1- Minha Relação Com os Animais.

176 0 0
                                    

Admito que, desde pequena, fui apaixonada pelos animais. Todos, sem exceção. Desde os mais pequenos insetos aos mais enormes animais selvagens e, claro, os lindos cães e gatos que ficavam ao meu redor. Com os animais, sentia-me em casa, e sabia que tinha muito a aprender com eles, mesmo que não conseguíssemos nos comunicar através da fala. Olhares e gestos eram o suficiente para que eu, ainda criança, entendesse que eles estavam ali para serem amados, respeitados e cuidados pelos seres humanos, não o contrário. Fico feliz em dizer que eu estava certa. 

Minha jornada com animais sempre foi bastante interessante. Cuidava de minhocas em meu jardim e colocava água nas folhagens para que elas sobrevivessem. Lembro-me de que também haviam tatus minúsculos e, toda vez que caminhava no jardim, cuidava ao máximo para não pisar em nenhum. Toda vida importava. Pensava que, para nós, poderiam ser minúsculos, porém, num contexto geral, seríamos nós tão grandes assim? Não seríamos, como eles, criaturas em aprendizado e constante evolução que, como eles, não deveriam ser atrapalhados nesse processo?

Não culpe somente a mim pelo meu amor pelos animais; culpe a minha genética. Minha avó é uma protetora de gatos e cachorros. De tantos amargurados que abandonaram seus bichinhos, ela, com seu coração gigantesco, pegou-os para si e os trata como se fossem seus filhos. Meu avô, junto com ela, também cuida dos animais, e tem seus próprios cachorrinhos, que o seguem para todo lado (muito amor envolvido, não é mesmo?). Minha mãe participa ativamente de ONG's de proteção animal, atuando como pode para ajudar os animais de rua, além dos animais que adotamos, é claro. Meu pai também, é incrivelmente apaixonado por nossos animais. Resumindo: sim, somos loucos por animais! Sem gostar de animais, é praticamente possível entrar em nossa casa. 

Como toda criança, eu era inocente, e perguntava-me porque os animais eram maltratados, sendo que eram criaturas tão inocentes, belas e amáveis. Quando chegava em casa, meus cachorros iam até mim, assim como meus gatos, que também me reconheciam. Eles sabiam mesmo diferenciar rostos, vozes, gestos - e eu acredito até hoje que eles sabem diferenciar algumas palavras. Eles tinham sim sentimentos e, em muitos casos, muito mais potentes e poderosos do que os nossos. Cheguei a conclusão de que nossos conceitos precisavam mudar. Meu maior choque, porém, aconteceu quando descobri que isso não se estendia somente a cachorros, gatos, e aos animais do meu jardim.

Infelizmente, a realidade, em alguns casos, é um pouco dura. Enquanto meus animais tinham tudo do bom e do melhor, outros milhares eram descartados e mortos como lixo em matadouros, produtoras de derivados e redes de pesca. Para piorar, descobri que muitos consumidores de carne desperdiçavam ainda mais essas vidas, tratando-as com desprezo e desafeto. Indivíduos deixados em galpões, sem comida, sem água, com fezes contaminadas em baixo de seus pés, espalhado doenças e diversos outros problemas de saúde. Passei a acreditar que aquela não era uma vida digna para os animais, porém, como alguns fazem, deixei de lado, e continuei a consumir carne como se nada estivesse acontecendo. Mal eu sabia que eu financiava aquela indústria e que, mesmo quando não queria, estava a defendendo com unhas e dentes. 

Meu protesto pelos animais de rua continuou. Fiz caminhadas, posts no facebook. Fui contra touradas, caçadas, e outras coisas que hoje estão sendo, por sorte, cada vez mais condenadas. Ouvia falar sobre vegetarianismo, porém, nunca dei ouvidos da maneira que precisava ter escutado. Pensava que era um pouco de exagero, apesar de sempre ter respeitado o que eu pensava ser somente mais um movimento qualquer. Não era. O veganismo é uma filosofia de vida. 

No início do ano passado, adotei uma gatinha pequena. Como ela chegou até mim? Bem, alguém a abandonou numa caixinha, na frente da casa de minha avó. Minha mãe então, apesar de termos prometido que tentaríamos nos controlar um pouco nas adoções, decidiu que me daria ela de presente. Foi um dos melhores da minha vida. Minha gatinha, Cloe, se tornou minha melhor amiga felina. Hoje ela está completando pouco mais de um ano. Felizmente, está saudável e não tem grandes sequelas do abandono. Ela gosta daqui. Costuma correr pelo pátio, se esconder no meio das árvores e brincar com os cachorros. Eu amo essa gatinha, e faria tudo por ela. E,  bem, por que ela é tão importante nessa história? Foi com ela que meu contato e paixão pelos animais voltou a florescer. 

Eu havia me esquecido do quanto amava a natureza. Esquecera-me do quanto os animais poderiam curar doenças, curar transtornos e desamores diários somente com um toque, ou com um "sorriso". Quando estava triste, ela sentia - e sente até hoje. Vinha-me fazer carinho, sempre com seu jeitinho discreto e amável. Então, percebi a importância que os animais possuíam; todos eles. Eles têm a capacidade de nos ajudar a evoluir e a amar, ensinando-nos muito mais que muitos livros e palestras. Quando ficamos perto de animais, nossos sentimentos são enriquecidos e nosso dia, na maior parte das vezes, melhora, nem que seja somente um pouquinho. Animais, para mim, são aquelas coisas simples que precisamos dar valor. O amor está no simples. Eles valem muito mais do que qualquer outra coisa que você possa comprar.

Amar os animais é um passo para a evolução. Percebi, no entanto, que era um tanto estranho defender o amor a uns, enquanto outros sofriam de maneiras inimagináveis - e que eu contribuía para aquele sofrimento. Abordarei num capítulo seguinte como me tornei vegana, no entanto, o que poso dizer é que coloquei a mão em minha consciência. Aprendi que eles estão aqui com a gente, não para a a gente. Que, mesmo não sendo tão fácil, sair da zona de conforto e tentar algo novo, em alguns casos, é necessário para que a sociedade evolua como um todo. Há um jeito. O ser humano tem uma incrível capacidade de adaptação. Nossa criatividade e evolução são ferramentas fantásticas, e podemos observá-las todos os dias. Seria, então, uma utopia tão grande assim acreditar que possamos viver em compaixão com os que estão ao nosso redor? 

Talvez eu seja uma sonhadora, uma romântica. Sim, eu sonho. Enquanto puder compartilhar desses sonhos e tentar mudar o mundo, no entanto, farei-o com prazer. Lembre-se de que a mudança começa por você. O sonho meu e de muitas pessoas somente se tornará realidade se você fizer a sua parte. Então, o que está esperando? Tente! A vida é longa. Não se prenda a padrões de alimentação, muito menos ao que já foi estabelecido, afinal, tudo muda, não concorda? Você pode mudar agora mesmo.

Quanto mais você mudar, maior a chance das pessoas mudarem junto com você. 


Veganismo - O Amor Além das PalavrasWhere stories live. Discover now