17. I'll let you drive me crazy

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        Ethan

        Ainda tinha muito o que fazer, quanto mais desencaixotávamos as coisas, mais coisas pareciam surgir, eu não sabia que tinha tanta coisa até ter que reorganizar tudo em seu devido lugar. Agora eu agradecia aos céus por ter uma ajuda, eu nunca conseguiria arrumar tudo isso sozinho e se conseguisse nunca ficaria tão bom quanto estava ficando. Alice uma hora ou outra vinha verificar o que eu estava fazendo, contestando em minha arrumação e dando seu toque feminino que acabava por deixar ainda mais gracioso e amistoso.

        Ela chegou às nove da manhã, com um sorriso no rosto e como ela mesma disse sua roupa de faxina. Um short e camiseta não pareciam roupa de faxina para mim, mas se ela dizia que era então era. Não demorou muito para o sorriso sumir e ela começar a acatar ordens e mesmo ela sendo mais nova que eu, eu as obedeci.

        Poeira por todo lugar, sujeira por todo canto, só se multiplicavam a cada coisa que mexíamos e não muito satisfeita ela resolveu que deveríamos mudar os moveis de lugar e sem contestar nos mudamos os moveis da sala do lugar e por fim concordei que tudo ficou bem melhor e amplo como ela havia dito que ficaria.

        Terminei de organizar algumas coisas no meu quarto e fui à procura de Alice que tinha ficado de arrumar a pequena área onde decidi que seria meu escritório. Ao me aproximar ouvi o som da sua voz e quando a vi ela remexia os quadris de um lado para o outro rebolando e fazendo gestos em quanto limpava uma estante pequena onde ficariam os livros. Não só dançava como também cantava a musica em inglês que saia da caixa de som do seu celular.

        Tinha uma batida forte e divertida que concerteza eu não conhecia, eu nem sabia o que era música mais.

        Ela estava tão concentrada em sua dança e cantoria que nem tinha me visto, mas eu já observava há uns minutos não podendo deixar de sorrir quando ela soltou um “UHHH...” desafinado seguido de um “I’ll let you drive me crazy” imitando o cantor. Eu não sabia muito de inglês, mas eu sabia o que aquela frase significava. E ela começava a ser meio que pessoal. Ela começava a me deixar louco, mesmo que sem saber.

        Podia ser engraçado e divertido, mas eu gostava de vê-la dançando e cantando, saber que o que aconteceu dias atrás tinha ficado para trás. Era muito bom ver seu lado moleca, seus cabelos presos em uma Chiquinha frouxa, uma blusa amarrada em um nó mostrando um pouco da sua barriga, seu short jeans curto e seus pés descalços, isso mostrava a menina que ela era.

        Assim que a musica acabou ela se virou de repente, e a me ver começou a gargalhar, um riso verdadeiro e gostoso de ouvir. Parou abruptamente, as bochechas coradas de uma leve vergonha que surgia.

― Está ai há quanto tempo? ― pegou o celular de cima de uma das prateleiras da bancada e parou a música seguinte que começaria a tocar.

― Tempo bastante para ver que você é uma péssima dançarina. ― cruzei os braços e sorri balançando a cabeça. ― E cantora. ― ponderei.

― É mesmo? ― semicerrou os olhos. ― Sou muito sexy meu bem. ― remexeu os quadris de um jeito sensual rapidamente.

Aquilo me arrancou gargalhadas, dessas que a barriga doem de tanto rir.

― Não entendo porque tanto riso? ― falou seria. ― Quero ver você dançar. ― me desafiou. ― Duvido que saiba.

― Não vou dançar Alice, já estou velho pra isso. ― disse entre risos. ― Nunca fui um belo dançarino, admito minha falta de malemolência.

― Não acredito que você falou isso. ― agora ela começou a gargalhar e eu fiquei estático sem entender o que de tão engraçado eu tinha falado pra ela começar a rir daquele jeito. 

― O quê? ― cruzei os braços novamente.

― Malemolência? ― balançou a cabeça para os lados. ― Você não é tão velho assim pra usar esse tipo de palavra.

― Ahh... não é uma palavra tão antiga assim não. ― dei de ombros.

― Mas agora eu quero ver essa tua malemolência. Disse que não sabe dançar música agitada, mas lenta você sabe. ― seu tom era completamente desafiador. ― Eu vou até me habilitar a ser sua parceira, já que só existe eu por aqui. ― olhou ao redor para ter certeza. ― A não ser que você queira dançar com a vassoura. ― olhou para a vassoura parada na parede ao meu lado.

― Eu acho que esse cantor não deve ter uma musica lenta. ― eu com certeza queria tirar o meu corpo fora.

― Claro que têm. ― pegou o celular. ― Mesmo se não tivesse esse aparelhinho aqui cabe bastante música. ― balançou o telefone celular para que eu visse voltando sua atenção para o aparelho e escorregando seus dedos pela tela. ― achei. ― me olhou com um riso vitorioso nos lábios e ao mesmo tempo amedrontador.

― Acho que você não sabe dançar música lenta.

― Ahhh Ethan, por favor, vai ficar de nhe, nhe, nhe? É só uma dança. ― veio em minha direção deixando o telefone em uma das prateleiras e pegando minhas mãos, me puxando para o meio junto com ela. ― A única coisa que pode acontecer vai ser eu pisar no seu pé...

― Então. ― cortei-a. ― Você acha pouco?

― Para de palhaçada. Prometo que não vou pisar no teu pé. ― disse olhando profundamente em meus olhos.

― Tá garota chata. ― me rendi. ― Só um pouco, temos muito o que fazer ainda.

― Ok.

        Ela deu play deixando o celular novamente onde estava e pegou novamente minhas mãos. Um som de piano ecoou pelo pequeno espaço, era mais uma musica em inglês, soube assim que o cantor começou a cantar, mas não era o mesmo. Eu estava inseguro, sem saber se começava mesmo ou não.

― Nós vamos dançar, ou vamos ficar nos encarando aqui?

― Calma. ― pedi. ― Só estou me habituando com a música. ― sorri sem graça.

        A música rolava e eu sentia o nervosismo tomar conta de mim. Alice tomou a iniciativa envolvendo seus braços ao redor do meu pescoço.

― Vamos Ethan, me mostra do que você é capaz. ― sussurrou em meu ouvido.

        Seu halito quente entrou em meu ouvido e no mesmo instante coloquei minhas mãos ao redor da sua cintura fina, fechando meus olhos e deixando o instinto me guiar. Meus pés deslizaram contra o chão vagarosamente trazendo-a comigo. Deixei me levar tanto que continuávamos dançando mesmo eu tendo dito que dançaríamos apenas um pouco. Girei o corpo de Alice no ar graciosamente e a trouxe novamente para mim, colando nossas testas uma na outra. Foi quando seus lábios quase encostaram-se aos meus, ficamos nos olhando, um nos olhos do outro por um tempo, meus olhos traçaram o desenho lindo que sua boca tinha. Dava para sentir a sua respiração ofegante bem perto de mim, nossos rostos ficaram próximos daquele jeito e fazendo com tudo a nossa volta perdesse o sentido.

        Olhos nos olhos. Respirações fortes, corações acelerados, e uma vontade enorme que gritava dentro para beija-la...

Desapego - IMCOMPLETODonde viven las historias. Descúbrelo ahora