01. Shouyou, Girafa é com G!

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Quando se é criança, qualquer coisa se torna uma aventura. Tudo ao seu redor é enorme e questionador. Cada experiência é única. E um dia nunca é igual ao outro.

Kenma não entendia esse conceito.

Apesar de apenas um ano mais velho que Shouyou, e dois a mais que Tobio, Kenma sentia a necessidade de agir como o responsável por eles. Não só porque moravam juntos e foram criados como irmãos. Eles eram sua família e iria fazer de tudo por eles.

Então não hesitou em bater no garoto que estava intimidando Tobio.

— Deixa meu irmão em paz! — exclamou, avançando sobre o garoto. Ele não sabia dizer se o garoto era mais velho que ele, era claramente maior. Mas ele não era bem um exemplo de altura para sua idade. Entretanto, a diferença de tamanho não o impediu de jogar o garoto no chão, enquanto esmurrava qualquer parte dele que estivesse exposta.

Kenma só percebeu que estava chorando quando o tiraram de cima do outro garoto. Ele puxou seu braço que estava sendo segurado por uma das professoras. Limpou os olhos com as costas das mãos, procurando por seus irmãos.

Encontrou Shouyou em um canto, abraçando Tobio contra seu peito. Kenma imaginou que ele estivesse cobrindo o rosto de Tobio para que ele não visse toda aquela cena. Ambos estavam chorando.

Kenma ignorou a professora, que pedia para que ele se desculpasse ou ela seria obrigada a chamar seus pais, e foi até seus irmãos.

— O que ele disse para você?

Tobio não respondeu, ao invés disso escondeu ainda mais seu rosto no peito de Shouyou.

— Eles falaram que não era pra brincar com o Tobio, porque ele não tem mamãe. Ele disse que nossa família é estranha. — Shouyou respondeu em seu lugar.

— Nós três não temos mãe — respondeu Kenma, alto o bastante para todo o pátio ouvir. — E daí?

— Kenma-kun, você está fazendo um tumulto desnecessário. Eu vou ter que chamar seu pai.

— Pois que chame. Quer o número dele?

A professora respirou fundo, cruzando os braços. Ela não era paga o suficiente para lidar com garotos debochados.

— Vamos — ela o chamou, com um tom mais calmo. — Me acompanhe até a secretária, os quatro.

Kenma ajudou Shouyou a se levantar, com Tobio agarrado ao seu braço. Seu choro era silencioso, enquanto Shouyou soluçava e berrava o suficiente pelos dois. Kenma pegou na mão dos irmãos, seguindo a professora.

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Não demorou muito para que Sugawara entrasse na sala da diretora, eufórico e com o cabelo bagunçado. Kenma quase riu, imaginando-o correndo da sua sala de aula até ali.

— Meninos, o que houve? — perguntou ele, se agachando de frente para a cadeira onde os três estavam sentados. A resposta veio da diretora.

— Kenma-kun se envolveu em uma briga com um dos colegas.

Sugawara olhou para o garoto. As sobrancelhas arqueadas.

— O que o outro garoto fez? - perguntou ele, diretamente a Kenma.

— Ele estava dizendo a todos para que não brincassem com o Tobio, só porque ele não tem mãe. — Kenma respondeu.

— É verdade, papi, o Kira-kun que começou! — disse Shouyou, o rosto ainda vermelho por conta do choro.

Full houseWhere stories live. Discover now