Capítulo 16

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Tudo estava tranquilo, pelo menos até a metade do filme, até eu perceber que Guido já estava dormindo e assim que reparei nesse detalhe é que eu comecei a ficar tensa sem saber como reagir.

Olhei para o relógio no meu pulso, não estava tão tarde, um Uber deveria chegar rapidamente considerando que estamos em um residencial luxuoso, peguei meu celular que estava na beirada da cama e Matteo rapidamente compreendeu minhas intenções.

– Quer ir para casa Lana? – perguntou em tom baixo para não acordar o filho.

– É o certo – respondi desbloqueando o aparelho celular.

– Deixa que eu te levo – se ofereceu prontamente já ameaçando se levantar da cama.

– Não, óbvio que não Matt, não podemos deixá-lo sozinho – constatei o lógico, pelo menos nessa parte eu conseguia ser racional.

– Então dorme aqui hoje – pediu e eu nem sequer ousei desviar meu olhar do celular para ele. – Lana – me chamou esticando-se na cama para tocar em minha mão e abaixar o celular. Tive que olhá-lo – Por favor, fica – pediu me olhando nos olhos.

Maldito.

Maldita eu; que ficava reclamando de não ter aquele par de olhos mesclados nos meus e agora toda vez que estão parece que me hipnotizam.

– Não é o certo – consigo criar forças do além para sussurrar as palavras.

– Parece certo para mim – seu sorriso de canto e seus olhos me pediam e eu sentia que ali, pelo menos naquele momento não tinha maldade ou segundas intenções.

Ele só precisava de alguém para estar ali com ele.
E eu estaria.

Não foi preciso mais nada para que eu ficasse, e também não fui capaz de dizer algo mais, apenas concordei e aceitei o destino que estava claro feito água na minha frente.

Eu estava encrencada, mas passei a aceitar estar assim.

Matteo me emprestou uma camiseta sua e uma cueca samba canção para que eu pudesse tomar um banho, ele me pediu desculpa por não ter nada mais apropriado para que eu vestisse, mas falou que na próxima vez que eu viesse já teria roupas para a ocasião.

O que será que ele quis dizer com "roupas para a ocasião"? Evitei pensar nisso enquanto eu tomava banho.

Rezei a Deus para que ele entrasse ali comigo e depois rezei para ele não entrar.

Eu e minha bipolaridade em relação a este homem.

Quando sai do banheiro os olhos de Matteo desviaram-se do celular para mim e mesmo estando extremamente ridícula pude sentir seu olhar queimar sobre meu corpo, afinal eu estava com suas roupas e todas as outras vezes que já estive com as roupas de um homem foi depois de uma noite bem proveitosa com o mesmo.

Não foi o caso agora, mas poderia facilmente ser.

Creio que com ele sempre aconteceu a mesma coisa porque seu olhar queimava em mim e eu me senti mais excitada estando com as roupas dele, com o cheiro dele, do que se estivesse nua agora.

Ele foi capaz de lamber os lábios antes de levantar, o vi jogar o celular de volta na cama sem ao menos desviar o olhar de mim e então caminhou lentamente até estar parado na minha frente, à centímetros de distância.

Grande, alto e viril, puta merda.

Como em câmera lenta pude observa-lo fechar os olhos e inalar fundo, seu suspiro foi tão forte que me fez suspirar junto, quase um gemido baixo e então seus olhos abriram como fogo em mim.

– Eu juro que se meu filho não estivesse deitado na minha cama agora eu te faria gemer dez vezes mais alto e por outros motivos – o sussurrar dele me deixou desnorteada.

Com simples palavras ele conseguia me deixar mole feito gelatina, e olha que eu treinava muito perna para deixá-las fortes.

– Matt – sussurrei ainda desnorteada, tentando achar onde foi parar minhas forças.

– Só não te beijo agora porque estou ciente de que se eu começar não vou conseguir parar – contou-me com os lábios bem próximos ao meu. – E Lana... – ele respirou fundo antes de continuar. – Quando eu te beijar a próxima vez você vai implorar para não parar – encostou levemente seus lábios nos meus e roçando seu braço no meu ele passou para dentro do banheiro.

Quente, eu estava pegando fogo!

Com Matteo tudo sempre é assim, imprevisível e quente, eu nunca sei o que esperar dele porque nunca sei o que vai vir; se ele vai estar de bom humor ou não, se vai estar safado e sensual ou se vai estar de boa e me tratar com carinho e intimidade.
Sempre uma surpresa diferente, sempre muito instável.

Estar com ele é como estar em um campo minado.

Prendi o fôlego e meu coração falhou uma batida quando o Adamatti saiu do banheiro apenas com a toalha bege enrolada na cintura, pingos sobre seu peitoral e o cabelo seco e rebelde, ele sabia muito bem o efeito que causava em mim porque sorriu de lado e caminhou lentamente até o closet, onde arrastou a porta e se fechou lá dentro.

Não fazia nem meia hora que eu havia tomado banho, mas já estava precisando de outro.

Respira fundo Lana, respira fundo!

Se eu queria prezar minha sanidade porque raios eu estava ali mesmo? Fiquei me perguntando isso até vê-lo sair do closet com uma calça de moletom e uma camisa regata fina de dormir.

Ele deitou-se ao lado de Guido e virou de lado olhando para mim, virei de lado também e sustentei seu olhar com um sorriso que foi correspondido.

– Essa noite não acabou como imaginei – ele estendeu sua mão e abriu a palma em um convite silencioso para juntar a minha a dele.

– Acabou melhor – ousei dizer entrelaçando meus dedos aos seus.

Ele apenas continuou a me olhar e mais nada foi dito, era apenas isso.

Eu, ele, Guido e a leveza de estarmos ali.

PELA TUA ESSÊNCIAOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz