Aquele do Mercado

Bento

Meia hora antes, na Rua das Rosas também em Cuiabá, um bairro próximo ao de Bruno, acordava Bento. Estava sem camisa, apenas com sua cueca samba canção. Ficou na frente do espelho e desarrumou mais ainda o seu cabelo já bagunçado pela ótima noite de sono que teve.

─ Bom dia, Bento! Como você está hein? ─ E checava a barba e o bigode que crescia.

Bento mora sozinho desde os 20 anos. Hoje, com 23, se sente quase resolvido: um emprego, uma moradia, uma moto e pensava em iniciar uma faculdade de psicologia, mas nada resolvido. Hoje estava de folga e precisava fazer compras no supermercado.

─ Sal... café... açúcar... ─ pensava e anotava tudo o que precisava. Não era muito, só o suficiente para caber no baú de sua moto. Feito isso, pegou a toalha e foi para o banho.

Decidiu sair cedo de casa logo após brigas com o pai. Na época, sua mãe insistia para ele pensar, mas Bento estava inteiramente decidido. Depois que saiu, vira que não seria tão fácil quanto pensava. Conseguiu um lugar para morar numa kitnet perto da casa dos pais. Sua mãe o ajudou no inicio até ele ter um emprego.

─ Bento, você precisa se exercitar amigão ─ falava consigo mesmo quando novamente se viu no espelho.

Há um ano que não pisava os pés na academia, mas mantinha um corpo pouco torneado. Caro leitor, ele nunca fora malhado ou coisa parecida, só mantinha um corpo com poucos músculos. Pesava atualmente uns 70 kg e media por volta de 1,75.

Para aquele dia, usou uma calça jeans e uma camiseta azul clara escrita: SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO? Sim, aquela frase clássica de Hamlet. Isso quer dizer que gostava de ler? A resposta é sim. Tinha em seu quarto, uma pequena estante de livros. Gostava do gênero teatro e ficção científica. Esse gênero literário também influenciava nos filmes.

─ Vamos lá! ─ Suspirou quando já estava tudo pronto para partir.

Pegou as chaves da moto e saiu.