Ficamos sabendo do triste destino de Inês

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Como prometido, Catrina nos levou até a entrada do Mundo dos Esquecidos, e o lugar era degradante, o brilho da cidade deixava de existir lá. Assim que chegamos, Catrina disse para procuramos Nicolau, que ele nos levaria ao Mundo dos Esquecidos, falou também que ele estaria no fim do cais, perto de um barco.

- Isso é o mais próximo que posso levar vocês.- Então Catrina voou para seu palácio, no seu grande alebrije.

Voltei a olhar para as pequenas casas abaixo de nós, eram todas barracos feitos de diversos pedaços de madeira, o lugar era povoado pelos esqueletos mais empoeirados que vi até agora, todo o lugar tinha um ar deprimente. Dessemos a escadaria para a cidade, a madeira sob nossos pés rangia, como se fosse ceder a qualquer momento.

- Por que tem gente vivendo nesse lugar?- sussurrei para Miguel.

- Bem, as pessoas que vivem aqui estão sendo esquecidas, então eles se reúnem aqui, como se fossem família.

Eu olhei ao redor, vi um grupo de esqueletos jogando cartas, mais adiante outros se reunião perto de uma fogueira feita em uma lata de lixo.

Pensei em uma coisa que Miguel tinha me dito, que ele tinha visto um esqueleto sendo esquecido, ele disse que o pobre moço se desfez em brilho, até sumir completamente. Ponderei se iríamos até o Mundo dos Esquecidos da mesma forma, nos desfazendo em purpurina.

Chegamos no fim do cais, e não foi difícil achar Nicolau, o esqueleto era o único no cais.

Corremos todos na direção dele.

- Você é Nicolau?- Perguntou Amelia, rapidamente.

- Sim, sou Nicolau.- O esqueleto era alto, usava um macacão que um dia já tinha sido branco, mas agora era cinza, com muitas manchas.- E vocês? Quem são?

Explicamos tudo para ele.

Ele parecia processar o que dissemos, olhava para todos nós, como que para ver se não estávamos mentindo. Finalmente disse.

- Tudo bem, essa história é melhor que a daquele esqueleto alí.- Nicolau apontou para um lugar que não tínhamos notado, lá tinha um esqueleto, sentado, olhando para as águas.

- HECTOR- Miguel saiu correndo na direção do esqueleto.

Hector então virou o rosto, ao nos ver, se levantou e correu para um abraço grupal, Amelia, porém, não participou, ela só olhava para Hector com um certo desprezo, como se ele tivesse feito algo muito ruim para ela.

No fim do abraço, Hector olhou para Miguel, e seu rosto foi tomado pela preocupação.

- Miguel, não pode ser, como veio parar aqui? E quem é esse garoto se transformando em esqueleto?

- Não temos tempo para isso.- A voz de Amelia soou como se ela sequer quisesse falar com Hector.- Precisamos ir logo para o Mundo dos Esquecidos.

- Eu sei disso, eu estava falando com Nicolau, mas eu ofendi seu caráter, e agora ele não quer me levar ao outro mundo.- Hector olhou com raiva para Nicolau.

- Como você sabe que tínhamos que ir ao Mundo dos Esquecidos?- Julio entrou na conversa.

- Quando sai pela manhã, consegui muitas informações sobre Inês, e uma delas era a de que ela estava aqui. Eu estava falando com Nicolau porque ele sabe de tudo que aconteceu nessa parte da cidade.

- E você descobriu que Inês não está nesse mundo.

- Pior, descobri que ela foi levada por Ernesto.

A menção ao homem pegou todos de surpresa, quando Miguel esteve aqui pela primeira vez, Ernesto tentou impedir que o garoto voltasse para o Mundo dos Vivos. Miguel também descobriu muitas outras barbaridades que Ernesto tinha feito.

Amelia foi correndo na direção de Nicolau, com um sapato na mão.

- Como você ousa deixar que o asqueroso do Ernesto levasse minha filha para o Mundo dos Esquecidos?

- Eu estou aqui para transportar as pessoas entre os mundos,- Nicolau estava bem na beirada do cais, quase caindo na água.- Não para impedir.

Então Amelia se acalmou, mas ainda estava com uma expressão de fúria.

- É melhor você nos levar para o mesmo lugar que levou Inês.- Amelia rangia os dentes enquanto falava.

-Está bem, mas só posso levar 3 passageiros, como podem vê, os deuses me deram só um humilde barco.- Nesse momento Nicolau apontou para Hector.- E eu não irei levar ele, não quero nada com esse daí.

-Está bem.- falou Amelia.- Miguel, Hiro e eu iremos, meu alebrije é muito bom em farejar, iremos encontrar Inês, e daremos uma boa surra em Ernesto.

- Mas seu alebrije é muito grande para o barco.- E Nicolau apontou para a onça, que, junto com Dante, eram os únicos alebrijes que nos acompanhavam agora.

- Pepita pode nos acompanhar voando.

- Não pode, só podem passar pelo Mar dos Esquecidos aqueles que estiverem no meu barco. Então seu alebrije não pode ir, mas o cachorro pode, há lugar no barco para ele.

- Esse cachorro é meu alebrije.- protestou Miguel, apontando para Dante, que estava correndo atrás do próprio rabo.

- Eu acho que ele não passa de um simples cachorro.- Nicolau falou, olhando para Dante.- Bem, tanto faz, melhor irmos logo para o Mundo dos Esquecidos, mas estejam avisados, quando vocês passarem para o outro mundo, não tem volta.

-Nós estamos fazendo o que aqui, vamos logo.

Então Amelia, Miguel, Dante e eu subimos aborto do barco de Nicolau e partirmos, com toda a família Rivera atrás de nós nos desejando sorte e dizendo tchau.

No barco, Nicolau ficou na frente, remando, eu estava sentado do lado de Dante, e na minha frente estava Miguel, com Amelia ao seu lado, Miguel parecia bem cabisbaixo, eu não suportei vê-lo daquela forma, então coloquei minha mão no joelho dele, para chamar sua atenção e disse.

- Não se preocupe, tudo vai acabar bem, iremos encontrar Inês, daremos uns bom chutes na bunda desse Ernesto, encontraremos Xibalba e voltaremos para o Mundo dos Vivos.

Minha palavras fizeram Miguel abrir um pequeno sorriso, fazendo sua covinha aparece. Amelia olhou para mim, com o rosto mais tranquilo

- Você é uma boa pessoa, Hiro. É bom saber que meu tataraneto tem pessoas como você na vida dele.

As palavras de Amelia me fez corar.

O momento estava bom, até Nicolau gritar, desnecessariamente

- ESTAMOS CHEGANDO.

Então olhei para frente, vi o Mundo dos Esquecidos, onde tudo seria resolvido, ou pioraria ainda mais.

Um Romance ImprovávelOnde histórias criam vida. Descubra agora