dia dois: escreva sobre a memória mais feliz da sua infância

226 26 5
                                    

Passei um bom tempo pensando nisso.

Uma memória feliz. Ou melhor, a mais feliz.

E apesar de ter vasculhado os confins do meu cérebro, não consegui pensar em nada tão extremo, fixo e concreto.


Tenho uma lembrança vaga e embaralhada de momentos que se repetiam com frequência quando morava com meus avós.

Todo dia, ou pelo menos nos dias em que minha avó me deixava ficar até tarde brincando na rua de casa. E por favor, não estou me sentindo nenhuma anciã ou senhora do tempo, mas em uma época em que brincar de esconde-esconde era mais divertido que um celular. 


Na verdade, quase no fim dessa época, nos últimos anos antes da internet explodir. Quando a política brasileira não era uma preocupação em minha cabeça. Enfim, esse exato momento que gostaria de escrever aqui. E que me deixa bastante nostálgica.

Era quando os adolescentes da rua sentavam e brincavam de, acredite se quiser, adedonha. (Talvez você conheça por outro nome, não sei.) Tenho uma vaga lembrança de que não nos deixavam, nós meras crianças sujas, brincar com eles. 


Coisa de adolescente. 

Coisa de criança que não pode participar de algo e só por isso quer muito.

O momento que eu gostaria de citar aqui, foi quando me deixaram brincar. Foi um momento feliz e marcante. Se eu me esforçar um pouquinho, consigo lembrar do rosto de cada um daquela roda. Da sensação que se encontrava em meu peito.


Lembro que, em determinado momento do jogo, enquanto todos estavam concentrados, eu parei. Parei para observar cada um. E me lembro de sorrir. Eu estava contente. E esse dia se repetiu várias vezes pelas próximas semanas. 

Não foi o momento mais feliz da minha infância, tenho certeza, apesar de não lembrar de tal momento. Mas se você me perguntar sobre minha infância, esse momento provavelmente será o primeiro em meus pensamentos.

francielly serra

ainda escrevo ?Where stories live. Discover now