Capítulo 1

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Em Ilions, era uma noite fria. Todos se arrumavam para voltar para suas casas depois de um longo dia. Estava em uma cidade precária não muito longe da capital do meu destino.

Ouviam-se uivos e sons de cavalos perto de onde eu estava. Rapidamente as pessoas se enfileiraram atrás de um cortejo que havia acabado de chegar. Era volumoso e da alta classe, todos estavam curiosos para ver quem seria a figura que sairia da carruagem.

- É o príncipe, é o príncipe! Saudemos o futuro rei– esbravejava um camponês, sorrindo de orelha a orelha enquanto toda a multidão deslizava atrás da carruagem ao longo da cidade.

Não se sabia realmente se era o príncipe ou não, apenas uma leve sombra dava-se para ver de dentro, nada muito nítido. Todos estavam animados com a chance de ver um nobre, que raramente aparecia neste lado do reino.

-AH, saiam daqui seus imundos– Disse o homem que comandava as carruagens- oush, pronto pronto – Os cavalos estavam ficando inquietos com a multidão que se formavam em volta. De dentro da carruagem um pequeno lenço de seda é levantado, mostrando apenas uma delicada mão feminina que o sacudia levemente. Todos ficaram mais empolgados e se aglomeraram mais. Um homem se equivocou e acabou beijando a pequena mão á sua frente e foi empurrado por um guarda.

Em meio ao desespero o homem pediu misericórdia, mas de nada adiantou, foi pisoteado pelo cavaleiro ali mesmo. A multidão esbravejou de raiva e todos foram pra cima, me afastei e vi a multidão se espalhar. Algum tempo depois, muitos camponeses estavam mortos, com seus corpos jogados e tumultuados no chão.

Uma pequena luva é lançada no ar. Do cortejo, uma jovem dama desce e olha com desdém para as pessoas mortas a sua frente.

-Esses cachorros, sempre latindo e pedindo por misericórdia, isso me enoja- disse uma moça pisando no corpo do mesmo homem que havia lhe beijado a ū mão. Ela cospe e afunda sua luva, que havia caído perto do corpo, na terra vermelha de sangue.

Nenhum dos dois boleeiros haviam notado que a passageira havia descido do cortejo, e a mesma coçou a garganta incrédula, até que um veio em sua disposição .

-Me desculpe por esse tumulto, Sua Alteza– ele se ajoelhou e a mulher colocou seus sapatos, que agora estavam sujos de sangue, em cima do homem, que com a própria manga de sua camisa os limpou calmamente. Ela ri da situação de seu empregado e o joga no chão em seguida, se virando para entrar novamente na carruagem. Ao puxar as cortinas, ela pode me ver e me encarou com desdém e com leve sorriso no rosto. Chamou um guarda e apontou em minha direção, ele se virou e olhou em meus olhos, confirmando para a moça em sua frente levemente. Ele veio até mim e me agarrou, me levando para dentro da carruagem.

-Você não parece ser daqui– ela me encarava com os olhos fixos em mim e, a medida que a mesma piscava, seus olhos continuavam sobrepostos em mim e em meus ferimentos que estavam expostos. Hesitei, porque, para dizer a verdade, não sabia quem ela era. Sabia sim que era uma princesa, mas quem, e de que país, não sabia.

-Estou vendo que não é muito de falar– A carruagem começou a se mexer e a sacudir. Ela já havia parado de me encarar e olhava pelas fresta da cortina a pequena cidade .Estávamos na estrada há algum tempo e o sol já poderia ser visto além do horizonte. A princesa repousava, se apoiando na beirada da janela com os olhos fechados, parecia que estava dormindo. Ainda não sabia o motivo de eu estar ali, ou de ela ter me mantido viva.

-Você deve estar se perguntando porque eu não te matei– disse a princesa, permanecendo ainda de olhos fechados. Continuei em silencio fazendo ela abrir seu olhos e continuar– Minha mãe sempre me contou uma história que se passava em uma região perto daquele vilarejo– ela me fuzilou esperando alguma reação de mim e riu dando de ombros .

-A alguns quilômetros de distância deste vilarejo há uma floresta de sacrifício do povo Vamys. Os mesmos acreditavam que esta floresta era habitada por uma deusa da morte, que quando estava com raiva secava plantações. E há 130 anos atrás houve uma grande seca, todos os reinos estavam em guerra a procura de comida, apenas o reino de Ilions não havia sido atingido. Devido a isso, os Vamys foram influenciados pelos Ilions a um casamento arranjado com as famílias reais da época, mas havia um problema. A rainha desta terra havia acabado de dar a luz à uma criança e não era casada. Com a fome, guerras por toda parte e uma rainha impura, o povo de Vamys começou a crer que o espírito que reinava a floresta, estava com raiva por eles terem uma rainha que não era digna, e a mandaram para ser sacrificada na floresta. E assim foi feito, a rainha foi mandada pra floresta e nunca mas se soube dela, a criança também não se sabe ao certo, se ela foi sacrificada ou sobrevivera. Mas devido a isso, o país entrou em colapso, que logo após o ocorrido foi invadida e destruída por Ilions– Eu não compreendia porque ela estava me contando essa história.

-Minha avó uma vez me descreveu como essa rainha era– Ela se levantou e se aproximou de mim- e você me chamou a atenção exatamente por isso. Você é idêntica á sua descrição– ela apertou meu braço levantando minha manga– E até mesmo possui esse sinal vermelho em seu pulso. Eu estou realmente muito curiosa para saber quem você realmente é.

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⏰ Last updated: Apr 07, 2020 ⏰

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The Fox Queen : Apenas um sussuroWhere stories live. Discover now