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Demorei um total de dez segundos para me levantar e descer correndo atrás de Jéssica. Houve um coro de "aaahhh" das meninas chateadas por não ter mais Jesy cantando pra elas (ah, como eu entendia…), mas esse logo se tornou risadas. Tenho certeza de que estavam chapadas demais para realmente reclamar de algo. 

Era como se eu pudesse sentir sua presença entre todas as centenas de pessoas da boate, como se o simples ato de caminhar por alí, deixasse uma marca tão forte que poderia ser indentificada se sobrepondo a todo o resto. Essa era Jessica Louise.

Ainda no terceiro andar, seguindo para os fundos, havia uma área aberta, onde alguns grupos ou casais "conversavam" sentados em mesinhas regadas a bebidas e possivelmente drogas. O parapeito separava a vista ampla de uma parte bonita do bairro, prédios iluminados que se estendiam até os limites da cidade. A abaixo, no que parecia ser o segundo andar, havia uma piscina onde mais pessoas riam e trocavam bebidas. Jéssica estava com os braços apoiados no parapeito, enquanto fumava, a brisa noturna balançava seus cabelos cor de cobre de modo que as luzes passavam por ele como um prisma.

Quase ri quando notei a semelhança com o momento que conversamos no colégio…

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Só que, não, na verdade, não era nada parecido.

Jéssica olhou pro lado, tragando. Algo parecia brilhar e ser levado pelo vento.

De repente tudo neste lugar me pareceu errado.

As risadas pareciam distantes e o eco de um mau presságio. Parecia deboche. Talvez, por uma fração de segundo, eu tenha compreendido como Jesy se sente.

— Eu gosto muito de cantar. — ela disse baixo quando eu me aproximei. — Mas eu não gosto de estar em lugares como esse, onde pessoas cheias de dinheiro vem pra se divertir e encher a cara de doce, mas no fim do dia não irão enfrentar nenhuma consequência. — Cruzei os braços sob o parapeito e deitei a cabeça, de repente muito cansada. Ela fez o mesmo e sequer tentou esconder as lágrimas. Eu tomei o arriscado passo de erguer a mão e acariciar sua cabeça. Parecia completamente imbecil, tentar acalentar Jéssica Nelson, a personificação da "bad girl". Mas ela só fechou os olhos, esperando sua respiração tomar o mesmo passo da música lenta de fundo. 

— Você deveria se afastar. — ela disse, simplesmente, sem se mover um centímetro sequer.

— Vai nessa, Jéssica Cullen.

— Eu sei, eu sei que é clichê. Mas é verdade. Nada de bom vem de se misturar com pessoas esquecidas pela vida como eu.

— Se você acha isso, então vamos fazer essa imbecil se lembrar de você no soco.

Ela riu. Fiquei feliz de tirar o que foi provavelmente o primeiro sorriso puro de seus lábios. Ela abriu os olhos.

— Seus olhos, eles são muito gentis. Foi difícil pra mim identificar. Eu demorei algum tempo, tentando entender o que poderia ser, mas eu acho… Sim, é gentileza. 

Eu nunca imaginei Jéssica falando algo tão doce. Ela deveria ser a bad girl, falar frases de efeito que me deixassem corada e ter sempre a pose de quem domina a situação. Foi por essa pose que eu me interessei por ela em primeiro lugar.

Mas ainda assim, meu coração parecia feito de gelatina quando essas palavras me atingiram, como se sempre houvesse algo a mais lá. 

Eu acho que nem as bad girls conseguem ser tão duronas o tempo todo. 

E talvez eu mesma começasse a entender por que eu a amo.

Eu tentei, mas não consegui conter a euforia, peguei sua mão, as unhas longas raspando minha palma. Jesy não aprecia entender nada quando a puxei pra fora, descendo as escadas as pressas. Arranquei as pulseiras e joguei pra trás, assim que cruzamos a entrada, para que as seguranças não tentassem nos parar.

Parei em uma praça, quando a boate já era apenas um som distante, nós duas estávamos arfando, mas não perdi tempo em empurrar seus ombros contra a árvore mais próxima. 

Todas as árvores estavam decoradas com luzes led, de forma que parecíamos estar dentro do nosso próprio jardim de estrelas.

Jéssica era mais alta que eu e eu tive que erguer o olhar para conseguir mirar em seus olhos. A surpresa se desvanecia aos poucos, dando lugar a um sentimento ainda mais intenso. 

Senti suas unhas percorrendo minhas costas, agora que ela tinha de volta o casaco, eu podia dizer para onde seu toque se arrastaria. Arrepios atravessaram todo meu corpo.

Uma de suas mãos estavam agora na altura de meu rosto. Antes que eu pudesse perceber, seu dedo acariciava minha boca. 

Meu olhar estudou seu rosto quando um sorriso de formou.

E nossos lábios se tocaram. Seus dedos adentraram meu cabelo, um toque agridoce quando as unhas arranharam minha nuca e o aperto puxou meu cabelo para trás, de modo que fiquei inclinada e seu corpo agora cobria o meu. Mantive as mãos em suas costas, em outro momento eu adoraria explorar seu corpo, mas agora, esse toque, esse contato, era mais que suficiente.

Ousei abrir os olhos. Jéssica me olhava de maio tão profundo que senti como se atravessasse toda a minha existência. A luz fazendo com que a cor dançasse entre verde e dourado. A senti sorrir dentro do beijo, e fechamos os olhos novamente antes de nos separarmos. 

— Eu estou quase descobrindo por que eu te amo. — falei, a respiração entrecortada.

— Ótimo, eu também adoraria saber a resposta. — ela sussurrou, a noite como nossa única testemunha.

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Aaaaahhhhhh eu estava TAO ansiosa por esse capítulo. Espero que gostem.
Fico muito feliz com todo o retorno que vocês dão. Um beijo enorme pra Mary_Mixer
que vem comentando MUITO e me fazendo surtar de alegria.

Logo mais eu volto
Xoxo ❤️

they ask me why I love her ▶▶pesy Where stories live. Discover now