Regras

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Camila acordou no fim da tarde com o ruído de uma freada brusca no estacionamento debaixo da janela. Reinava a escuridão, e, por um momento, desorientada, ela não sabia onde estava. Uma respiração suave perto de sua cabeça a trouxe de volta à realidade.

Lauren parecia dormir tranquilamente, e o calor da febre não se irradiava mais de seu corpo relaxado. Prendendo o fôlego, Camila se libertou do peso do braço sobre a cintura e da perna que ele apoiara sobre a sua. Lauren resmungou algo, mas continuou dormindo. Suspirando aliviada, Camila saiu do quarto em silêncio.

Embora a saia e a blusa tivessem mesmo uma aparência horrível, uma chuveirada reanimou Camila. Ela vestiu uma camiseta vermelha e jeans e calçou confortáveis sapatos. Deixando a pele respirar sem maquilagem, escovou os cabelos com vigor, os jogou para trás e deixou seu quarto em busca de algo para comer.

Quando preparava uma sopa gostosa, Lauren entrou inesperadamente, a assustando, e ela quase cortou o dedo.

— Você também está usando calça de homem! — Lauren exclamou num tom sonolento.

Largando a faca sobre a pia, Camila se virou para confortá-la.

— Que susto! Quase cortei meu dedo!

— Camz, você também está usando calça de homem. — Lauren repetiu, como se a roupa fosse mais importante que ela.

Camila olhou para o teto e respirou fundo.

— Não me diga! — ela fingiu admiração.

Ergueu o olhar para fitá-l, e sentiu um arrepio diante dela, que acabara de tomar banho, e ainda estava com o cabelo úmido enrolado e sobre o colarinho da camisa. A pele do rosto apresentava o brilho de saúde. Por coincidência, ela também vestia jeans, com uma camisa xadrez.

Camila então se forçou a manter uma conversa muito natural.

— Estamos no século XXI, Lauren. As mulheres usam calças assim o tempo todo...

Camila se sentia embaraçada, pois sabia que Lauren a examinava da cabeça aos pés e olhava fixamente para os seios dela.

— Você fica bem de vermelho. — A voz dela estava rouca, sensual, sugerindo o que ela pensava.

As pernas de Camila tremiam e pareciam prestes a ceder sob o peso do corpo.

— Ah... obrigada. — Camila tentou reagir.

Lauren avançou na direção dela, e parou de repente, virando o rosto com expressão alerta quando o telefone tocou.

— Deve ser o tal Shawn outra vez. — resmungou.

Camila esperava que ela estivesse enganada. Não queria falar com Shawn, não depois da discussão que ele começara durante a ligação anterior. Insistira em ir vê-la, e ela tivera grande dificuldade em convencê-lo de que estava ocupada demais para uma visita. O confronto era iminente, e Camila sabia disso. Mas também não queria que acontecesse naquele momento. Felizmente não era Shawn, mas Normani Kordei.

— Olá, Normani. — ela murmurou com um suspiro de alívio. — Tem alguma novidade para mim?

— Pouca coisa. A tal mulher agora misteriosa não é procurada em lugar algum. Aliás, a única informação do Fort Worth e Washington é sobre uma tal Lauren Jauregui, registrada como delegada federal; mas o registro é de 1918, ano em que a tal delegada desapareceu, supostamente morta em Montana por um criminoso a quem perseguia. — Normani soou desconcertada. — essa tal Lauren Jauregui que apareceu por aqui pode ou não ser descendente da delegada. Não há nada em nome dela, nem número de seguro social, ficha policial, nada, zero. Ela nem existe oficialmente.

Viajante - Camren GpTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang