Lust for life, Lana del Rey

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"Porque somos os donos do nosso próprio destino
Somos os capitães de nossas almas
Não há motivo para hesitarmos
Estamos sozinhos, vamos tomar o controle"

Meu pai não podia fazer isso comigo.

Me mandar para um colégio interno no intuito de melhorar o meu comportamento não iria ajudar, iria piorar. Se ele fosse um pouco mais inteligente saberia que isso só iria me revoltar ainda mais. E eu vou fazer de tudo para que aquele lugar de garotas e rapazes educados por freiras vire o inferno.

Não que o inferno que eu imagino seja ruim.

Ser uma Jenkins significa, para o meu pai, ter que se comportar e se fazer de boa moça por vir de uma família rica e invejada por toda a Califórnia. Grande merda. Como se eu e minha irmã nos importássemos com a imagem que ele quer que passemos.

Felizmente nós duas resolvemos colocar a diversão em primeiro lugar.

Neste momento estou indo em direção a droga do internato, minha irmã já está lá desde que foi pega usando drogas nas festas que ela ia. Eu estou indo porque roubei um anel de ouro na Tiffany's.

Mesmo que eu tenha dinheiro para page-lo resolvi roubar, a diversão inclui sentir um pouco de adrenalina, certo?

O motorista finalmente parou em frente aos portões pretos e altos do internato, desço do carro e ele leva minha mala até o portão. Como eu deveria imaginar, lá tinha uma garota, provavelmente esperando por mim para me apresentar o prédio.

Ela trajava uma blusa branca de mangas compridas com uma gravata e uma saia, sua pele clara, lamentavelmente, combinava com o cabelo escuro de tamanho médio. Aquelas meias até o joelho me dão nojo.

Quando olhei para ela, dei um sorrisinho de lado irônico. Ela, por sua vez, estreitou o olhar para as minhas roupas, que, para mim, não tinham nada de mais, eram somente um suéter gola alta com estampa das cores do arco-íris — que, por sua vez, fica uma graça com minha pele parda e com o meu cabelo curto —, shorts cintura alta e o tênis branco. Ela é brega demais para um short curto?

Para a minha infelicidade, chego mais perto do portão e dou um tchauzinho para o motorista do meu pai. Espero não cometer suicídio até ela terminar de falar.

___________*•.___________

  Depois de conhecer o internato todo com a ajuda da bonitinha de pele clara, sou deixada na porta do meu quarto, ela se despede de mim e me pego pensando o que ela teria feito para ir parar alí. O nome dela é Isabelle e ela não tem cara de quem faria nada de ruim para chegar até aquele lugar ridículo. Balanço a cabeça rapidamente no intuito de afastar esses pensamentos e entro no quarto.

Me deparo com duas coisas, ou melhor, duas garotas. É sério que ainda pensam que separar garotos de garotas vão diminuir o número de namoros? Não que eu queira dividir o quarto com um garoto, que a Deusa me livre.

Fico parada na porta e olho para elas, uma está deitada de barriga para cima na cama da esquerda, com os pés na parede. A outra está a minha direita, só de toalha e mexendo no armário. Elas não parecem tão esquisitas como a Isabelle, talvez tenham sido piedosos sobre o quarto que me colocariam.

Elas não percebem minha presença de primeira, então fecho a porta atrás de mim da forma mais barulhenta possível, elas se assustam e se viram.

— Olá, humanas — digo, tentando ironizar — não sei que língua vocês falam aqui mas eu acho que esse quarto é o meu, espero não estar atrapalhando — dou um sorrisinho e um mini aceno, me encaminhando para a cama do centro. Acho que vão gostar de mim.

BETTER TIME WORSE CRIMES Where stories live. Discover now