Parte 2

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"Respire, inspire. Expire... Apenas respire."

Vitória tentou ignorar as duas mãos a poucos centímetros de seu rosto enquanto outras duas mãos cuidavam de seus cabelos, puxar, empurrar, puxar, colocar grampos em seu couro cabeludo tentando manter seus cabelos na forma perfeita. Duas mãos eram mais invasoras, levantando o seu queixo, para que o seu rosto ficasse mais exposto para a aplicação da maquiagem pesada. Ela seguiu as ordens de olhar para um lado e dessa forma
tentou se acomodar para ficar mais confortável quando o empurra e puxa das mãos em seus cabelos lhe obrigaram a fazer exatamente o oposto. Não ajudou o fato de haver mais três membros da equipe com os olhos colados nela, a examinando, a procura de qualquer imperfeição que necessitasse ser corrigido.

"Respire, inspire... Expire. Está quase pronto..."

-­ Ei, pessoal. Dá algum espaço para que ela possa respirar. Meu Deus! ­- Marcella se aproximou agitando as mãos como se estivesse espantando os maquiadores e cabelereiros como se eles fossem moscas. - Obrigada. Ela esta maravilhosa, mas eu acho que ela precisa de um pouco de ar.

-­ Nós ainda precisamos ter certeza que...

-­ Você pode fazer isso mais tarde, se acabar sendo um problema. ­- Marcella cortou o cabeleireiro ­- Esta foto é dela, e não dos cabelos. Agora os cabelos me parecem perfeitos. -­ A loira olhou para baixo, firme em sua decisão.

Lentamente, eles recuaram e caminharam até o final da sala, obviamente falando sobre como eles foram tratados pela loira.

-­ Era tão óbvio? ­- Vitória perguntou nervosamente. Ela não queria parecer fraca. Isso fazia parte do seu sonho e ela precisava ser capaz de lidar com isso.

Marcella balançou a cabeça e sorriu levemente.

-­ Nem um pouco. Só te conheço um pouco para ler os seus olhos. Você lidou com isso muito melhor do que eu. Eu teria me irritado e gritado. ­- A diretora admitiu, escovando levemente uma mecha de cabelos de volta ao seu lugar. ­- Eles estão tão excitados para que as suas fotos saiam perfeitas que não se dão conta que estão estragando a perfeição.

-­ Tirar a foto é o seu trabalho. ­- Vitória brincou, tentando descontrair a conversa.

Marcella tirou os olhos dos cabelos de Vitória para olhar em seus olhos escuros profundos e sorriu novamente.

-­ Isso é verdade. E é por isso que eu tenho que entrar e afastá­-los. Eles se preocupam com o seu cabelo e maquiagem. Eu me preocupo com você.

As duas caíram em um silêncio que lhes assegurou a firmeza, mas não as sufocou. Elas se conheciam um pouco, mas agora essa nova atitude da loira perante Vitória não lhe lembrava em nada as suas memórias. Ela estava relaxada.

Marcella foi a primeira a quebrar o silêncio depois de limpar a garganta.

-­ Se você não se importar, eu gostaria de tirar algumas fotografias apenas para teste.

-­ É claro. -­ Vitória virou­-se e tentou caminhar, mas o vestido fez dessa uma tarefa difícil de ser realizada.

-­ Eu esperava que um vestido elegante desses me fizesse parecer sofisticada e não uma palhaça tentando andar.

Marcella abriu um sorriso largo mostrando as covinhas antes de oferecer a mão para Vitória ter equilíbrio para poder subir os degraus que faziam parte do cenário montado. O shoot era em um cenário branco pouco iluminado, dando a impressão de uma noite.

Ela aceitou a mão de Marcella impulsivamente e foi atingida com a súbita percepção de que ela não tinha entrado contato físico com a diretora desde "aquela noite".

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