Quem semeia ventos...

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Sallie olhou para os lados antes de atravessar a rua com o envelope em mãos.

A mãe estava ocupada a comprar o gelado que ela lhe tinha pedido, juntamente com uma caixa de bolos para o jantar daquela noite. Era altura perfeita para se esgueirar até aos correios.

Do outro lado da rua de uma só faixa, subiu os degraus a correr e deixou a carta na caixa voltada para o exterior, exclusiva para correio não urgente. Ela não queria saber quando é que a carta chegaria ao seu destino, tão pouco estava disposta a pagar para tal coisa. Se chegasse, chegaria. Se fosse extraviada pelo caminho, o problema não era dela.

A rapariga desceu as escadas e voltou para o passeio.

— Sallie!

A jovem olhou a mãe que lhe acenava e apressou-se a juntar-se a ela do outro lado da estrada.

Está tudo bem? O que é que foste fazer aos correios?

Sallie aceitou o gelado de caramelo que a mãe lhe estendia com um sorriso de agradecimento.

Não foi nada. Uma senhora precisava de ajuda com uns sacos e eu ofereci-me para os carregar. — A mãe sorriu, não desconfiando da mentira. Vamos andando?

Vamos.

Mãe e filha sorriram antes de recomeçarem a caminhada pelo paradão junto à praia, ouvindo o relaxante ir e vir das ondas do mar, desfrutando daquela vista maravilhosa uma última vez.

230 palavras

A única carta que alguma vez lerás (⚢)✔Where stories live. Discover now