Capítulo Dezenove

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Um segundo de paz

Gabriel não estava satisfeito com o resultado da audiência, queria que de algum modo os Viocuns fossem prejudicados principalmente agora que nutria um sentimento de ódio por eles depois de ouvi-los e por Davina ter se ajuntado a eles. Manteve-se em um esconderijo que apenas Tiago sabia da existência, lá se preparara para usar o encantamento que era bem mais difícil do que imaginou em uma língua morta a eras. Enquanto encarava o livro murmurando tais palavras, mesmo com um desconforto no peito que não sabia de onde vinha, recebeu uma ligação, rapidamente atendeu, era Adie.
Seu atraso em aprender esse encantamento está se tornando um perigo menino, mas não é sobre isso que liguei. Lorenzo Viocum ainda pode ser um inimigo em potencial, não para mim no senado, para você e para os seus amigos, aproveite que supostamente está preso e de um jeito nele, sem falhas dessa vez. Ele desligou antes que Gabriel pudesse responder qualquer coisa como sempre fazia, mas diferente das outras vezes o rapaz abriu um largo sorriso por ser aquilo que ele mais desejava. Partiu ao entardecer.
À noite estava clara e as pessoas caminhavam nas ruas, e o menino entrou em um bar bem movimentado e freqüentado por pessoas perigosas de índole duvidosa, Gabriel não estava muito abaixo deles, mas lá fora para encontrar alguém que seria crucial em seu próximo plano.
Lá estava ele Walter Volar, pai de Davina em uma mesa com muitas mulheres e seus companheiros de serviço ele ficou grande parte da noite e Gabriel aguardou pacientemente o momento certo para abordá-lo, enfim à hora chegou quando ficou sozinho na mesa e o menino se sentou recebendo um olhar furioso do homem.
—Lembra-se de mim?
Ele demorou um pouco para reconhecer.
Sim, amigo de Davina não é? O que quer? Esse lugar não é para crianças!
Eu sei. Mas estou preocupado com Davina, sabe que somos amigos há muito tempo!
—O que ela está fazendo agora? Perguntou o homem que fumava um charuto.
Ela não fez nada, mas está andando com pessoas que ruins. Ele estava sendo bem claro, não tinha tempo de enrolar, aquele lugar, os humanos lhe davam nojo.
—Como assim?
—Lembra do suposto assalto que Davina sofreu?
—Sim, lembro! Ele encheu um copo de bebida para Gabriel que para agradar segurou.
Um assalto bem estanho, o ladrão não levou nada! Mas eu estou aqui para contar a verdade. Ele olhou para os lados e se aproximou mais de Walter. —Ela não quer que eu te conte, mas naquela noite ela queria terminar um relacionamento com um menino que não aceitou bem e tentou... Você sabe a força e quando não conseguiu espancou ela até deixá-la naquele estado. Ela é uma tola apaixonada, ele levou flores e ela voltou para ele. Não consigo dormir a noite sabendo disso, sem poder fazer algo! Contou ele em um discurso comovente.
—Esta dizendo que ela apanhou de um homem e voltou para ele? Perguntou com uma surpresa como se o enredo mencionado não fosse conhecido por ele em seu próprio exemplo.
—Sim!
—Quem é este menino? Eu vou dar um jeito nele! Ele falou com ódio no olhar que despertou um sorriso de canto em Gabriel que disfarçou tomando a bebida fingindo buscar forças para falar, mas não precisou, ele se recordou de quem levou flores a sua filha hospitalizada.
—Liam Viocum! Completou.
Manipulou a verdade em seu favor e estava gostando do efeito.
—Esse menino vai morrer! O homem se levantou.
—Não, isso é pouco para ele. Ele atacou alguém da sua família! Faça o mesmo para sentir a mesma dor.
Ambos tinham mais em comum do que achavam e de certa forma Gabriel gostou de ver o sol nascer tramando a destruição de seus inimigos, os narcóticos que ele usou naquela noite não o surpreendeu muito então ele compartilhou suas próprias ervas que levaram muitos a loucura. Saíram de lá com muito além de dores de cabeças e enjôos.
Tiago assumiu naqueles dias a liderança do grupo e tentava recrutar o maior numero de jovens para que quando o senado caísse uma nova ordem consistente assumisse. O governo já entrava em uma crise diplomática preocupante.
Ítalo ajudava Kaila nos preparativos para o encantamento a menina e seu belo sorriso era motivo do menino ficar, protegê-la, prometeu a si mesmo que jamais deixaria Gabriel encostá-la outra vez. Estavam juntos todos os dias após a audiência, já haviam escolhido o encantamento de defesa e agora estudavam um de disfarce. O encantamento seria realizado na orla da cidade em uma caverna na beira de uma montanha perto de um rio que vinha do mar.
—Precisamos de um encantamento que não possa ser sentido, caso isso ocorra nossos planos vão por água abaixo! Falou Kaila com grande livro sobre a mesa do escritório, o menino observava as gravuras do livro e o folheava.
Seria bom algo que pudesse ser realizado na hora sem muito preparo. Algo que partisse de nós, assim apenas nossa própria força emanaria. Como se cada um fizesse um escudo e conectasse um no outro! Idealizou o menino ainda folhando.
—Exatamente. Gabriel disse que vai demorar o encantamento, então...
Ela sorrir para ele de uma maneira que única que enchia o peito do rapaz de alegria e fazia borboletas voarem em seu estomago que o levaram um impulso, então a beijou rapidamente e se afastou pasmo com o que fez.
Kaila sorriu de lado e apontou no livro o encantamento que precisavam.
—Precisamos dominar para ensinar aos outros. Ela lia os dizeres do encantamento como se nada tivesse ocorrido, o menino não entendeu e preferiu assim e começou a interpretar o encantamento de proteção. Tiago entra na sala, recém chegado e um pouco cansado caminha para uma mesa de bebidas se servindo.
—Quer trocar de gêmeo? Perguntou ele goleando a bebida forte sem gelo.
—Não. Ela riu olhando Tiago bem nervoso.
—Um Gabriel na minha vide eu agüento, dois não! Exclamou bem alto.
—O que ele fez de tão horrível? Perguntou ela se sentando.
Ele é agressivo e quer conquistar as pessoas pelo medo, bateu, xingou e humilhou muito de nossos novos seguidores...
Ícaro entra na sala ainda a tempo de ouvir a queixa, se joga no sofá com um sorriso satisfatório.
—Fiz o que precisava ser feito. Não me arrependo!
—Não adianta fazer seguidores do medo, isso não gera lealdade! Vociferou ele.
—Está com medo de ser substituído por mim, já que mostrei que sou mais eficiente!
—Eficiente? Questionou se aproximando.
—Me dê uma bebida, e aprenda a me servir, isso acontecera cedo ou tarde! Falou também se colocando de pé e Tiago com o copo de bebida joga na cara dele fazendo Kaila gargalhar e depois se conter ao ver a expressão de Ítalo.
—Rapazes... Pediu ela.
As portas se abrem e Gabriel entra com bastante dor de cabeça, não surpreendendo tanto assim o grupo sabiam que era questão de tempo para sair da cadeia, mal sabiam que nem chegou lá.
—O que está acontecendo? Perguntou o menino jogando seu casado em cima de um dos sofás.
—Alguém aqui não está sabendo o seu lugar! Falou Tiago.
—Pessoas estão com medo de serem superadas, mas é isso que acontece com quem não tem potencial para o futuro. Respondeu Ícaro.
Gabriel olha para Kaila esperando uma explicação.
—Eles estão brigando para ver quem é o macho alfa.
Ele balança a cabeça olhando para o menino molhado.
—Por que está molhado?
—Ele me pediu uma bebida, eu dei! Falou Tiago.
—Quero falar a sós com Tigao e Kaila. Pediu Gabriel não dando muita importância.
Ítalo pega o livro e segue o caminho da saída, enquanto seu irmão fica parado.
—Não quero briga entre vocês dois. Adicionou Gabriel olhando para o menino. —Ele é praticamente meu irmão, eu não brigo com seu irmão então não brigue com o meu! O que ele disser é o que eu diria. Olhou para Tiago. —Na maioria das vezes. Sentou-se em um dos sofás.
Ele não responde apenas se retira canalizando seu ódio em passos largos.
—Tiago se der ao respeito. E me dê uma bebida!
—Não. Aposto que passou a noite toda bebendo!
Estava colocando outro plano em ação! Ele sorriu e se levantou para pegar uma bebida e no meio do caminho sentiu uma dor e caiu ao chão, os amigos correm ao socorro. Ele começa a gritar de dor, e a tentar retirar sua camisa, eles não entendem e ajudam a retirar e um pouco abaixo de seu diafragma sua pele estava ficando cinza, Kaila arriscou tocar e era duro como pedra.
—Ítalo! Gritou ela desesperada e o menino rompeu os portais segundo depois correndo para o homem no chão.
—Ajude ele. Gritou ela e ele pediu para que o segurassem, pois se contorcia muito.
Ele assoprou nas mãos e as esfregou e uma fumaça verde começou a surgir e ele ministrou sobre o corpo de Gabriel que foi se acalmando até desmaiar, estava do tamanho de uma palma a petrificação.
—O que é isso? Perguntou Tiago para ele.
—Não sei. Parece um tipo de encantamento, maldição, não sei ao certo! Explicou nervoso. –Mas isso precisa de cuidados. Vou ligar para meu pai! Ele saiu correndo enquanto os dois carregavam Gabriel para cama.
Com o pai na linha, narrava a situação bem detalhadamente e o pai lhe confirmou ser de fato uma maldição se instalou no corpo do menino e a dúvida que paira no ar de como aquilo foi acontecer. Fez com que Kaila e Tiago desconfiassem de todos a sua volta, Ítalo mandou que seu irmão preparasse uma poção o menino saiu de imediato pegando o celular do irmão para seguir as recomendações de seu pai.
Ele disse que essa poção pode retardar, mas que o dano é inevitável e somente um especialista pode ajudar com eficácia suficiente para salvar a vida dele, caso o contrario se transformar em pedra por completo.
—Quem é especialista em maldiçoes? Perguntou Kaila.
— Que eu saiba os Viocuns! Respondeu Ítalo.
A decepção foi notória em todos os rostos, Ícaro retorna com a poção e derrama sobre a parte petrificada que volta a se mexer como se fosse pele, mas ainda com aspecto de pedra. Segundos depois o menino desperta. Tiago então contou tudo que sabiam.
— Acho que sei quando isso aconteceu, na batalha com Lorenzo, ele transformou minha armadura em pedra, eu pensei que tinha me livrado, mas pelo que parece não. Ítalo enfaixava a região afetada.
—Mas por que depois de tanto tempo? Será que eles ativaram ou coisa do tipo? Indagou a menina que aguardava a resposta de Ítalo que gaguejou um pouco:
—Não entendo de maldiçoes, mas suas grandes reversas de magia podem ter ajudado a retardar o efeito, a bebida também pode ter tido uma participação já que altera nossa magia. Não sei, precisamos de um especialista na área. 
—Se não temos tempo, os Viocuns são os únicos que conhecemos. Tiago soca a parede com raiva. 

TABULEIRO VERMELHOOnde histórias criam vida. Descubra agora