Capítulo 10

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Em sua casa, seus amigos haviam passado a noite a velar seu corpo inerte.

Max não conseguiu dormir mais que meia hora e os três estavam em seu quarto quando o dia amanhecia, quando algo aconteceu:

Max sentado em uma poltrona com Xantal confortável em seu colo. Missy se empoleirara ao lado de Jund e cochilava, quando ele soltou um grito de gelar a alma e sentou-se na cama:

- Caralho, que porra é essa?! - Missy caíra no chão, com o susto, sequer se lembrava de onde estava.

Max, ao se levantar rápido, também tinha derrubado a namorada ao chão.

Os três correram para o amigo, desesperados e lhe perguntando o que acontecera.

Desamparados, perceberam que ele continuava dormindo, pelo menos ali, em seu mundo, ele ainda dormia.

Boquiabertos, viram que com os olhos fechados, sua expressão era de pura tensão e sua camiseta branca estava manchada de sangue.

Com movimentos frenéticos, arrancaram sua camiseta e ficaram estáticos.

Acima de seus braços, em seus ombros, havia um corte profundo como se ali, um estilete afiado tivesse o transpassado.

Com uma impotência aterradora, os três não sabiam o que fazer, a não ser esbofeteá-lo e gritar para que ele acordasse.

Até Xantal que era mais calma em situações extremas, não sabia como agir e lágrimas corriam de seus olhos.

Missy também chorava histérica e ao ver seu desespero, a amiga conseguiu se controlar para tentar acalmá-la. Pediu que ela fosse fazer um café e começou a cuidar dos ferimentos do amigo. Os cortes não eram superficiais, ela os limpou com antisépticos que encontrou no banheiro e os cobriu com gaze.

Reunidos os três ao lado da cama do amigo, sem saber mais o que podiam fazer, resolveram ligar para a mãe do jovem.

Rayla ouviu sem interromper, lhes contaram tudo, desde o momento que Jund ligara e até sobre os ferimentos que apareceram sem explicação alguma diante de seus olhos. Disseram que tinham agora provas de que ele não se machucava enquanto dormia.

A mãe do rapaz ficou tão perplexa quanto eles, agradeceu-os e pediu que ficassem com ele até que ela chegasse, que pegaria o próximo vôo direto para a casa do filho. Rayla estava viajando e inocente até então para as agruras de seu filho.

Voltando a si, Jund percebeu que ainda voavam e não tinha ficado desmaiado tanto tempo. O medo suplantava qualquer outro tipo de sentimento.

Estava muito longe do vilarejo que se escondera, não conseguia ter visão alguma. Só via melhor o céu, de um azul magnífico. Seus ombros doíam e ele sentia o sangue que escorria em seu peito. Mas a dor era o de menos, sua preocupação com a morte eminente, o aterrorizava.

Outra coisa o preocupava: Quando ferido da outra vez, acordara em sua cama. Dessa vez, seus ombros queimava, sangravam e doíam e ele estava preso ali. Não entendia o que acontecia, se estava em um mundo paralelo, se tinha controle sobre isso, só queria estar em sua casa, sua vida, seu mundo.

Seu medo mais real era o de jamais ver sua família e amigos, de morrer ali em um mundo que não pediu para conhecer, a qual não conhecia e nem queria conhecer.

Xantal estava frenética em suas buscas para saber se existia algo semelhante, mas só encontrava em suas pesquisas viagens espirituais e fantasias umas mais loucas e surreais que outras. Nada os ajudava.

Cada um imerso em seus fantasmas interiores, Max ao lado do amigo, o chamando em intervalos irregulares, Xantal só encontrava em suas pesquisas relatos desconexos e contos de fadas, Missy com as mãos trêmulas, limpava a pia, quando ouviu uma chave sendo inserida e girada na porta e estacou. Haviam evitado fazer barulhos, trancaram a porta, quem poderia ser?

Prisão Sem MurosOnde histórias criam vida. Descubra agora