As cartas

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"A sutil arte de trocar cartas vai muito além de uma singela inocência, pois para muitos lhe faz cair em uma tênue armadilha". — Isabelle González.

Uma semana se passou...

Após aquele dia, Edward e eu ficamos fingindo que tudo aquilo não tinha acontecido e voltamos a ignorar um ao outro. Bom, pelo menos eu estava fazendo isso e muito bem até hoje.

Enquanto estava deitada debaixo da minha árvore e sim, meio que apossei dela como minha. E estava quase me entregando ao sono que sempre sinto após o almoço, até que sinto uma sombra cobrindo o meu rosto e como sei disso? Porque até alguns segundos atrás, estava sentindo um pouco dos raios solares sobre mim e agora não estou os sentindo.

Tentei ignorar por achar que o sol tivesse se escondido entre as nuvens e voltar a curtir o meu sono que estava querendo me dominar, até que sinto alguém sentar ao meu lado e não me perguntem como, só simplesmente senti. E como sou uma pessoa muito curiosa, fui obrigada a abrir os meus olhos para saber quem foi o infeliz que ousou estragar o meu momento de paz.

Assim que os abri, olhei para o meu lado direito e vi a pessoa que menos queria ver na minha vida. Para o meu azar, era o Edward que não parava de me encarar nem por um segundo e isso estava começando a assustar. Me levantei um pouco para ficar sentada na mesma forma que ele estava, o encarei seriamente para que ele percebesse que não estava feliz com a presença dele ao meu lado e que ele fosse embora por educação.

Mas quem disse que isso funcionou? Ele permaneceu ao meu lado calado e apenas me observando. Realmente não sei se isso era alguma mania dele ou algum costume bizarro desta época, mas não estou aguentando e agora irei me levantar, já que não queria brigar até porque não tinha muita necessidade disso.

E foi isso que acabei fazendo, enquanto dava alguns passos em direção ao portão principal do castelo, senti alguém me segurando pelo meu braço direito e instintivamente, olhei para trás:

— O que você quer, Edward? Já não basta ter me encarado daquela forma tão estranha e agora está me perseguindo? — Perguntei já perdendo a paciência.

— Me desculpe por ter a encarado de uma forma nada sutil, és que não conseguia pensar em como começar uma conversa com a senhorita. Eu estavas tentando criar uma certa coragem para lhe entregar isto! — Disse enquanto me entregava uma carta branca que estava fechada com um selo vermelho.

— Uma carta!? — Perguntei enquanto o encarava um pouco surpresa e sem entender no que estava acontecendo.

— Sim, mas por favor só o abra quando entrares em teus aposentos e agora tenho que ir, preciso resolver algumas coisas com a minha irmã gêmea, Lucy. — Disse e andou mais alguns passos até se adentrar dentro do castelo.

Ok, isso foi muito bizarro e, com certeza esta carta deve conter mais coisas bizarras ainda...

A cada dia que passo neste século, mais vejo que as pessoas da minha época são normais se comparado a eles. E nem estou me referindo aos teus costumes, mas sim a sua forma de ver o mundo e de achar que mulheres não podem ter os mesmos direitos que os homens. Sei que no século XXI, não mudou muita coisa neste quesito. Mas mesmo assim, acho que esta época é pior ainda neste tipo de assunto.

Enquanto encarava a carta, que mesmo sabendo que o Edward me pediu que só o abrisse assim que estivesse dentro de meu quarto, a minha curiosidade estava querendo me dominar e sinto que terei em não atender este pedido, sim, irei acabar o abrindo só para saber no que estava escrito mesmo tendo quase certeza que só teria mais uma coisa bizarra vinda dele.

Mas por outro lado, não poderia fazer isso porque até então seria péssimo de minha parte. Mas quer saber de uma coisa? Irei abrir mesmo assim, não sou obrigada a morrer de curiosidade por causa de uma carta idiota.

The Best Of Both WorldsWhere stories live. Discover now