Deveres

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Quase 17 anos depois

               — Vamos sua molenga, estamos atrasadas. — Alya chamou mais uma vez sua irmã e melhor amiga, Marinette. — Se não der tempo de tomar café da manhã, a culpa vai ser sua.

               — Por que não me acordou quando se levantou? — Marinette perguntou, com desespero na voz, terminando de calçar o sapato.

               Alya, parada na porta do quarto das duas, apenas revirou os olhos e imitou a outra:

               — "Só mais cinco minutos, mãe...".

               — Ei! Eu não falo assim não. — Reclamou. Marinette se levantou e terminou de arrumar o coque no alto da cabeça, indo ao encontro de Alya.

               — Claro que fala. Quase todos os dias, na verdade. E vamos ou Etta e Ella não vão deixar nem migalhas para a gente. E seu avental tá do lado contrário.

               Elas seguiram para a cozinha, com Mari arrumando o seu avental. Lá, encontraram a cena típica de todas as manhãs: desordem.

               — Etta e Ella, ou vocês param agora mesmo ou eu vou deixar vocês de castigo! — Sua mãe gritou a sua frase costumeira, normalmente a primeira que Marinette escutava no dia. Nora e seu pai estavam sentados tomando o café, alheios à bagunça. Marlena viu que Alya e Mari tinham chegado e, dando um sorriso, falou: — Bom dia, meninas. Tomem o café rápido que vocês estão quase atrasadas.

               — Marinette Baguete achando que a gente está por conta dela. — Nora brincou, bebendo seu café enquanto estendia um braço para parar Etta, que corria em volta da mesa com um pão.

               — E Nora pegando no meu pé logo de manhã. — Mari retrucou, se servindo de café.

               — E qual é a desculpa dessa vez?

               — É que...bem... — Começou desconcertada, mas parou logo quando percebeu que iria apenas repetir uma desculpa usual. Nora deu seu sorriso convencido, sabendo que tinha vencido dessa vez. Ignorando-a, Mari foi até o seu pai e lhe deu um beijo na bochecha, fazendo o mesmo com a mãe. — Bom dia pai, bom dia mãe.

               — Bom dia, filha. Etta, devolva a caneca da sua irmã agora. — Otis mandou, sem alterar o tom de voz. As gêmeas pararam imediatamente e se sentaram na mesa, se ocupando em arrancar pedaços do pão e tacar uma na outra. Marlena apenas deu um suspiro cansado.

               — Nora, você vai limpar o que hoje? — Alya indagou se sentando e desviando de um pedaço de pão que voou de Ella.

               — A Anansi aqui vai limpar as molduras do grande salão, porque só eu tenho coragem o suficiente para chegar naquela altura. E você?

               — Quartos. De novo. Não vejo a hora do noivado do príncipe passar para eu não ter que limpar o mesmo quarto todos os dias. Eles nem chegam hoje!

               — Nathalie fica com medo de alguém chegar de surpresa. E vamos que está na hora. Vocês terminam de comer no caminho. — Marlene se levantou, juntamente com as suas três filhas mais velhas, bebendo o resto de suas xícaras. — Otis, você leva as meninas para a casa da sra.Lenoir?

               — Mas mãe! Lá é tão chato! — As duas disseram em uníssono. — A gente não pode nem brincar!

               — A gente tem sorte que ela pode cuidar de vocês. Ou preferem ficar na cozinha sentadas quietinhas, com a sra.Nathalie olhando feio para vocês o tempo todo?

A Garota AdormecidaWhere stories live. Discover now