Nome de mulher forte

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Pedro entrou em casa, animado. Ouvi o som das chaves sendo largadas na mesinha perto da porta e os passos dele até a cozinha. Eu ainda permanecia sentada.

- Oi maninha, esta melhor? Leila? - Pedro veio até a mim e se agachou para poder fixar seu olhar no meu. - Mana o que houve? Ainda esta triste?

- Não passei Pedro, eu não passei na seleção... acabaram de me ligar. - Ele me encarou por alguns segundos, e se colocou de pé.

- Não desista, eu sei o quanto você é boa e leva isso a serio. Não deu desta vez, mas você não vai desistir. Vem, vamos sair! Vou te levar pra jántar fora! - Pedro me pegou pelas mãos e me pôs de pé. - Vai se arrumar, você é linda, jovem e é minha irmã! - Ele conseguiu em meio aquilo tudo me arrancar um sorriso, até me deu animo. Tomei um banho quente e me arrumei. Coloquei meu sobre tudo, pois estava muito frio naqueles dias e uma bota alta. Pedro estava assistindo televisão quando eu cheguei na sala, perfumada e arrumada!

- Muito bem Maninha, assim que eu gosto de ver! Vou te levar pra comer o que você quiser! - Ele se pos de pé e desligou a TV. - Qual vai ser a boa da noite? Você que escolhe! - olhei pra ele, então pensei seriamente, mas dentro de mim eu já sabia o que eu queria.

- Que tal a gente ir tomar um café e comer algo naquele Café House que tem perto da Central? - Eu queria ver com os meus próprios olhos se Camila estava bem, ou se simplesmente eu fui só mais uma, como disse Andréa: "Você anda trazendo mulher pra dentro de casa". Certamente não fui a primeira.

- Huuuum... Eu topo um café, comer um Xis... eu tinha em mente algum restaurante bom no centro, mas eu fico feliz com o Café House se você escolheu! - Pedro olhou com uma cara estranha para a macarronada em cima do fogão pois a aparência não estava das melhores, aliviado fomos para a garagem.

A noite estava gelada, Pedro ligou o ar-condicionado do carro no quente, e seguimos.

- Você não pode ficar triste Leila, não por ser seu irmão, mas eu tenho certeza que eles perderam um grande talento! - disse ele batucando no volante a musica que tocava na rádio. Pedro era muito bom em me por pra cima.

- Tudo bem Pedro, agora eu vou arrumar um emprego. Quando me apontar uma oportunidade eu certamente irei tentar. Você sabe que você e ballet são a minha vida! - Sorri para ele enquanto desembaçava o vidro do carro.

Pedro sorriu para mim, mas logo virou para frente e seu sorriso sumiu, agora mostrando seriedade.

- E a carta daquele homem? Algum coisa nela fez você pensar em ir vê-lô? - Agora parecia que nem mesmo o ar ligado no quente estava funcionando, a atmosfera do carro ficou menos 30 graus.

- Não era você que não queria saber uma única palavra naquela carta? E não Pedro, eu tenho mais coisas pra pensar agora do que ir atrás do nosso pai.

- Seu pai! Pra mim ele já esta morto. Na verdade ele nunca existiu. Você lembra não é mesmo, das poucas vezes que ele ia nos visitar na nossa tia, eu fugia.

E realmente. Fomos criados pela mãe de Rafael, nosso primo. Aquele que se casou no Outono passado com Yara. Praticamente ele e Pedro se consideram irmãos. Nosso tio morreu a muitos anos em um acidente de caminhão. Nossa tia, irmã da nossa falecida mãe, criou eu e Pedro sozinha, até Pedro chegar na maior idade. As poucas vezes que nosso pai foi nos ver, Pedro fugia e se escondia em algum lugar, pois aquele homem era um completo estranho para nos. Quando viramos adolescentes, nosso pai foi nos ver apenas duas vezes. A primeira Pedro fugiu, encontramos ele em cima de uma arvore horas depois do nosso pai ter partido. A segunda, ele partiu para cima do nosso pai, gerando assim a richa entre os dois.

- Tudo bem Pedro! Vamos esquecer isso tudo. - Eu estava ficando nervosa, pois estava chegando perto do Café House, iria ficar cara a cara com Camila.

Folhas de Outono. (Um romance lesbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora