eterna quarentena

videochamada.

A vida nas redes sociais estavam agitadas para Felipe Prior, o qual mal sabia lidar com fãs e postagens na internet - ele mal sabia o que dizer e como lidar com tudo isso - era tudo muito novo. Alex, seu melhor amigo, tomava conta para ele na maior parte do tempo, e depois de muita insistência dos fãs, veio tentando ajudar Prior à mexer nas redes sociais. Assim que saiu da casa do BBB, frente ao sucesso e polêmicas, a vida tem sido agitada e em alguns momentos tensa e em outros calma. De certa forma.

E bem, indo direto ao ponto (mas nem tanto), quem tomou a iniciativa de puxar conversa foi Rafinha, que ainda encontrava-se admirado e surpreso pelas menções de Prior dentro da casa. Começou com uma simples mensagem pelo instagram, até a troca de número de celular que viraram em mensagens de texto diárias; era o dia todo assim - do simples "Bom dia" até o sonolento "Boa noite" - todos os dias.

Era muito preferível combinar de se encontrar em algum bar ou em qualquer outro lugar, mas a pandemia não permitia isso no momento, infelizmente, e chegava a ser dolorido para Prior, que ficou mais de 2 meses em confinamento, saiu, e mesmo assim teve que permanecer em casa por tempo indeterminado. Basicamente, o que lhe salvava do tédio diário era jogar conversa fora com o amigo diariamente, além das videochamadas e lives que eles decidiam fazer pelo instagram.

Ah, as videochamadas...

As vezes eles esqueciam que estavam fazendo uma live pra milhares de pessoas e a conversa ficava um pouco mais... Estranha, para quem estava assistindo. Mas eles nem ligavam, "que se foda", como diria o próprio Prior. Rafinha apenas ria, sem saber muito o que falar. 

Numa noite fria e silenciosa, eles tomaram mais cautela; fizeram uma videochamada pelo whatsapp, só os dois. A conversa rolava solta por horas, sobre o bbb, sobre as intrigas na casa e as vitórias e derrotas, as festas, qualquer coisa. Mas também sobre coisas de fora da casa, como por exemplo, Rafinha mostrando o apartamento dele para o Prior. 

- Essa aqui é sala de TV, ó. - E apontava para a televisão, a janela, o sofá e o que mais tivesse no cômodo. Prior sentia que aquilo poderia ser familiar pra ele, quem sabe um dia. 

- Pô, daora! - Era tudo o que Felipe conseguia dizer, os olhos castanhos atentos à tela.

Em meio à risadas e bobagens ditas, Prior acabava sempre se empolgando e falando alto demais, até que em um momento sua mãe abriu a porta do quarto, vendo o filho deitado de bruços e sem camisa, segurando o celular e cessando o riso, tirando imediatamente um dos fones de ouvido, e de olhos arregalados, tentando dizer alguma coisa 

- Hm, mãe?

- Filho, fala mais baixo... Já está tarde, por favor... Já são quase duas da manhã. 

- Ah, ok, desculpe. 

Prior apenas assentiu, virando-se novamente para a tela, porém, outro barulho estrondoso surgiu ao fundo: seu irmão, Fabio, o qual ria ao lado da mãe:

- Ô mãe, deixa ele, ele tá falando com o namorado dele!

Imediatamente, Prior sentiu o rosto corar como se estivesse pegando fogo, e com a voz irritada e defensiva, aumentou o tom de voz, enquanto cobria a tela do celular com uma das mãos.

- Ele não é meu namorado!!! - Bufou. 

Depois dessa, Prior passou a ser mais cauteloso e a falar mais baixo, além de discretamente trancar a porta toda vez que fosse fazer uma live ou videochamada. Mas cautela nem sempre era o forte dele, e às vezes nem do Rafinha.

Em outra ocasião, em meio a uma live no instagram, ambos já faziam planos em conjunto após essa fase da quarentena passar, assim como quando voltavam no assunto da época em que Prior ainda estava na casa do BBB e Rafinha acabava por confessar que havia gravado algumas cenas que Prior ficava rondando a estrela dele na "Calçada da Fama do BBB", porque ele achava extremamente adorável, embora não admitisse (na verdade apenas dizia que tinha gravado e salvo numa pasta porque ele achava daora), e Felipe ao ouvir aquilo, corava feito um pimentão, deixando um riso abafado e tímido sair. 

Ele poderia ser taxado como agitado e hiperativo dentro da casa, mas fora ele era tímido, não sabia muito bem lidar quando o assunto era algo que o intimidava. Na realidade era tudo muito novo. 

- Ah, eu ficava perto da sua estrela lá na calçada pra me dar sorte antes da provas, e até que funcionou um pouco, né?! - Ele dizia sorridente para a imagem de Rafinha na tela, que sorria de volta.

E então em meio a risadas envergonhadas, eles desviavam um pouco do assunto - mas não por muito tempo - Pois Rafinha já insistia novamente para que Prior falasse em voz alta e em bom tom o próprio nome; era como música para os seus ouvidos. 

- Fala o seu nome inteiro aí pra gente!

E Prior repetia. Felipe Antoniazzi Prior.

Ah, Rafinha adorava o jeito que ele falava. Era até engraçadinho como a empolgação dominava ambos os lados e os levava até tarde da noite, todas as noites. Qualquer coisa que era feita no dia a dia, era trocada uma mensagem de texto, ou de voz, ou até mesmo uma foto - mesmo que algo "bobo", como "olha como o céu tá bizarro hoje!" ou "fiz uns desenhos maneiros pra tatuar, saca só!".

- Cê vai me tatuar, hein! - Prior ria em meio as palavras, fazendo Rafinha ficar sempre pensativo - Só confio em ti agora.

- Ah, eu posso ir na sua casa pra tatuar aí, levo minhas coisas e a gente faz... A tattoo. - Rafinha falava seriamente, mas o tom de voz era gentil e amigável, acolhedor.

- Ah, sim - Novamente, o calor subiu no rosto de Felipe - Quero sim...

E assim os planos pra depois, ou até mesmo durante (?) a quarentena continuavam. Ideias mirabolantes, outras nem tanto, mas cada vez mais eles sentiam a necessidade de se encontrarem logo. Passava a ser desconfortável, digo, quando isso iria finalmente acontecer?

- Se não for possível agora, a gente pode ver depois da quarentena de fazer algumas coisas, né? - Prior sempre ressaltava que por ele, tudo continuaria em pé. E Rafinha concordava, óbvio.

E quando o assunto simplesmente se dispersava no auge da madrugada, um ficava apenas esperando que o outro decidisse desligar a chamada por vídeo - o que raramente acontecia - os dois acabavam pegando no sono com a câmera ligada. Prior ainda tinha dificuldades para dormir adequadamente - no sentido de dormir em horários mais "corretos" devido ao longo tempo de confinamento. Por fim, ele apenas observava em silêncio o outro rapaz adormecido pela tela do celular.

Houve um dia em que ambos dormiram com a videochamada ligada, e quando Rafinha despertou, viu que ainda estavam conectados e Prior encontrava-se adormecido - e ele não sabia muito bem o que fazer: desligar a chamada ou deixar assim mesmo? Era estranho porque eles nem haviam se despedido, como em outras vezes que era quase que uma guerra pra ver quem desligava primeiro, já que na realidade nenhum dos dois queria desligar.

Ou quando o Prior resolveu deixar "aquilo" que ele chamava de barba crescer por motivos de preguiça de se barbear ou receio de machucar o rosto com a lâmina (como da outra vez).

- O Babu é que me ajudava nisso, porque eu não sei direito como... Ele sempre me ajudava. - Ele dizia com um tom carinhoso ao lembrar do amigo.

- Hmm - A voz de Rafinha ecoa pelo celular, pensativo - Eu vou te dar um kit de barbear, mano. É presente.

Ele queria dizer "Não precisa, magina", mas ele queria pelo fato de ser um presente - Um presente vindo do Rafinha. Ele também queria dizer que preferia receber pessoalmente, mas ele não suportaria esperar até sabe-se lá quando... Então era melhor receber pelo correio mesmo, quem sabe.

Ou quem sabe ele apareceria em seu apartamento um dia desses, na esperança que tudo já tivesse voltando ao normal, e o levaria pra dar uma volta com ele na moto dele; porque ele sabia pilotar e Prior achava isso daora e totalmente novo pra ele. Rafinha era muito mais velho que ele e isso o deixava ainda mais extasiado e curioso, era diferente de qualquer outra coisa, e nada, nada mesmo era problema para ele - muito pelo contrário - ele sentia um "quentinho" no peito toda vez que interagiam. 

Quem sabe quando toda essa loucura no mundo se resolvesse, quem sabe.