Capítulo 36

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Após o banho, na companhia de Mônica e Catarina, Aline foi em busca do refeitório. Felizmente, não tiveram problemas para encontrá-lo. Como o almoço já havia sido servido, fizeram os pratos com o que sobrara e se acomodaram em uma mesa. Mas sequer permaneceram ali muito tempo, pois Naara apareceu e as chamou para a reunião com Cristiane e com os responsáveis por cada grupo rebelde vindo de outros acampamentos. Engoliram o restante da comida e acompanharam a líder.

Entraram em um cômodo grande já repleto de gente, todos sentados em cadeiras. Antes de qualquer coisa, foi até Leonel e Denis para saber como estavam. Ficou feliz por ver curativos nos pés do irmão feitos por Caio. Deixou-os ali no fundo e voltou para perto das líderes. Cristiane estava entre Naara e Etama e chamou-a com a mão.

— Aline — disse ela, tocando-lhe no braço. — Fico feliz em conhecê-la pessoalmente — Aline sorriu. — Naara e Etama me contaram que você será treinada para a liderança. Achei a ideia fantástica. É sempre bom termos pessoas que inspirem a coragem nos outros. E você foi e está sendo muito corajosa até agora.

— Obrigada. Só espero continuar assim e fazer o meu melhor.

— Você vai, tenho certeza — balançava a cabeça em afirmativa. — Bem, começarei a reunião agora. Qualquer dúvida, pode se manifestar, tudo bem?

Assentiu, e Cristiane pediu silêncio, pois um murmurinho tomava o ambiente. Assim que todos pararam de falar, ela se levantou da cadeira e iniciou a reunião, comentando sobre a crise pela qual passavam.

— Os infiltrados estão morrendo — dizia. — Muitos não estão conseguindo chegar aos acampamentos. O governo está empenhado em caçá-los, o que é ruim para nós, para a nossa luta. Agora, sem os infiltrados, não teremos mais informações sobre as cidades, sobre os complexos. Como muitos sabem, perdemos todos os militares de São Paulo; foram todos executados. E não sabemos ao certo quantos militares estão conseguindo fugir para algum acampamento. Eles eram o nosso exército — suspirou frustrada.

— Cristiane — um homem perto dela se manifestou. — Entendo a sua preocupação, mas muitos de nós sabem lidar com armas. Fomos treinados à nossa maneira e podemos treinar os demais. Os militares que conseguiram chegar até nós podem fazer isso também. Vamos aumentar o nosso exército.

— Eu entendo a sua colocação — Cristiane deu passos por ali. — Só que a criação de um exército é demorada. Os militares são treinados desde muito jovens, seriam a melhor escolha — bufou. — Mas, infelizmente, não podemos mais contar só com eles. Como você disse, teremos de aumentar o nosso exército treinando aqueles que temos. O que mais me preocupa é que essa guerra pode estourar a qualquer momento.

— O que faremos agora? — uma mulher se manifestou. — Estamos em desvantagem. Os infiltrados eram a nossa arma secreta.

Cristiane contorceu os lábios, visivelmente perdida. Nesse momento, Etama se levantou, chamando a atenção de todos. Pigarreou antes de falar com firmeza:

— Nós vamos invadir o laboratório.

Um burburinho tomou o ambiente, o que fez com que Etama endurecesse a fisionomia. Ela pediu silêncio e continuou:

— Se quisermos trazer o restante da população até nós, temos de mostrar para eles a verdade desse país. Sei que muitos estão pensando que eles não se converterão, e concordo que a maioria não irá mesmo, mas temos que pelo menos plantar a dúvida. Até pouco tempo atrás, não sabíamos da existência desse laboratório. Temos de aproveitar isso.

— Entendo o que você diz — comentou o mesmo homem de antes. — Mas como vamos mostrar isso para a população? No que isso nos será realmente importante se uma guerra estourar?

País Corrompido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora