Capítulo 12

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- Eu poderia ligar para o Cristian e tentar resolver o seu problema mas é impressionante como ele parece fazer questão de não atender o celular e a secretária dele não ajuda nem um pouco.

- O que tem ela? - indago curiosa.

- Quando conhecê-la vai entender. Vou te deixar na empresa e depois tenho que ir até o aeroporto. - Eloíse se esquiva da minha pergunta, pondo outro assunto no meio da conversa.

Pego o meu celular e abro um app de moda/maquiagem que eu uso pra passar o tempo, desistindo de interrogar Eloíse.

*****

- Onde está o Cristian, Srta. Harris? - Eloise pergunta após sair do elevador. - Não me diga que ele está ocupado?

- Em uma reunião com acionistas, Sra. Rivera. Lamento informar que não será possível contatar ele agora. - explica a secretária, tentando nos impedir de continuar. - De qualquer maneira posso avisar a ele que a senhora esteve aqui.

- Nesse caso vamos esperá-lo por aqui. - Eloíse senta-se em um enorme sofá a poucos metros da mesa da secretária. Fico de pé, andando de um canto a outro, como se estivesse com bastante pressa. Eu estou com pressa.

- Perdão, mas a Srta. ainda não me disse quem é e o que veio fazer aqui! - A garota de olhos verdes e sorriso fácil se dirige a mim.

- Não interessa quem sou, tampouco o que vim fazer aqui. - A resposta seca deixa Srta. Harris desconcertada.

- Precisa se identificar, senhorita. São normas da empresa - explica solícita, mesmo depois de eu ter sido tão dura com ela.

Eloíse continua sentada folheando uma revista, meu excesso de mau-humor não a incomoda. Ela nem sequer ergue o olhar na minha direção.

- Vai me deixar falar com o seu chefe ou prefere ficar bancando a cão de guarda dele? - replico ignorando-a.

- Só estou fazendo o meu trabalho da melhor maneira...

- Eu sei o que está fazendo, Jhey. - Eloise a interrompe. - Esta aqui é a minha nora Dehayne Lacerda. Esposa do seu chefe, então se puder parar com essa discussão eu agradeço.

- C-como assim? - Jhey parece não aceitar muito bem à notícia. - É algum tipo de brincadeira? Até ontem ele estava solteiro.

- Estou com cara de quem está brincando? Ele estava mas não está mais. Querida - se dirige a mim -, preciso ir. Você vai ficar bem?

- Claro. - Dou um tchauzinho para Eloíse, antes de ela entrar no elevador.

- E então, agora que já sabe quem eu sou vai me deixar entrar? Eu tenho pressa.

- Infelizmente não posso permitir a sua entrada. São regras, sabe. - Há um tom vingativo na sua voz e não gosto nada disso.

- Não, não sei. Mais que droga! - praguejo alto, odiando a maneira como Jhey me analisa da cabeça aos pés. Eloíse tinha razão quando disse que não suporta essa barata tonta.

Após uns trinta minutos sentada no sofá, me espreguiço e então caminho até a janela, aborrecida. Jhey me segue com o olhar. Parece estar bem incomodada com à minha presença e adorando me ver irritada.

- Não quer me perguntar algo, Srta. Harris? - questiono com ironia.

- Não senhora.

- Então por que está me encarando desse jeito? - falo por entre os dentes.

- Que jeito? - A doçura na voz dela só me aborrece mais ainda.

- Não interessa. Só peço que pare de olhar pra mim. - Me aproximo da mesa dela, encarando-a. - Ligue para o seu chefe e diga que eu preciso falar com ele agora. - Neste momento, vejo um olhar de incredulidade desviar do meu rosto para o meu dedo anelar esquerdo.

- Não vai falar com ele agora - sua voz sai baixa, abafada, porém autoritária. No rosto há uma tristeza impossível de ser disfarçada.

- Tem certeza? - provoco, caminhando na direção da sala do Cristian. Ela bloqueia a porta. - Saia da frente - grito. Jhey não se move. - Eu deveria atirá-la janela abaixo, garota sonsa.

- A senhorita enlouqueceu?

- Senhora. Senhora Santiago Rivera - pronuncio de um jeito maquiavélico, visando aborrecê-la ainda mais. - Eu posso perdoá-la pela ousadia e até guardar o seu segredinho, se é que ele já não saiba, mas desejo falar com o meu marido agora mesmo.

- O que está havendo aqui? - A voz masculina atrás de mim soa familiar.

- Por que demorou tanto? Eu já estava ficando velha de tanto esperar. - O sarcamo na minha voz não o intimida tampouco chama sua atenção.

- Por que está chorando, Jhey? - A pergunta é dirigida a ela mas seu olhar austero se mantém firme em mim. - O que você disse a ela, Dehayne? Não seja prepotente a esse nível.

- Eu não me casei pra ser submissa a você como a sua secretária é. E parece adorar a função, não é. Quer mesmo que eu diga ao Cristian sobre o que conversávamos, Jhey?

- Não foi nada - diz, afastando-se depressa do chefe dela. - Senhori..- Se corrige. - Senhora Rivera, já pode conversar com o Dr. Cristian.

- Com o meu marido, Jhey. Qual a dificuldade em pronunciar esta parte?

Cristian me olha, descrente, com as mãos posicionadas nos quadris, me conduz até um canto próximo à janela.

- A que ponto chegamos, Dehayne. Pra que tanta maldade? Só vou te avisar esta vez. Preste bem atenção. Em hipótese alguma ouse humilhar um funcionário desta empresa. Quem quer que seja. Eu não admito este tipo de comportamento. E mais. Não sei o que disse a Srta. Harris que a tenha magoado, só peço que não faça de novo. Deixe-a em paz.

- Agora consigo entender tamanha devoção que aquela idiota tem pelo chefe safado. Você é mais desprezível do que parece ser.

- Eu ainda não terminei. - Seu tom de voz me assusta. - Você não é minha esposa. Nosso casamento é apenas um contrato. Não confunda as coisas. E senhora Rivera? Acho que não combina com você, sua mimada.

- Eu odeio você. E lhe digo que farei tudo o que tiver ao meu alcance pra te ver infeliz - reverbero com fúria nos olhos. - Deveria estar preocupado com isso, não?

- Não me importo com o que as pessoas pensam sobre mim. Você não é uma exceção. - Ele se aproxima de mim, mantendo uma distância de trinta centímetros entre nós. - Vá pra casa, Dehayne. - Então se volta para a secretária, que nos observa. - Srta. Harris, minhas sinceras desculpas. Prometo que não vai acontecer mais.

- Está tudo bem. - Um sorriso doce transparece em seu rosto, enchendo a minha cabeça de dúvidas.

Isa.Facinelly

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