xi. detention (parte 2)

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Após terminarem seu trabalho, ambas saíram do local e entregaram os materiais usados ao seus respectivos lugares.

Foram andando juntas pelo corredor em direção as escadas, almejando chegar ao jardim

Bianca mantinha-se devagar olhando para a outra, e nenhuma das duas tinha a coragem ou o assunto para iniciar uma conversa

Consequentemente, ela percebia os olhares em si, tentando não se importar. Por que a mais nova não conseguia ser mais discreta?

Seus cabelos ruivos voavam ao sopro do vento que chegava em seu corpo e aquilo também a chamava a atenção

Quando chegaram no último lance, ouviu a menina que a notava se expressar

- A partir daqui eu vou ter que te guiar.

- Tá.

- Me segue, tá. - Perguntou, tendo a sua afirmação

Seguiam até chegar ao imenso jardim e Rafaella fez o que lhe foi dito, seguiu-a. Tentando não olhar para ela, claro.

- A gente chegou. Tá aqui.

Era um canto escondido em meio às plantas, onde entrava-se por um estreito caminho com tábuas na frente e muitos passarinhos pousavam nas poucas flores ao redor.

- É bonito aqui. - Finalmente Bianca recebera sua resposta  - Como descobriu esse lugar?

- Uma vez passei por aqui e achei estranha a distribuição das plantas ao redor. Parecia cortado e decidi ver o que tinha atrás. Desde então se tornou o meu lugar - Falou dando um suspiro - Você promete que não vai contar pra ninguém, né? Ou vou te dar um socão na cara pra deixar de ser fofoqueira.

- Não vou, não. Sua chata. - Terminou a frase em um tom mais baixo

- O que disse? Não sou chata. - Fez um beicinho

Bianca terminou sua defesa dando um empurrão de leve no ombro da outra, o que a fez rir

- Como você consegue se meter com alguém tão mais alto que você?

- Não sei. Eu nunca levei desaforo pra casa. Mas não sou tão mais baixa assim.

- É sim. Um bebê em todos os sentidos.

Bianca a viu rindo e a achou tão leve e bem assim, não pôde evitar de dar um sorrisinho para ela. Como era possível odiar alguém e ao mesmo tempo querer amá-lo? Não, não queria. Nunca.
Esse sentimento durou pouco tempo, pois seu humor subitamente mudou

- Já me arrependi de ter te trazido aqui. - Disse tentando disfarçar - Eu te odeio, não sei por que fiz isso.

- Tava demorando pra estragar tudo, né, Bianca? - Respondeu rapidamente - Mas, afinal, por que me trouxe aqui, mesmo? Você 'tá estranha me tratando bem assim.

Por que havia a levado lá? Era uma pergunta que nem Bianca conseguia responder sobre si mesma. Talvez gostasse um pouco dela, estava começando a admitir para si mesma. Talvez não tivesse nada melhor para fazer, também. Talvez achasse ela bonita.

- Eu vou criar um clube de poesia aqui. É um lugar discreto e inspirador. Você não vai estar convidada.

- Não queria, mesmo.

Bianca a deu a língua, como uma criança brigando com o colega de sala.

- De qualquer forma, você não tem cultura para isso.

- Por que? - Respondeu extasiada

- A gente precisa sentir pra escrever e interpretar. Poesia é sobre amor e desejo. Desejo pela vida e pelo corpo. - Fez uma pausa, passando a mão rapidamente sobre o queixo e olhando suas pernas bronzeadas - Você simplesmente não ama nada.

- Como sabe? Pelo menos sou de verdade, e não me importo somente com as aparências que passo aos outros.

- Vai se foder.

boarding school - rabiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora