10_Cérebro do tempo.

896 74 6
                                    

- Oi Gustavo, fazia uns dias que não nos falávamos, como você tá? - Clarisse perguntou a ele sentando do lado do mesmo ignorando todo o resto do pessoal que estava ali.

- Oi Clarisse, eu tô...bem e...você? - Ele perguntou depois de nos olhar com a expressão de "alguém me socorre" me fazendo rir alto chamando a atenção da novata.

- Tá rindo de que florzinha? - Ela perguntou enquanto me olhava com indiferença.

- Lembrei de uma piada aqui, nada demais. - falei tirando o resto da paciência que eu tinha do fundo do baú.

- Essa garota é maluca. - Joyce falou sussurrando.

- Realmente, alguém tem que salvar o Gustavo. - Lua disse e o resto do pessoal concordou e em seguida me olharam.

- Ué, porque estão me olhando assim? - perguntei.

- Você vai ajudar ele. - Pedro disse enquanto ainda sussurravamos.

- Que? Como? - perguntei novamente.

- Inventa que você tá namorando com ele ou que tá precisando da ajuda dele, algo assim. - Gabi disse dando ombros e eu suspirei.

- Tá, mas se essa menina ficar enchendo meu saco depois eu não respondo por mim. - Falei e eles concordaram.

Olhei pros dois que ainda conversavam e chamei Gustavo.

- Gustavo será que você poderia me acompanhar até o seu carro? eu esqueci meu celular lá. - pedi a ele que me olhou sem entender muito mas logo compreendeu quando pisquei para o mesmo.

- Clarisse eu vou ter que ir lá, depois a gente se fala, tchau. - Gustavo falou rapidamente se levantando da mesa em seguida e me seguindo.

...

- Pelo visto você não falou com ela ainda né. - disse quando chegamos perto do carro dele e me encostei no mesmo.

Eu não tinha trazido meu celular então foi só uma desculpa.

- Me falta coragem. - Ele disse me fazendo rir.

- Um garoto desse tamanho com medo?

- Claro que não é medo, mas é que a Clarisse provavelmente não conhece a palavra "não".

- Inventa alguma coisa, fala que tá apaixonado por alguém, namorando, sei lá.

- Pra quem não troca 3 palavras no dia até que pra me dar conselhos você tá servindo bem. - Gustavo disse e eu bati em seu ombro o fazendo rir.

- Não precisa me agradecer. Será que já da pra voltarmos pra dentro?

- Vou mandar uma mensagem pra Gabie perguntando. - Me respondeu tirando o celular do bolso e eu assenti.- Ela disse que a Clarisse ainda tá lá dentro então é melhor esperarmos mais um pouco.

- Aqui fora tá muito frio. - falei passando as mãos pelos meus braços tentando me esquentar.

- Vamos entrar no carro, eu deixei um casaco no banco de trás.

- O moletom preto? isso ainda serve em você? - perguntei quando ele me entregou o mesmo moletom do nosso nono ano.

- Não, mas pelo visto serve em você. - respondeu assim que me observou por o mesmo em mim.

- Ainda bem que serve em mim, acho que congelaria de frio lá fora. - falei rindo.

Já era 18h da noite, ou seja, já tinha escurecido totalmente. Ver esse moletom mais uma vez me fez suspirar.

Agora que tudo havia se resolvido com a minha irmã e eu finalmente tinha conhecido um pouco mais do Gustavo...

- Pensando na morte da Bezerra? - Gustavo perguntou rindo e eu ri em seguida.

- Agora que já me resolvi com a minha irmã, você parece até mais engraçado agora. - Falei o fitando, notando agora que ele estava lindo, com uma camisa preta, calça jeans e jaqueta de couro.

- Nunca entendi o que eu tinha haver com isso da Gabie e você, mas que bom que se resolveram, fingir que te odiava era muito complicad...- falou e eu interrompi.

- Espera aí, fingir que me odiava? como assim fingir? - Perguntei arqueando as sombrancelhas.

- Nossa acho que vai chover hoje. - falou olhando pro céu tentando desviar o assunto.

- Você não respondeu minha pergunta!

- Ja está garoando olha...- ele continuou a falar enquanto abria a porta do carro descendo do mesmo enquanto eu o seguia.

- Pra onde você tá indo!? - perguntei e logo em seguida realmente começou a chover.

Esse cara tinha algum tipo de previsão do tempo no cérebro?

Ele se virou me olhando e sorriu. - Eu não disse que ia chover? - perguntou e a essa altura já estávamos encharcados.

- Parabéns cérebro do tempo mas a gente vai ficar doente. E você ainda não me respondeu. - Falei e ele suspirou.

- Eu fingia te odiar porque você me odiava, era a unica forma de pelo menos falar com você por alguns segundos. - disse.

- Mas...- tentei falar mas ele me interrompeu.

- Eu sou apaixonado por você desde o nosso nono ano Isabela. - Falou e eu travei.

Ele. era. apaixonado. por. mim? e por todo esse tempo??

- Nunca te falei antes porque por algum motivo que eu nunca soube, você me odiava.

Continuei o fitando e quando ele estava voltando pro carro eu fiz o que eu nunca, jamais, imaginaria fazer.

O puxei para perto e o beijei, coloquei uma das minhas mãos em seu cabelo e a outra em seu peito enquanto suas mãos foram para a minha cintura e seus lábios macios passavam pelos meus sentindo as gotas de água em nossos rostos.

Quando nos faltou ar e nos separamos eu o observei sorrir e acabei sorrindo também.

Naquele pequeno momento eu esqueci tudo em nossa volta e foquei meu olhar nele e nos barulhos de gotas de chuva que caíam do céu.

Eu soube naquele momento que sentia algo por ele quando ao invés de um coração acelerado e pernas bambas eu senti paz, leveza e uma calmaria que eu sendo tão intensa nem sabia que tinha.

Esse tipo de amor era completamente desconhecido por mim. Mas agora, meu coração estava louco para o descobrir.

Ouvimos um barulho e quando nós dois olhamos para onde o mesmo vinha, vimos as meninas e os meninos comemorando.

- FINALMENTE MUNDO!!! - Felipe, Pedro, Gabriel e Gabi gritaram e eu balancei a cabeça rindo.

- Eles já sabiam que você gostava de mim, não é? - perguntei e ele assentiu também rindo.

- A gente tem muita coisa pra dizer um pro outro, mas agora nesse momento eu quero te beijar. - Ele falou me puxando enquanto ainda chovia e me beijando enquanto o resto do pessoal se divertia na chuva junto de nós.

🦋 ••• Continua...

Sempre Foi VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora