Luísa já estava desistindo da vida quando foi levada para o meio da Grande Guerra, como era conhecida na época a Primeira Guerra Mundial.
Liam, por sua vez, não desiste de viver, pois apesar dos intempéries, acredita que Deus tem um propósito para...
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Pensei que poderia morrer sem respirar devidamente.
Estava fazendo o máximo de esforço para respirar com calma, mas o que parecia era que eu não conseguia nem respirar de falta de ar. Liam estava grudado na parede, inclusive virada para ela e eu estava com as minhas costas virada para ele olhando a porta do quarto. Nossas costas nem ousavam se encostar.
Ele também parecia estar quase entrando na parede para ser o menos expansível possível. Afinal, Liam era realmente grande e largo.
Tentei lembrar como respirar e decidi que se talvez eu conversasse com ele até pegar no sono, talvez fosse mais fácil para que o clima pudesse ser amenizado um pouquinho. No fim, a ideia de gerico era minha que achara que ficaria tudo bem dormir na mesma cama que o menino pelo qual eu estava apaixonada.
O que a gente não faz quando está doente de amor.
― O que você acha que podem me perguntar amanhã? ― Liam bufou.
― Muitas coisas. Mas certamente eles não vão aceitar bem essa ideia de que você é uma profeta. Mas acho que você deveria tentar. ― Ele sugeriu e eu quase podia ver, mesmo no escuro, o mini sorriso de encorajamento no rosto de Liam.
― Hm... Vou tentar. O que mais?
― Obviamente, o que mais você sabe sobre o futuro. ― Apertei um lábio sobre o outro. Aquela sim era uma pergunta tensa. Eu sabia muita coisa. Muita coisa mesmo. E isso sim poderia ser complicado se eu falasse. Eu nem conseguia pensar o que aconteceria com a minha existência e como seria o mundo se por acaso a segunda guerra fosse evitada.
― Difícil essa. ― Ri ao pensar nisso.
Silêncio. Depois de alguns minutos arrisquei:
― Liam?
― Hm? ― Ele não estava dormindo. Sorri.
― Só estava testando se você estava acordado. ― Liam riu.
Ficamos alguns bons minutos a mais em silêncio. Eu podia jurar que ouvia de algum lugar o tic tac de um relógio. E isso começou a doer na minha alma com a terrível ideia de que o meu tempo estava acabando e eu poderia voltar para o futuro sem ter contado dos meus sentimentos por Liam.
― Luísa?
― Liam?
Falamos ao mesmo tempo.
― Pode falar primeiro. ― Disse e Liam começou a virar. Fiz o mesmo e ficamos face a face na cama, pouquíssimos centímetros de distância entre nossos rostos.
Novamente, era como se eu tivesse parado de respirar e só sentisse as lufadas de ar de Liam que parecia também tenso.
Os olhos dele, lindas bilhas azuis cristalinas, me encaravam nos olhos sob a fina luz do luar que adentrava a janela do cômodo. Meus olhos analisaram os seus, descendo pelo seu nariz afilado e então pelos seus lábios entreabertos e convidativos. Não sabia dizer que magnetismo queria me guiar até aqueles lábios, mas era muito forte, tão forte que eu não conseguia parar de encará-los.