A Morte Sempre Surpreende

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Os gritos de Bruce ficaram cada vez mais intensos, mas depois da remoção da flecha eles começaram a reduzir. Não que ele não tenha gritado, mas aquele grito agudo de pura dor, foi diminuindo e isso era visível. Bruce delirava muito, seus batimentos cardíacos estavam cada vez mais altos e sempre que Hale olhava para eles, claramente seu senso de urgência em terminar aquela cirurgia aumentava.

Jonas ajudava Hale, enquanto ele fazia todos os processos necessários para que Bruce permanecesse vivo. Por mais que a situação estivesse caótica fora daquela sala, com os gritos dos zumbis aglomerados na porta do centro cirúrgico, fazendo força para tentar arrastar os armários deitados que prendiam as portas, todo mundo lá dentro mantinha uma ordem plena, extremamente focados no que estavam fazendo.

Quando a cirurgia já estava próxima de acabar, Bruce me olhou nos olhos pela primeira vez – até aquele momento –, com os olhos que reviravam ás vezes, sorrindo em seguida.

– É você mesmo, Dylan? – ele pergunta, com uma carinha tão fofa, que eu não me aguento e meus olhos se enchem de lágrimas.

– Não, sou o anjo Uriel, bem-vindo ao céu, e me desculpa pela dor. – Bruce solta um sorrisinho, misturado com dor. – Desculpa, desculpa, sou eu sim. – digo, quase me desesperando de vez

– É claro que é. – ele responde, passando a mão pelo meu cabelo, claramente começando a recobrar a lucidez depois de tanto tempo delirando. – Vai demorar muito? – ele olha para Hale, que o encara de volta.

– Foi mal, Bruce, não tínhamos morfina, nem qualquer anestésico. – Hale comenta, enquanto termina os pontos na pele dele.

– É, imaginei. – ele responde, mordendo os lábios inferiores, de tanta dor que estava sentindo. Eu, então, dou a minha mão pra ele apertar e ele faz.

Bruce é tão forte que eu até chego a me arrepender de ter dado minha mão a ele, mas não demonstro que estava arrependido. Ele precisava do meu apoio, e eu não ia recuar daquilo. Cada vez que Hale enfiava a agulha na pele de Bruce, ele apertava mais minha mão.

– Você foi ótimo, como sempre. – comento, próximo ao ouvido dele, quando Hale termina o último ponto e ele fica me observando por alguns segundos, colocando suas mãos no meu rosto. – E eu também amo você, Bruce.

– Agora só vou limpar isso, e é bom que você fique de cama por, no mínimo, 3 semanas, me ouviu? – Hale pergunta, pegando alguns objetos.

– Por quê? – Bruce questiona.

– Porque quando você se levanta, procura uma nova forma de morrer. E até estar totalmente pronto para conseguir se recuperar de mais uma quase morte como essa, é bom que descanse. Viu, Amélia? Naipe xerife nesse militar. – Hale pede a ela, que sorri e concorda com a cabeça.

– E se não for por bem, vai ser por mal. – Amélia responde e Bruce sorri.

– Eu não vou me levantar pelos próximos 2 dias. tô bem cansado.

– É, eu imagino. – Hale tira suas luvas, depois de colocar os curativos em Bruce e vai até uma salinha que tinha no próprio centro cirúrgico. De lá ele tinha outra maca e se aproxima, depois de limpá-la.

– Vamos mudar o Bruce pra essa, quero garantir que ele não vai pegar nenhuma bactéria. – ele pede, colocando uma maca ao lado da outra.

Passamos – bem devagar – Bruce para a maca limpa, e depois disso eu fico ali, sentado ao lado dele – porque ele segurava meu braço para dormir – e fico estudando como sairíamos dali. Estávamos naquela sala há algumas boas horas e eu não tinha a mínima noção do que ia acontecer.

Caos (Romance Gay)Where stories live. Discover now