2. E agora

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Pego o celular de dentro da bolsa e ligo para meu irmão. Vou precisar, e muito, da ajuda dele para minhas escapadas diárias. Não posso simplesmente chegar e dizer aos meus pais que farei um possível par romântico com Ruby Rose, em Batwoman. Não mesmo! Se quero pelo menos contracenar com ela na primeira temporada, vamos ter que arrumar uma desculpa das boas para eu poder ficar alguns dias ou até meses fora, gravando.

— O que foi irmãzinha?

— Cala a boca e me escuta. — Já corto ele de início.

— Uiuiui! Qual foi a encrenca desta vez? Pegou o carro do papai e bateu de novo?

— Pior. — Digo.

— Sentei. Conta tudo do inicio.

Falo rapidamente tudo que achei importante, deixando de lado a parte da Ruby e eu. Quando começarem as especulações de elenco e saírem as primeiras cenas na imprensa, espero já ter tido coragem de falar a verdade para todos. Por enquanto vamos viver um dia de cada vez.

— Quer dizer que tenho uma irmãzinha famosa! Não vejo a hora de poder contar para todos.

— Aguenta as pontas. É segredo de estado. Sabe como o papai se preocupa. E se ele descobrir cedo demais, pode ter certeza que ele vai acabar com a série toda!

— Deixa comigo maninha. Já sei exatamente o que falar para o Sr Berlutti. — Riu.

— Tenho que ir. Me deseje sorte. Vou precisar. Te amo. — Desligo e entrego celular e bolsa para a primeira pessoa que vejo pela frente.

— Arrebenta! — Nem esperou eu falar...

Cheguei no set de filmagem e Sonia vem em minha direção toda sorridente. Respirei fundo e sorri de volta. Simpatia e gentileza serão meus mais novos mantras.

— Venha querida, vou te apresentar a Ruby. — Sonia era a simpatia em pessoa. Nem parecia a mulher que quase acabou comigo minutos antes.

Olhei na direção em que ela se encontrava e nossos olhos se cruzaram. Um arrepio percorreu todo meu corpo, como se eu tivesse levado um choque. Choque eu levei quando ela se levantou e veio sorrindo na minha direção.

— O que eu faço! O que eu falo! — Falei baixinho. Sonia pegou em meu braço e se pôs a caminhar na direção dela, me levando de arrasto. Por sorte estava usando uma sapatilha rasteira.

— Ruby, querida, está é... — E Sonia me olhou pedindo socorro. Até por que ela em nenhum momento perguntou meu nome. Devia deixar ela se ferrar, mas não posso dar o braço a torcer. não agora.

— Ariel. — Falo e estendo a mão para cumprimentá-la. — Ariel Berlutti.

Sonia fica imóvel me encarando, não sei se rio da cara de tacho dela, ou se ofereço um chazinho. Só sei de uma coisa. Meu sobrenome abre portas, muitas portas.

Ruby sorri, segurando firme minha mão. Seguro meu olhar no dela, se ela pensa que tenho medo de brincar com fogo, está muito enganada. Adoro pular uma fogueira!

Apresentações a parte, é chegada a hora do vamos ver. O nervosismo toma conta do meu ser por completo, e Ruby parece perceber, pois se aproxima e passa um braço ao redor do meu corpo, segurando meu rosto com a outra mão.

Fecho os olhos e conto mentalmente até 3. Quando os abro, me deparo com um par de olhos cinzas esverdeados me encarando. Morri e fui para o céu!

— Todos para os seus lugares! — Escuto a voz do diretor chamando todos.

— Ariel, querida, aqui está o script para o seu teste. Pode usá-lo, já que seu personagem mudou. — Sonia é só sorrisos para o meu lado. Conheço puxa-sacos de longe e vai ser bem vantajoso tê-la aos meus pés. Não posso esquecer de comentar com Sebastian sobre ela.

— Obrigada. — Respondo e pego o papel de suas mãos. Caminho em direção ao centro do palco improvisado e aguardo o sinal para começar minha fala.

Tudo correu bem, muito bem até demais. Fiquei nervosa e errei algumas falas, nada de atrapalhasse muito. Ruby foi muito profissional e conseguiu driblar minhas gafes.

Fico parada no centro, esperando que falem algo como Você foi horrível, querida!, ou Para tudo da-se um jeito, mas não. Olho para o local onde o diretor deveria estas sentado, mas não é ele quem está la, e sim o homem responsável por tudo , meu pai.

— Quando sua mãe me contou o que a senhorita estava aprontando, eu não acreditei. Ela queria vir e acabar com tudo, mas eu não deixei. Queria ver com meus próprios olhos. E aqui estou.

Ouvir estas palavras da boca do todo poderoso Sr Berlutti, me deixou em choque. Principalmente por ele me chamar de senhorita. Estou ferrada ao extremo. Apenas olho para os meus pés, em sinal de respeito, escutando-o. Sei o quanto ele odeia ser interrompido quando fala, principalmente se for comigo. Respiro fundo e o encaro, afinal, não estou fazendo nada de mais. Sou apenas mais uma das milhares de adolescentes com um sonho.

— Estou falando contigo e espero uma resposta plausível, Ariel. — Fala e me encara, batendo freneticamente um dos pés no assoalho. Com a força que ele está aplicando, espero não ver o piso ceder sob ele.

— Pai! — Só falo isso e saio correndo na direção oposta a dele. Foi muito humilhante passar por isso. Sei agora exatamente o que Sonia sentiu ao ser tratada com desprezo por Ruby. Isso nunca havia acontecido comigo em público. Normalmente temos este tipo de conversa em particular. Nem mesmo Sebastian ou mamãe presenciam tal atitude.

Vou em direção ao camarim e troco de roupas o mais rápido que consigo. Coloco as que tirei sobre uma bancada próxima. Pego minhas sandálias de salto nas mãos e vou em direção ao carro. Espero que Peter ainda esteja me esperando. Como fui me esquecer que todos os veículos lá de casa são rastreados por GPS e meu pai tem acesso a todos eles. Só de imaginar ele lendo meus e-mails e mensagens, me deixa possessa. Mas é para nossa segurança, ele alega.

— Tudo bem, senhorita? — Peter pergunta, preocupado, quando entro no carro aos prantos.

— Cala a boca! E me leva para casa, agora. — Grito entre soluços, e ele me olha com compaixão. Peter já está conosco a muito tempo. Desde que me lembro, ele é o responsável por me levar onde quer que seja. Ele já tem boa parte dos cabelos grisalhos, e posso garantir que tenho uma boa quantidade de culpa em relação a isso. Ele não tem família, pelo que me lembro das poucas vezes que conversamos, ele é viúvo. Perdeu esposa e filha em um acidente de carro. E desde então, ele mora conosco, na casa dos fundos.

— Desculpe, senhorita Ariel. Mas seu pai foi categórico quando me deu ordens para esperá-lo aqui. — Responde, olhando-me pelo espelho retrovisor.

— Que seja. — Digo e saio do carro. Pego o celular de dentro da bolsa e vejo as milhares de notificações de mensagens na tela bloqueada. Todas de Sebastian. Nem perco meu tempo, e jogo o celular de volta para dentro. Caminho rapidamente em direção a saída e me deparo com uma moto parada logo após a cancela, e encostada nela, está Ruby Rose com um capacete extra em sua mão. Ela sorri e faz sinal para que me aproxime. Sorrio de volta e vou o mais rápido possível em sua direção.

 Sorrio de volta e vou o mais rápido possível em sua direção

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Mais um capítulo quentinho para vocês.
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Data: 1/4/2020

A namorada do meu irmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora