Mercado

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Desligaram o rádio do carro quando entraram no estacionamento do supermercado. Estava lotado. Parecia que todos tiraram o mesmo dia para fazer compras. Não era possível!

─ Hoje sairemos um pouquinho tarde daqui ─ Disse Bruno enquanto sua mãe fechava a porta do carro.

─ Não jogue praga, filho.

Os dois riram.

Pegaram um carrinho e entraram. Tocava uma música rock naquele momento, mas o zumbido das pessoas conseguia ser maior que ela.

Os dois eram acostumados irem primeiro nas bebidas, depois nos produtos de limpeza, a seguir nos alimentos e por último na verduraria e frutaria.

─ Mãe, você tem um dinheiro para comprar um suco ali na padaria? Estou com sede ─ Ele exprimia os olhos que nem o Gato de Botas em Shrek.

─ Não vai demorar hein.

A padaria era dentro do supermercado, só que um pouco longe onde estavam. Bruno passava por muitas pessoas e ao mesmo tempo fazia alguns passinhos de dança por causa da música que estava ouvindo no fone. Era um jazz, impossível não dançar. Mas como era tímido, conteve um pouquinho.

─ Bom dia! Posso ajudar? ─ Disse uma funcionária quando o viu chegar no balcão.

─ Bom dia! Eu quero um suco, por favor ─ Bruno respondeu gentilmente.

A moça virou de costas e pegou o suco dentro do frízer.

─ Obrigado!

Decidiu sentar. Tirou o celular do bolso e começou a responder algumas mensagens que recebera de seus amigos.

Enquanto isso, Bento estacionava a moto dele. Tirava o capacete e prendera no banco do carona. Estava bem perto de Bruno, distância de dois metros praticamente. Um pelo lado de fora outro pelo lado de dentro. Bento abrira o baú da sua moto e pegara a carteira. Pegara um carrinho e entrou.

─ Filho, onde você está? ─ Sua mãe falava por mensagem ─ Já estou aqui no açougue. Venha rápido.

Bruno levantou rápido da cadeira da padaria e foi ao encontro da mãe.

Bento pegou rapidamente as coisas que precisava, e, depois, foi até o fim do supermercado, onde ficava a maioria dos itens da sua lista.

O açougue, onde Bruno e sua mãe estavam, ficava no fim do supermercado. Enquanto sua mãe pedia mais carnes para o açougueiro, Bruno escolhia as verduras que precisavam. Bento também já estava ali. Pegava umas maçãs, bananas e batata doce.

Bruno que pegava dez laranjas olhou rapidamente para o açougue e viu que sua mãe saíra de lá. Ao olhar mais estreitamente conseguiu avistá-la na área dos frios. Voltou o seu olhar para as laranjas e foi pesá-las.

Ao voltar para pegar outras frutas, seu coração acelerou de um jeito que nunca sentira. Era um sentimento caloroso. Vira Bento de costas escolhendo alfaces numa prateleira que ficava presa na parede. Os olhos de Bruno brilhavam como uma estrela. Ficara estacionado na frente das pencas de bananas sem saber o que fazer.

(Ai meu Deus! Será que eu vou até ele?) Pensava (Claro que não seu bocó, não pode. Não deve gostar de garotos. Imagina a vergonha alheia me tirando) Ele sorria. (Que tal se formos amigos? Seria legal) Ele ria sozinho.

Bruno decidiu ir até lá, mas como ninguém quer nada. Bento estava ali horas, gostava de escolher tudo da melhor qualidade, e não se importava com o tempo que levaria até encontrá-las.

Bruno chegou com uma sacola a fim de escolher alguns tomates que também estavam nessa prateleira. Ficara então lado a lado com Bento. Bento olhou para o menino que chegara ao seu lado e ficou todo sem jeito. Seu coração havia acelerado também.

(Ei, quem é você?) Bento pensava.

Bruno levantava os seus olhos para poder ver aquele rapaz, mas desviava com medo de ser pego flertando. Bento também estava na mesma situação.

(Será que gosta de garotos?)

(O que eu falo? Vou parecer um idiota) Bruno questionava.

(O que eu falo sem parecer gay demais?) Bento pensava e olhava rapidamente para Bruno. (Vou parecer um idiota)

(Acho melhor sair daqui, se não ele pode desconfiar) Bruno saiu dali.

(Não! Não! Espera!) Bento gritava dentro de si.

Ele olhou para onde Bruno estava indo e ficou mais perturbado. Bento nunca tinha sido atraído por um menino assim. O seu corpo estava agitado.

─ Idiota! ─ Suspirou e saiu da verduraria.

Bruno encontrou a mãe e colocou o que pegou no carrinho.

─ Tudo bem, filho? Está meio agitado.

─ Está tudo bem, mãe.

Não estava. Olhava para a verduraria e não vira mais o rapaz. Tentou encontrá-lo com os olhos e vira sair com o carrinho em direção do caixa.

─ Idiota! ─ Sussurrou para si mesmo.

─ O que filho?

─ Nada mãe ─ Bruno respondeu um pouco chateado.

Bento também tentava encontrar Bruno, mas não teve sucesso. 

Aquele do MercadoWhere stories live. Discover now