1. Welcome

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Mais um dia começava e Louis já estava de pé. Não eram nem seis horas da manhã e ele preparava seu desjejum na cozinha de seu apartamento. Não era um imóvel luxuoso, mas era grande o suficiente para um casal morar confortavelmente, embora o homem vivesse sozinho.

Veja bem, ele não era um cara de relacionamentos. Namorou algumas vezes, mas achou a experiência desastrosa demais para querer algo mais sério ou duradouro. Não que fosse insensível ou não quisesse amar, só tinha outras prioridades em sua vida e um parceiro não era uma delas. Estava ocupado demais consolidando sua carreira como colunista de astrologia no maior jornal de Londres.

Ou ele amava seu parceiro por inteiro, ou nem tentava um relacionamento. Era assim que pensava. Apesar de ter um coração de gelo em muitos casos, era um romântico incorrigível. Quando amava, era intensamente e seus olhos eram voltados somente para o escolhido. Esse era o seu problema, não conseguia conciliar um relacionamento de tal porte com seu sonho de carreira.

E, entre amor e trabalho, o trabalho vinha primeiro em sua vida.

Louis espreguiçou-se, vendo a água quente ser sugada pelo coador e expôr o pó escuro do café. Coçou os olhos, bocejando. Havia ficado boas horas escrevendo e dormiu tarde demais. Seu organismo não estava acostumado a dormir apenas cinco horas. E, ainda por cima, acordou com seu celular tocando. Para piorar, era a operadora lhe cobrando o pagamento da conta.

Passou as mãos de dedos longos e um tanto rústicos pelos cabelos lisos e oleosos, respirando fundo e permitindo que seus pulmões se enchessem com o cheiro delicioso do café. Assim que terminou de passar a bebida, jogou o coador no lixo e deixou o pequeno bule no centro da ilha da cozinha.

Caminhou para seu quarto e separou uma roupa. Camiseta branca, calça jeans preta e blazer azul-marinho. Deixou as peças na cama e entrou no banheiro, ligando o chuveiro e ficando embaixo da água quente. Lavou-se e se enrolou na toalha, parando diante do espelho.

Passou a mão no vidro embaçado e viu o reflexo de um homem na casa dos trinta anos, com olheiras fundas devido às poucas horas de sono e expressões cansadas. Suspirou e passou a espuma de barbear em sua face, apanhando a lâmina e a deslizando. Estava há duas semanas sem raspar e já se sentia o Papai Noel.

Assim que terminou, lavou o rosto e saiu dali, pegando uma cueca na gaveta e a vestindo. Logo pôs suas roupas, penteou e secou os cabelos lisos e calçou um par de tênis. Guardou seu notebook e seu caderno de rascunho na bolsa, para logo voltar para a cozinha.

Deixou a bolsa na ilha e pegou um pacote de bolachas, servindo-se com o café já morno e tomando seu café da manhã simplório. Não era de comer nas primeiras horas do dia e só se alimentava para não desmaiar com uma queda de pressão.

Escovou os dentes, pegou sua bolsa inseparável e as chaves do carro, destrancando a porta do apartamento. Franziu o cenho quando pisou no corredor, estava cheio de caixas de papelão e o imóvel em frente ao seu tinha a porta entreaberta.

O último morador tinha sido convidado a se retirar do prédio porque um certo vizinho fez uma denúncia ao síndico. Ele sempre fazia festas barulhentas até altas horas em dia útil, Louis e a maioria dos habitantes daquele e dos outros andares acordavam cedo para trabalhar. Alguns tinham filhos pequenos e o som altíssimo atrapalhava as crianças. Então, depois de muitas multas, o sem-noção se mudou e deixou o apê vago.

Surpreendeu-se ao ver as caixas, ouvira dizer que o imóvel precisava de reformas, principalmente nas paredes, que estavam sujas e havia uma mancha enorme de infiltração no teto da sala. O vizinho de cima tinha consertado o vazamento de sua pia, mas, por não ter morador, o apartamento de baixo permaneceu com a mancha e um cheiro de mofo.

Constellations | Larry Stylinson Donde viven las historias. Descúbrelo ahora