Versailles | Larry Stylinson

I | 1. Marriage & Nuit de Noces

Harry estava acostumado a eventos e galanteios oferecidos pelos nobres da corte inglesa. Ensinado a corresponder com educação e elegância, o jovem ômega fazia de imediato, se divertindo com alguns alfas, quando estes tentavam lhe roubar um beijo e lhe oferecia sua bochecha.

Sua rotina era cuidadosamente planejada. Acordava às oito horas, tinha o desjejum com sua família oito e meia, das nove às dez um tempo livre e depois eventos, seja com nobres ou lidando com a plebe. E ele gostava disso. Agradava-se com seus horários estabelecidos, principalmente quando era seu dia de visitar o Orfanato Real de São Nicolau.

Era um dos orfanatos de Londres e o único que recebia a visita de membros da realeza. A cada duas semanas, o príncipe passava uma tarde inteira com as crianças, brincando, pintando e desenhando. Era a sua chance de relembrar de sua infância.

Não que ele fosse velho, nada disso. O rapaz tinha acabado de completar dezoito anos no último dia primeiro. Ele se assustava com a chegada de sua maioridade, logo apareceriam pretendentes de outras monarquias europeias e sabia que seu pai aceitaria sem consultá-lo. Desejava ter dezessete anos para sempre, assim permaneceria livre e solteiro.

Ao contrário dos outros ômegas, ele nunca quis se casar. Achava que era impossível existir amor em um casamento arranjado, mesmo depois de anos juntos. Havia tolerância, um certo respeito e até empatia, mas amor, não. E como um príncipe, sabia que seu destino era se casar com um.

Suspirou ao terminar seu desenho. Estava sentado com algumas crianças ao redor de uma mesa redonda de madeira escura. Ele usava o grafite para rabiscar os traços, manchando sua mão de cinza. Sombreou um último detalhe e sorriu pequeno. Tinha desenhado uma rosa com uma adaga, não era sua melhor obra, mas sua inspiração não estava aflorada.

- Que lindo, príncipe Harry. - Julie, uma menininha loira de seis anos, elogiou. Ela tinha grandes olhos azuis e a pele branca como porcelana. Usava um vestido lilás com alguns babados na gola.

- Obrigado. - inclinou-se para beijar a testa da criança. - O que está pintando?

Julie tinha suas mãos sujas de diversas cores, passava o pincel com delicadeza pela folha de papel grosso. O jovem ômega julgou ser uma arte abstrata, não conseguia identificar o que a pequena fazia, mas a mescla de cores dava um ar alegre e divertido à pintura.

- Não sei. - ela respondeu, sorrindo. - Vou colar na minha parede.

- Senhor. - um de seus guardas se aproximou. Era comum para ele viver cercado de seguranças, até mesmo em lugares julgados tão pacíficos quanto o Orfanato Real. - Já está na hora.

E o dia tinha ido embora. O ômega levantou-se e se despediu das crianças, dando um beijo na testa de cada um dos vinte órfãos que moravam sob os cuidados de Madre Catarina e suas beatas. No hall de entrada, fez uma prece rápida à imagem de São Nicolau, considerado padroeiro das crianças, e desceu as escadas de pedra para o pátio, vendo a carruagem escura o aguardando.

Subiu com a ajuda de um de seus guardas e sentou-se no banco de veludo. Acenou para algumas crianças que estavam na porta e os cavalos começaram a trotar, passando pelas ruas de Londres com destino ao Palácio de Kensington.

Harry mordeu o lábio. Era uma quinta-feira e assim que chegasse na residência real iria para a sala de jantar, ter uma deliciosa refeição com seus pais, irmã e cunhado. Respirou fundo e após alguns minutos, viu o palácio de tom alaranjado se aproximar, com seus belíssimos jardins, muito bem cuidados e com muitas espécies de flores. Era o lugar favorito do rapaz.

- Irmão! - Gemma sorriu quando a carruagem parou e ele desceu. Abraçou o mais novo e apertou suas bochechas. Ela usava um vestido azul-escuro, com a saia aberta em uma fenda na frente, expondo uma anágua branca decorada com laços. Sua cintura era fina devido ao uso constante de espartilhos e o decote ombro-a-ombro mostrava sua pele leitosa, um belo colar de diamantes e safiras adornava seu pescoço. Seus cabelos estavam modelados em cachos na altura das orelhas e alguns sobre a testa. Seu rosto recebia uma camada de pó de arroz e algum produto de coloração rosada nas bochechas. - Papai tem uma surpresa para você!