Capítulo 11

599 58 1
                                    


Percebi que eu já estava a uns quarenta minutos (no mínimo) encarando a tela da televisão sem prestar atenção em nada do que se passava.
Eu forçava e forçava meu cérebro a não se focar em Matteo, a não se lembrar do beijo, das suas palavras, do seu gosto de whisky misturado com cheiro do seu perfume e...

Não estava adiantando.

Por mais que eu me lotasse de compromissos tentando ocupar minha mente e corpo, nada estava adiantando, meu chefe tinha me beijado na segunda, hoje é quarta e eu ainda sou capaz de sentir meus lábios formigando ao lembrar daquele beijo.

Na segunda, depois que sai da sala de Matteo não fui capaz de continuar naquele lugar, acabei cancelando a reunião que eu teria a tarde e vim correndo pra casa.
Fiz certo? Com toda certeza não, mas ele também não foi certo ao me atacar daquele jeito – ou foi?

Matteo não tinha o direito de me deixar confusa assim, ele não tem o direito de ser grosso e simpático e depois bravo e então me beijar, ele não pode ser um cavalo e depois me pedir desculpas e falar algumas palavras bonitas.

Ele não pode ferrar completamente minha sanidade desse jeito!

Na terça pela manhã nós diretores tivemos uma reunião com o Adamatti e eu não posso dizer como ele estava porque me forcei a não olhá-lo, entrei muda e sai calada, só me pronunciei quando tive que me fazer e minha atenção sempre focada em qualquer outro lugar que não fosse aqueles olhos verdes.

Hoje já foi mais difícil manter essa distância porque tinha que conversar com ele sobre a nova campanha, mas consegui me virar bem ao levar Nina para me acompanhar.

Eu, Nina e Matteo dentro da sala discutindo campanha de marketing. Improvável, mas bem melhor do que eu e Matteo dentro da sala discutindo sobre o beijo.

Talvez nos beijando, quem sabe.

Sei que uma hora ou outra teríamos que conversar e não vou conseguir adiar por muito mais tempo, mas qualquer diálogo possível que eu pintasse na minha cabeça todos saiam de uma forma ou de outra desastroso.

Então evitar a fadiga me parecia bom.

Sério, não estou ficando louca, o meu raciocínio é lógico ao pensar que de todo jeito um envolvimento com Matteo seria catastrófico.

Para organizar minha mente eu tinha listado os prós e contras de um envolvimento com Matteo Adamatti:

Contra um: Matteo é meu chefe – e só esse fato já se encerra o ponto um.

Contra dois: Além de meu chefe ele é bipolar e de lua, nunca se sabe se da para conversar ou não com a peça.

Contra três: Não bastando ser bipolar ele é extremamente atraente, sendo lógica; de cem mulheres no mínimo oitenta não se importariam de lavar roupa naquele tanquinho – se elas fossem baseadas em mim o resultado seria as cem.

Contra quatro: Matteo tem um filho.

Sei que o quatro não deveria ser um ponto contra, mas o filho logicamente tem mãe e dependendo da mulher traz sim pontos negativos a um futuro relacionamento. Além do mais eu pretendo ter filhos, as vezes ele não quer mais... Enfim.

Contra cinco: Às vezes ele nem quer um relacionamento e se ele for como esses caras que gostam de brincar com as mulheres, e se ele não gostar de compromisso e só quiser alguém para (desculpe o termo) afogar o ganso de vez em quando, alguém que seja do seu serviço e entenda o quanto ele é ocupado.

Contra seis: E se tentássemos algo e ele simplesmente decidisse não querer mais, acabando com meu emprego e qualquer chance de eu crescer profissionalmente – improvável, mas poderia acontecer.

PELA TUA ESSÊNCIAOnde histórias criam vida. Descubra agora