quanto mais perto ele estivesse dos professores menos os outros estudantes iriam atormentá-lo, ele precisava se sentir seguro de alguma forma.

Cupcakes de LondresOnde histórias criam vida. Descubra agora