Capítulo VIII - Park Jimin

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Sabemos que é comum ouvir de uma rodinha de adultos suas doces memórias da infância, e como desejam tão profundamente o poder de voltar ao passado e reviver seus momentos de criança. É raro você ouvir alguém que diga que não gostaria de voltar a ser criança, afinal, crianças não tem problemas para se preocupar, crianças não tem filhos para cuidar, crianças não tem família para sustentar, crianças não tem contas para pagar... Infância é realmente algo memorável, e ela foi algo bem memorável para mim também, mas infelizmente, não por boas razoes.

Nas palavras de meu pai, eu nasci em uma noite chuvosa, uma tempestade forte que derrubou muitas árvores e postes, deixando vários bairros sem luz, tudo isso contribuiu para que as ruas ficassem congestionadas. Em quilômetros de carros empacados nas avenidas, dentro de um deles, estava minha mãe, que gritava por conta das contrações e meu pai, que dirigia desesperado e buzinava como louco. Minha mãe já estava em trabalho de parto quando chegamos a maternidade, esse foi um dos motivos que fez meu nascimento ser ainda mais complexo. Mas enfim, depois de algumas horas, eu vim ao mundo, mas eu não estava bem, por isso passei quase um mês naquele hospital, indo para minha casa já com um mês de vida.

Meus pais me contaram que eu era um bebê quieto, não era de chorar muito e me acostumei rápido a dormir no meu berço. Minha vida pareceu normal nos meus primeiros dois anos, até que as coisas mudaram em meu aniversário de 3 anos.

Naquele dia de celebração e festa, ninguém entendeu meus motivos para chorar tão desesperadamente quando trouxeram meu bolo. Os convidados me olharam como se eu fosse apenas mais uma criança mimada, malcriada pelos pais. Meus pais devem ter achado que eu não tinha gostado de algo no bolo. Bem, quem quer que estivesse naquela sala não entenderia meus reais motivos. Aquela criança de 3 anos não era mimada nem estava chateada, ela estava amedrontada com a figura de pele necrosada e roupas maltrapilhas que ela avistara sorrindo, mas que chorava lágrimas de sangue. Esse foi o real motivo para meu descontrolado choro. Aquela foi a minha primeira visão, e desde então, minha vida tomou um rumo que eu não desejaria para o meu pior inimigo.

Passaram-se dias e eu já havia esquecido daquele ocorrido macabro, foi quando veio minha segunda visão. Eu estava no parque, brincando no playground com outros da minha idade, quando uma mulher de roupas brancas apareceu, ela me encarava de maneira estranha, e eu me sentia mal ao sentir seus olhos negros sobre mim, eu sai de perto das outras crianças e fui até meus pais, pedi para voltar para casa, eu torcia para que aquela mulher apenas ficasse ali parada enquanto fossemos embora. Obviamente não foi o que aconteceu. Naquele mesmo dia, eu estava em meu quarto, enquanto mamãe cantava uma de suas lindas canções de ninar, meus olhos se tornaram pesados, e eu passei a fechar os mesmos com mais frequência, estava sonolento. Abri os olhos para ver o rosto de minha mãe antes de me entregar ao sono, então percebi que aquela mulher estava ali, sentada ao lado da minha mãe, e me encarava da mesma forma que encarara no parque. Foi a primeira vez que eu disse para a mamãe o que eu estava vendo, ainda lembro a cara confusa que ela fez para mim quando me ouviu falar que eu podia ver uma mulher sentada em minha cama. As coisas só pioraram a partir daí.

Com o passar dos anos, as visões foram se tornando mais frequentes, até chegar ao ponto de que eu via essas assombrações até em sonhos. Eu, agora com 7 anos, já tinha avistado cenas tão macabras, assassinatos a sangue frio, suicídios perturbadores, faces demoníacas.... Eu já não dormia mais. As madrugadas silenciosas eram preenchidas pelos meus gritos agonizantes e nos olhos dos meus pais não se via mais esperança.

Então chegaram meus 8 anos.

FLASHBACK ON:

— Não se preocupe Sr. e Sra. Min, cuidaremos bem de seu filho. — Disse o homem de roupas brancas para meus pais.

Peculiares | JiKookWhere stories live. Discover now