PRÓLOGO

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ETHAN BITTENCOURT

— Titio, você vai viajar de novo?! — Laura grita, completamente obcecada por mim e por viagens.

Meus sobrinhos são, praticamente, a minha vida. Se David Rossi — meu melhor amigo — não me sugasse tanto, eu conseguiria fazer mais coisas com ele. No entanto, esse ruivo, infernal e milionário, se acostumou a me ter ao seu lado, o impedindo de seduzir — até mesmo — a rainha Elizabeth.

— Filha, seu tio precisa trabalhar — meu irmão mais velho tenta, com os cotovelos apoiados nos joelhos e o foco total na filha caçula.

— Mas ele falou agora que está de férias! — exclama.

— Você tem mesmo uma veia jurídica, não é, Laura? — minha cunhada questiona com um sorriso conforme corta um bolo que Lucca acabou de fazer.

— Tem, graças a Deus — eu sorrio de meu irmão e me abaixo para conversar com Laura.

— Eu tenho dois empregos, princesa. Aqui em Nova Iorque eu sou delegado e no Brasil eu trabalho para tio Dave, entendeu? É mais complexo o emprego lá, por isso eu tenho que ir frequentemente, principalmente nas férias — ela emburra automaticamente e eu respiro fundo. — Se eu não fosse a trabalho, levaria você e Arthur. Ok?

Ela continua emburrada e eu encaro Lucca pedindo socorro.

— Por que na próxima viagem você não escolhe o destino, filha? — Ivy é quem me salva dessa e os olhos de minha sobrinha brilham com a ideia.

— Podemos ir na Disney?!! — agora eu franzo o cenho com o grito.

Laura e Arthur, meus sobrinhos, filho de Lucca e Ivy, são muito simples. Os passeios normais pra eles o alegram, um simples ir ao Central Park os deixam loucos e isso é sensacional. Ir a Disney, por exemplo, é algo absurdo de interessante aos olhos dos dois pelas aventuras que conseguem viver. Mesmo que com uma renda boa e estável de Lucca e Ivy, eles sabem quão impossível é ir para a Disney para qualquer outra criança fora da realidade deles.

Isso é bom. Os deixa por dentro da atualidade do mundo.

— Eu topo, se você for obediente e se ambos tirarem notas boas na escola... Nós vamos — ela pula em meus ombros sem pensar duas vezes agora, com os pés saltitantes e dando mil beijos em meu rosto.

— ISSO, TITIO! ISSO! NÓS VAMOS! NÓS VAMOS SUAR FANTASIAS! VER OS PRINCÍPES!

— Sem príncipes pra você agora, muito nova — Lucca é quem emburra agora e eu solto uma risada sacudindo a pequena.

Meu irmão é ciumento demais com a esposa e com os filhos. Ambos os filhos. Mesmo Arthur ele não deixa falar algo de namoradinha. Eu acho isso justo e interessante, apesar de pensar que meu irmão precisa de um tratamento pra esses ciúmes.

— Eu vou falar com Arthur!!! — sai correndo como um mini foguete e eu respiro fundo em alívio.

— Valeu, Ivy. Eu não saberia lidar com toda essa situação, há momentos que Laurinha me sufoca com os argumentos — desabafo e meu irmão se levanta. — Vou embora, amanhã saio cedo.

— Por que tão cedo? — minha cunhada questiona. — Pensei que ficaria pra comer bolo.

— Muito obrigado, Ivy, mas vou ter que dispensar. Quero chegar cedo no Rio de Janeiro pra conseguir alugar Nathália por um tempo, sem que ela suma ou algo semelhante — meu irmão ri ao me abraçar.

— Nós nos vemos no Natal.

— Diga aos meninos que é para me ligarem caso queiram conversar.

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